A Filha do Éter.

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Um ano se passara, e Àster começara a desenvolver seus dons. Sua rotina era pesada, muito trabalho e estudo, muito treino e muita disciplina. Tinha que aprender muito antes de sua iniciação.

Do quarto para o salão, onde ajudava as Filhas do Fogo a ascender as lareiras e fogões do castelo. Do salão para o quintal, onde ajudava as Filhas da Terra a colher, plantar e semear. Ainda no quintal, onde ajudava as Filhas da Água a regar e puxar água do poço. Do quintal para a biblioteca, pois teria de passar o resto de seu dia estudando. Da biblioteca para o banheiro, onde ela mesma preparava seu banho com camomila e malva, para limpar e prevenir infecções em seus machucados, marcas do trabalho árduo. A jovem pouco se divertia como antes, tinha muitos afazeres agora. E muitos dons a serem aprendidos.

A última jovem com tantos dons assim, era a Filha do Éter, que tampouco chegara perto do poder que Àster ainda teria de ter. A Filha do Éter, Dorot Fèvre, refugiada da caçada as bruxas na França em 1522, hoje Suprema do Castelo Stregheria, oculto dentro de um bosque longe da cidade, em Triora. Sua idade? É uma incógnita. Entretanto, sua aparência é de quarenta e tantos anos. Cabelos crespos magníficos, pele negra como a noite, e olhos verdes como hortelã. Seu nome ninguém fala, apenas as velhas letras quase apagadas em páginas manchadas pelo tempo. Seu clã massacrado por aqueles que dizem pregar o bem e o amor de um deus judeu roubado. Suas oito irmãs queimadas vivas em prol de uma instituição que agora se chamava de "Templo do Senhor". Seus antepassados escravizados e vendidos à Espanha com outros nomes. Sua professora, morta por denunciar que o padre de seu povoado estuprava meninas judias de onze, doze anos, e a pagava para realizar os abortos sórdidos, para que ninguém desconfiasse da palavra de um "homem de Deus". Sozinha no mundo, achara a profecia nunca lida de Hipátia de Alexandria, que uma Filha do Fogo viria salvar a alma dos queimados. Desde então, seguiu o rumo da profecia em busca da Filha do Fogo que seria a luz da esperança.

A Filha do Fogo tinha sido encontrada, agora restava apenas a fé em seus poderes. Seus poderes que haviam sido apresentados à pouco. E que ainda teriam de evoluir muito antes do confronto final. Todavia, essa Filha do Fogo só seria a grande salvadora, graças a Suprema mais forte que já existiu, que a ensinara tudo o que aprendera ao longo de seus tantos séculos de vida. Frève buscou por tantos anos a Suprema mais forte, por falta de autoconfiança, não percebeu que a profecia estava a mencionar ela própria.

A Filha do Fogo: Uma nova luz de esperançaOnde histórias criam vida. Descubra agora