Capítulo 2 - Quiet

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As semanas passavam e as sensações diminuíam, até o ponto em que a jovem estava entorpecida da cabeça aos pés, nem mesmo a dor causada pelas patas cruéis de Clarisse a incomodava mais. Suas lágrimas, isso quando vinham, eram um reflexo, já não carregavam mais significado ou pesar. 

Todos sabem que as famílias reais são diferentes, mas não imaginam o quão parecidas podem ser às famílias da plebe. Vamos trabalhar com um exemplo, sim? Digamos que uma família está reunida diante da televisão, prestando atenção apenas na imagem e no som emitidos pelo aparelho. E digamos que uma pessoa desta família não quer prestar atenção no estúpido gameshow transmitido, pois este é repleto de preconceitos e desrespeitos, esta pessoa prefere mil vezes ler um livro ou quem sabe até escrever uma história. 

Situação paralela à juventude de Gemma. O programa estúpido simboliza o governo de Desmond, ao que Anne é compelida a apoiar, e a pessoa diferente é a Styles mais nova, sendo seu livro os seus pensamentos diferentes e seus ideais, construídos com auxílio dos recém-criados  jornais de esquerda da época, ela ficava feliz ao saber que mais pessoas não achavam aquele tipo de governo certo.

Porém, não demora muito até o pai puxar o livro das mãos da filha, o rasgar e segurar o rosto da moça, de modo que ela não pudesse ver mais nada além do péssimo programa, assim sendo obrigada a concordar com os ideais do mais velho. 

As conversas com seu pai transtornavam a duquesa e gatilhavam algo que ela nem sonhava em conhecer. As sensações que surgiam a partir dos discursos de Desmond eram logo jogadas em um poço, o nível de água só subia e subia e subia e subia... Até transbordar. 

E quando este ponto chegou, Gemma disparou até seu quarto, trancando a porta atrás de si. Os gritos de seu pai eram como faíscas sendo atiradas no barril de pólvora que era a cabeça da moça, prestes a explodir. Eventualmente, o mais velho cansou-se das pancadas na porta, deixando o quarto para trás com palavras que a Styles mais nova não conseguiu ouvir. 

Daí em diante, a garota se sentia viajando, quase que na velocidade da luz, segurando uma luz que corria dela com toda a velocidade da luz, o que parecia certo de alguma forma. 

Não havia segurança alguma, apenas a insegurança da incerteza, com perguntas e respostas surgindo espontaneamente e sumindo assim como chegaram. O barulho na cabeça já era demasiado alto, tantos gritos. As pessoas parecem gostar de gritar. 

O barulho se torna raiva e raiva se torna luz, que causa um ardor que aos poucos deveria diminuir, mas não desta vez. 

O coração, batendo acelerado. 

Os olhos, queimando. 

E de repente...

Tudo está quieto. 

Como silêncio, mas não realmente silencioso. Apenas aquele tipo agradável de calma, como o som de quando se deita de cabeça para baixo, somente o som do coração na cabeça. 

Os olhos da jovem, marejados, a mostraram algo que não estava lá, mas que parecia tão real... Seu maior desejo havia se realizado, a pessoa de quem ela tanto sentia falta estava ali, diante de si. Desesperadamente, ela levantou, correu até o "irmão" e o abraçou, mas o calor que havia ali era diferente, nada familiar. Era quase que... frio? 

Não demorou muito até que ela percebesse que estava abraçando o ar. O que estava acontecendo? 

— Harry?  

[...] 

Na manhã seguinte, ainda sem entender bem o que aconteceu, Gemma desceu arrumada para o café, sendo surpreendida pela presença de sua avó, sentada na cadeira que era geralmente ocupada por seu pai. 

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⏰ Última atualização: May 15, 2022 ⏰

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Duquesa Gemma Anne StylesOnde histórias criam vida. Descubra agora