Capítulo 5

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Draco transformou evitar Harry Potter em uma forma de arte. Ele continuou a participar das refeições no Salão Principal, embora fizesse questão de chegar antes ou depois que Potter estivesse sentado e conversando para evitar qualquer interação desnecessária. Quando a comunicação era inevitável, Draco permanecia educado e razoavelmente amigável. Potter respondia com olhares de confusão no início, que depois se tornavam frios e, ocasionalmente, eram aparados com uma carranca.

Draco tentou recuperar a compostura, mas foi muito mais difícil do que ele esperava. Agora que ele sentiu o gosto do lugar onde o pulso de Potter batia em sua garganta, Draco se viu em constante estado de distração. Às vezes, ele se pegava olhando para as costas de Potter, imaginando as linhas pretas de sua tatuagem por baixo das vestes. Outras vezes, os dedos de Draco giravam no ar quando Potter passava a mão pelo cabelo bagunçado, desejando sentir os cachos grossos em seu punho.

Foi mais difícil do que nunca manter a paixão de Draco devidamente algemada atrás de portas trancadas. Porque não importa o quanto ele tentasse, ela conseguia escapar, como fumaça pelo buraco de uma fechadura. Draco lutou desesperadamente para se concentrar em alguma coisa, qualquer coisa menos em Potter.

Draco não desenhou por duas semanas inteiras. Ele foi incapaz de reunir o desejo de esboçar qualquer coisa que não fosse Potter, e depois de quebrar seis de seus lápis caros em frustração, Draco guardou completamente seu caderno de desenho. E quando Potter perguntou sobre isso durante o café da manhã, Draco disse-lhe para gentilmente cuidar da própria vida.

Draco esperava que as coisas entre ele e Potter voltassem ao normal rapidamente. Ele folheava os jornais pela manhã, esperando que Potter aparecesse ao lado de algum artilheiro de 22 anos ou de um vocalista de uma banda de rock. Mas ele não apareceu. Para desgosto de Draco, Potter começou a passar os fins de semana espreitando pelo castelo. Ele assistia os Grifinórios praticarem Quadribol duas vezes por semana, frequentava a biblioteca ou se acomodava na cadeira ao lado da lareira na sala comunal, com um livro ou uma pilha de redações de alunos no colo e a ponta da pena entre os lábios.

E ele observava Draco. Descaradamente.

Draco podia sentir o calor do olhar de Potter em sua pele ou na nuca. Era tão perturbador que Draco pensou que poderia quebrar em dois como um de seus lápis se a tensão aumentasse ainda mais.

Em um esforço para evitar Potter completamente, Draco passava cada vez mais tempo trancado em seu quarto, enterrado sob uma montanha de papéis. Ele começou a fazer suas correções na cama, de calça e roupão, óculos na ponta do nariz e chá esfriando na mesa de cabeceira.

Ele estava na metade do terceiro ano, a redação honestamente desastrosa de Claudia Carmichael, quando ouviu uma batida confiante em sua porta.

Draco franziu a testa e colocou os óculos de leitura no cabelo enquanto lançava um Tempus. Eram quase dez horas, tarde demais para que algum de seus colegas viesse chamar. Ele deixou a pena de lado com cuidado, para não sujar as folhas de mil fios com tinta, e apertou mais o roupão sobre o peito antes de ir até a porta.

Assim que a porta se abriu, o coração de Draco caiu no chão.

— Potter.

— Oi — Potter disse com um sorriso brilhante. — Posso entrar?

Potter usava nada mais do que um par de calças cinza e uma camiseta branca fina. Até seus pés estavam descalços. Draco teve a nítida impressão de que Potter tinha vindo diretamente de seu quarto, se o cabelo desgrenhado e a expressão suave e sonolenta servissem de indicação.

Draco parou na frente de Potter, bloqueando a porta com seu corpo, e colocou uma mão em cada lado do batente da porta.

— Estou bastante ocupado.

Finely Drawn Lines | DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora