Draco perdeu o jantar na noite seguinte por acidente. Ele foi pego corrigindo os trabalhos do sexto ano na biblioteca e, antes que percebesse, o céu escureceu e já era tarde. Draco suspirou e se levantou, esticou as costas e juntou os pergaminhos restantes em sua bolsa. Ele teria que retomar seu trabalho na sala comunal, onde poderia tirar as vestes e puxar uma das poltronas estofadas até a mesa e terminar com relativo conforto. Ele adquiriu o hábito de trabalhar até altas horas da noite na área comum fora dos alojamentos dos professores. Os outros raramente passavam algum tempo lá, exceto Potter, que ocasionalmente a usava para tirar uma soneca ou olhar para o abismo. Era mais privada que a biblioteca, e Draco normalmente conseguia trabalhar sem interrupção.
Os alojamentos dos funcionários da Ala Leste eram alguns dos melhores do castelo, com quartos de tamanho generoso, janelas grandes com recantos para leitura e luz solar matinal intensa. É claro que, como todas as coisas boas na vida de Draco, havia um porém, pois o retrato que guardava a entrada era um grande idiota. Ele era um homem corpulento em um terno de safári bronzeado, com um enorme bigode em forma de guidão e um chapéu colocado em um ângulo alegre. A seus pés, havia um tapete de pele de urso com a cabeça ainda presa e a boca aberta para exibir fileiras de dentes ferozes. Havia rumores de que ele tinha ido parar ali porque não era confiável perto dos alunos, o que era plausível, pois ele sempre tinha algo desagradável a dizer e era extraordinariamente capaz de identificar exatamente a última coisa que uma pessoa queria ouvir. Além disso, suas senhas eram totalmente infantis.
— Você está magro, meu bom homem, com as guelras cinzentas — repreendeu o retrato. — Parecendo bem além do seu auge, com aquelas olheiras.
— Oh, cale a boca — Draco resmungou de volta.
— Você deveria considerar uma boa noite de descanso. Acho que um bom copo de conhaque me ajuda a relaxar. Isso e uma boa e vigorosa punheta.
— Ugh, que pesadelo — Draco disse com uma careta. — Pau manchado.
— Não era da última vez que verifiquei — disse ele, dando um tapinha nas calças. — Ah, a senha! É claro, é claro.
— Maldito pervertido — Draco murmurou para si mesmo enquanto passava pela abertura para a sala comunal.
Potter estava lendo na poltrona ao lado da lareira, um lugar que ele costumava ocupar depois do jantar. Draco suspirou. Ele esperava uma noite sem Potter, pois tinha trabalho para terminar e Potter sempre o distraía, mesmo que tudo o que ele fizesse fosse sentar lá e ler.
— Ei — disse Potter, levantando os olhos de seu livro: um livro misterioso de assassinato trouxa com bordas desgastadas, lombada quebrada e letras vermelhas em relevo na capa.
Draco bufou e afundou na poltrona oposta. Um prato de comida estava na mesa lateral, fervendo em uma bolha de feitiço Stasis. Draco revirou os olhos.
— O quê, você está guardando dois jantares agora, Potter?
Potter bufou e fechou o livro, deixando-o cair no chão ao lado da cadeira.
— É para você, seu idiota.
Draco franziu a testa.
— Você pegou o jantar para mim?
— Sim — Potter disse. — Você perdeu. De novo.
— Sim, bem. Eu me empolguei. — Draco limpou a garganta, olhando o prato com cautela. Potter nunca havia pegado o jantar para ele antes.
— Caramba, eu não sei como você faz isso. Mal consigo ler três redações antes de estar pronto para incendiar todas elas. Maldita bagunça. Éramos tão ruins quando éramos estudantes?
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Finely Drawn Lines | Drarry
FanficDraco não se considera um artista (embora as dezenas de cadernos de desenho em suas prateleiras possam sugerir algo diferente). No entanto, desde que Potter retornou a Hogwarts, aceitando um cargo de professor ao lado de Draco, seus desenhos assumir...