dois.

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Era para ser uma manhã de sexta-feira comum para Park Jong Seong. Onde estava dispensado do trabalho por aquele dia inteiro e poderia dormir até mais tarde, enterrado em seus macios e confortáveis cobertores de algodão perfumados com lavanda.

Só que não era uma sexta-feira comum.

Para a infelicidade do alegre americano, logo às cinco e meia da madrugada ele é despertado brutalmente pelo toque infame de seu celular com uma ligação do seu chefe/sócio pedindo para comparecer urgentemente à confeitaria onde trabalhavam.

Pelo tom de voz do amigo ao telefone, Jay, percebeu que algo sério estava acontecendo, mesmo que o outro não tenha dignado a dar mais detalhes sobre o que estava se passando. A princípio imaginou ser alguma espécie de pegadinha vinda de seu colega de trabalho, fazendo-o acordar cedo num dia de folga, porém logo descartou a ideia, Sunghoon não era o tipo que faria algo desse gênero, o pobre garoto mal sabia contar uma piada digna.

Meio a contragosto e movido pela mais pura curiosidade, o rapaz americano de cabelos oxigenados (mais dormindo que acordado), veste uma roupa um pouco mais apresentável e sai de casa em direção à pequena confeitaria Park's SweetCakes. Mesmo que por duas vezes no caminho sob a fina garoa matinal e o frio que penetrava a alma, ele tinha pensado em retornar para sua cama quentinha, não se arrependeu de atender ao estranho pedido de Sunghoon quando o encontrou sentado numa das mesas da confeitaria em uma pose derrotada e um pedaço de papel em mãos.

— Sunghoon? Está tudo bem? — Questionou preocupado, recebendo como resposta um olhar vazio do chefe que lhe estendeu a pequena folha de papel e murmurou:

— Leia em voz alta, por favor. — Sua voz estava tão quebrada que se surpreendeu por ter saído algum som de sua boca quando pronunciou aquelas palavras.

— O que é isso?

— Apenas leia. — Sentenciou.

— Tudo bem. — Respirou fundo e prometeu a si mesmo estrangular Sunghoon caso aquilo fosse uma pegadinha de mal gosto e ele estivesse atuando — "Por favor, espero que um dia me perdoe por invadir sua loja dessa maneira..." Espera, fomos invadidos? Quanto levaram?

— Você ainda não terminou de ler.

— Sunghoon, temos que chamar a polícia!

— Termine, Jay — Ordenou por fim com um soluço cortando a frase... estava chorando? Sunghoon nunca chorava, geralmente era o oposto, sempre irradiava uma felicidade extrema e revigorante, agora Jay estava realmente preocupado.

— Hoonie, eu... — Jong Seong provavelmente iria dizer ao amigo o quanto aquela situação parecia surreal ou algo parecido, mas se calou o mais sensato seria fazer o que havia lhe pedido e depois convencê-lo a ligar para a polícia. — Ok. "Eu juro que não sou esse tipo de pessoa, não faz ideia de como eu me sinto um rato agindo de maneira tão repugnante, mas eu estava desesperado e quando me vi, já havia aberto a porta. Eu lhe garanto que não toquei em nenhum centavo do caixa e prometo pagar todo o prejuízo que lhe causei."

Ao, por fim, terminar sua leitura, Jay estava tão estático quanto Sunghoon estivera quando chegara na loja de doces. Não ousava sequer piscar os olhos.

— O que ele roubou? — Perguntou num sussurro quase inaudível, como se o momento não permitisse mais que isso.

— Uma fatia de bolo. — Apontou para um pequeno pires em cima do balcão e um arrepio fez seu caminho pela espinha do americano, fazendo suas bochechas rosadas perder a cor.

— Como é? — Ainda não acreditava no que havia escutado.

— Jay, neste instante, lá fora existe alguém tão faminto e angustiado a ponto de invadir uma confeitaria apenas por um pedaço de bolo e pedir perdão por isso... — Lágrimas grossas escorriam em quantidade pelo rosto de ambos os sócios enquanto falava. — Como eu poderia chamar a polícia para alguém assim?

— O que iremos fazer? — Jay perguntou se sentando ao lado de Sunghoon encarando o vazio.

— Vamos encontrá-lo.

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