O PASSO

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Eu sou Jenny Willians, tenho 15 anos e vivo em Austin, no Texas, em uma rua solitária, porém bem localizada.

Minha casa é consideravelmente grande. Existe uma porta que interliga o corredor dos quartos do resto da casa. O corredor dos quartos possui o chão amadeirado, já o resto da casa tem o chão trabalhado em mármore.

Enquanto havia sol do lado de fora da casa, eu e minha família vivíamos nossa rotina corrida normalmente, como qualquer outra família.

Mas quando a luz do sol desaparecia, e começávamos a depender da luz elétrica, os problemas começaram a surgir.

Minha mãe bebia até não aguentar mais, e logo depois, dormia no sofá, enquanto eu, minha irmã e meu pai dormimos em nossas camas.

Eu tinha problemas para dormir, ficava até tarde encarando o teto do meu quarto e notando que havia partes mais escuras que outras.

Teve um dia que surgiu um som diferente e estranho. Ele se assemelhava a um passo.

No início eu não liguei muito, imaginei que fosse minha mãe perambulando pela casa durante a noite. Eu só comecei a me preocupar de verdade quando ela parou de beber e voltou a dormir em sua cama.

O barulho continuou. Comecei a prestar mais atenção nesse barulho. Era um som meio seco, oque fazia parecer que era a parte da casa com assoalho de mármore. Também notei que toda noite era um passo. Apenas um.

Eu ficava acordada até mais ou menos os galos da vizinha começarem a cantar, pouco depois eu conseguia cair no sono.

Até ai não estava tão ruim, não comparado com os futuros acontecimentos.

Em uma noite qualquer, um barulho um tanto alto ressoou pela casa, meus pais levantaram as pressas e foram até essa porta que da qual dividia a casa e que geralmente permanecia trancada durante a noite.

Quando eles chegaram lá, a porta continuava fechada, mas, ela não estava mais trancada e a chave estava largada no chão do corredor. Naquela noite, meus pais não conseguiram dormir. Nem eu.

A partir daquela noite, foi tudo ralo abaixo. Quando me dei conta, eu dormia apenas 2 horas por dia. E os barulhos continuavam, mas desta vez o piso estralava. O som vinha do corredor.

Foram noites em claro, eu ficava ansiosa e não conseguia dormir, com medo que algo acontecesse, e os sons, ficavam cada vez mais altos e próximos. Um passo por noite.

Eu tentei contar para meus amigos oque estava a acontecer, mas eles disseram que era coisa da minha cabeça.

Na noite seguinte, não houve nenhum barulho sequer. Cheguei até a acreditar no que eles disseram. Talvez fosse apenas minha imaginação.

Comecei a sentir um peso sobre mim, imaginei que fosse a Abbie, minha cachorrinha, que possivelmente poderia ter sido esquecida dentro de casa naquela noite.

Quando abri os olhos, ao invés de Abbie, havia uma versão magrela e pálida de mim sentada sobre meu corpo.

Esta foi a última coisa que vi.

Quando contei essa história para o doutor, alegando que foi assim que perdi minha visão, ele negou, e com uma voz meio rouca me afirmou que fui eu mesma que perfurei meus próprios olhos.


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Contos da Madrugada - DoditinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora