O princípio de tudo.

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O ano é 1654, a esposa de um nobre entra em trabalho de parto ao acordar. É uma manhã ensolarada e fresca do meio de outono. A mulher, chamada Mona, manda as doze criadas da família chamarem seu marido, Enrico. Enrico, desesperado e com raiva, rejeita até mesmo a possibilidade de ajudar no parto, e entra em choque. E o motivo realmente o dá razão, pois no dia anterior, Mona sequer estava grávida.

A criança, nascida no pequeno povoado de Triora, na Itália, possui a pele mais branca e lisa já vista, cabelos vermelhos como fogo, e olhos azuis como o céu daquele mesmo dia. Mona, sua mãe, morreu durante o parto. E seu pai, por assim dizer, abandonou a criança no meio de um bosque longe dali, mas não fora da cidade. O motivo, diz ele, que a criança é filha de Satã. Como a mulher de Enrico não estava grávida, ele como homem naturalmente educado superior, à culpou pela maldição. E se casou com a jovem mais bonita da família mais rica do povoado, e sequer pensou em mona.

Um casal de camponeses, Martina e Giordanno, estavam caminhando pelo bosque, juntando lenha para cozinhar o veado que Giordanno havia caçado. O casal possuía dois filhos homens. Filipo, de dezesseis anos, e Ettore, de dez anos. Ao caminhar pelo bosque, juntando temperos enquanto seu marido junta galhos para lenha, Martina escuta a risada suave de um bebê. Ela avisa o marido, e ambos seguem o som da criança. Ao encontrar a bebê, Martina fica maravilhada com a beleza da criança, que sorria com borboletas voando ao seu redor.

- Veja, Giordanno, é uma menina.

- Nunca conseguimos ter uma menina, mulher. Mas e se levarmos esta criança, e nos acusarem de tê-la roubado? Olhe este lençol, é malha boa, só podes de ser a filha de um nobre.

- Mas se o nobre a quisesse, não terias a abandonado tão longe dos palácios. Se a deixarmos, ela pode morrer. E além do mais, não vamos a cidade há meses, ninguém desconfiaria que não é nossa filha, ela tem até o seu cabelo, marido.

- Está bem, mulher. Ettore sempre fala que quer uma irmãzinha para ensinar a montar mesmo.

O casal então levou a bebê para casa, e a alimentou com leite de suas vacas e cabras. Passara uma semana, e a criança ainda era chamada de menina do bosque, até que seu irmão adotivo, Filipo, a viu brincando com as margaridas do vaso, e disse:

- Ela deveria se chamar Áster.

- Áster, por quê? - Perguntou sua mãe, quando o menino apontou rapidamente para a menina, que brincava com as flores.

- Eu gosto de Áster! - Respondeu Ettore.

- Está bem, Áster então. - Suspirou Martina. - Se ela não gostar quando crescer, a culpa será de vocês.

Semanas, meses, anos se passaram, e a única coisa que mudara, eram os olhos da Áster, de acordo com seu humor. Seus cabelos continuavam ruivos, sua pele parecia não queimar ao sol, continuava clara e limpa. Era a menina mais linda que todos de Triora já haviam visto. Áster costumava conversar com os animais, com as chamas do fogo, com as águas dos riachos, com tudo que para ela, possuía vida.

A Filha do Fogo: Uma nova luz de esperançaOnde histórias criam vida. Descubra agora