Eu me chamo Zeke, moro no interior e hoje estou completando 14 anos.Como moro em uma cidade pequena, todo mundo se conhece, então estou o dia inteiro recebendo parabéns por todos os lugares que passo.
Essa minha cidade é composta por alguns poucos comércios e moradias. Basicamente tem um mercadinho, um posto de gasolina caindo aos pedaços, um pequeno hospital em uma situação pouco precária, uma escola estadual que nem nos sonhos tem ensino médio, uma igreja Católica e logo ao lado um grande cemitério da qual estava quase abandonado.
Como era uma cidade pequena no interior, a maior porcentagem da população era da terceira idade e com pouco acesso a informações. Realmente era uma cidade em uma situação precária.
Eles acreditavam em qualquer coisa, e isso era totalmente normal e compreensível, desde uma fofoca de que o padre está dando uns pegas na moça da cantina, até de que o cemitério é amaldiçoado e de que as pessoas viam os mortos vagando pelas ruas.
Óbvio que eu não acreditava nessas baboseiras, mas essas histórias se espalham muito rápido e todos acreditavam ingenuamente.
Na época que começaram com esses boatos eu tinha 11 anos e morria de medo de passar perto daquele lugar.
Hoje eu tenho consciência de que nada disso existe e foi apenas uma história contada por desocupados com a mente extremamente fértil.
Todo mundo naquela cidade demonstrava um certo orgulho por mim por conta de querer fazer faculdade e tirar boas notas.
Eu estava fazendo o mínimo né, não queria acabar como a maioria das pessoas de lá, presas na cidade limpando bosta de cavalo.
Por conta dessa minha fama de nerdola, muitas pessoas me conheciam e me adoravam, mas isso são geralmente os idosos, até porque essa fama ferrou com minha reputação.
Nenhuma garota queria nada comigo e os garotos não paravam de ficar implicando. Principalmente Robert.
Robert era muito conhecido como um garanhão valentão. Ok, ele realmente era bonito, mas também era um filho da puta e burro.
Ele era lerdo, não terminou o ensino fundamental e conseguia tudo que queria na base da força.
Como eu não tinha nada a oferecer para Robert, presumo que ele me batia por inveja. Pode me chamar de egocêntrico mas eu realmente me considero melhor que ele.
Nessa tarde não foi diferente dos outros dias. Eu estava andando na calçada quando esse garoto insuportável apareceu na minha vista.
Ele simplesmente começou a andar do meu lado e tagarelar sobre uma tal de "Gabriela", eu não dei muita bola.
Não que eu realmente tenha ignorado. Chamei ele de zoei ele de alguns apelidos da qual ele realmente desprezava e acelerei o passo.
Aparentemente ele não gostou muito do apelido, mas eu não sei oque aconteceu depois, só sei que levei um soco na nuca, já que estava doendo horrores quando acordei dentro do cemitério.
Sim, aquele filho da puta me jogou dentro do cemitério.
Não perdi tempo olhando em volta. Apenas pulei o muro e fui para casa.
No caminho avistei um senhor com claramente dificuldade para andar, considerei a ideia de ajudá-lo mas minha mãe estava me esperando em casa.
Aquela rua do cemitério era o caminho que eu fazia todas as manhãs para a escola, já que ninguém ia por lá. Era um bom silêncio.
Toda manhã que eu passava por lá, havia uma pessoa, sempre diferente, andando por lá. Não parecia ninguém que eu já tinha visto antes, então eu apenas ignorava e considerava a ideia de que era algum visitante vindo conhecer o "cemitério amaldiçoado".
Teve uma tarde que eu estava sentado no sofá lendo um gibi, quando minha mãe entrou chorando e falando que o tio Paulo havia falecido.
Paulo não era meu tio, mas eu gostava de o chamar ele assim.
Tio Paulo faleceu de ataque cardíaco na tarde de sexta. Quase toda a cidade foi em seu velório.
Devo admitir que fiquei mal por isso, ele era um cara legal.
Segunda-feira fui para a escola normalmente percorrendo o mesmo caminho de sempre, da qual tinha novamente uma pessoa caminhando, mas desta vez não me era estranha.
Me aproximei mais, foi aí que me dei de cara com Tio Paulo, andando pelas ruas da cidade.
Naquele momento eu não acreditei, então deixei de lado o horário da escola e fui correndo para o cemitério ver o túmulo de Paulo.
Quando cheguei lá, fiquei pálido e com o coração a mil. Além da cova de Paulo estar vazias todas as outras estavam também.
Ninguém soube o porque eu nunca mais passei perto daquele lugar.
Pelo visto me tornei mais um dos loucos que sempre julguei.
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Contos da Madrugada - Doditinha
HorrorGênero: Terror Restrição de idade: 12 (conteúdos delicados) Cada capitulo você encontrara uma nova historia de terror que escrevi durante a madrugada. Insta: @doditinha TikTok: @doditinha