Na varanda ela fumava um cigarro de cheiro estranho.
Era menta, mas tinha um cheiro mais soado. Como que se queimava folhas verdes.
- antes de entrarmos no carro. Posso saber o seu nome?- eu a olhava fixamente.
Ela assoprava a fumaça com calma enquanto me encarava seria.
E de um surto segurou levemente meu queixo.
- bombinha, não tenho carro!
- aquele não é seu?- merda quase desmaio.
- Não, estou a pé! Quer dizer, estamos...- ela sorriu me estendendo o braço.
Eu comecei a imaginar, e se ela me sequestrasse? E se não fosse namorada da tia Nanci ou se fosse só uma louca bêbada que está me induzindo a descer a rua principal com ela ?
Nem o nome dela, eu sei.
Mais uma vez, ingênua.
Cruzamos uma avenida, a frente uma loja de conveniências.
Entramos e percebi que ela comprava cervejas.
O garoto do caixa cumprimentou ela dando dois beijos em cada lado. E saímos sem ela pagar.
- você nao pagou as cervejas?
-hora querida, todos me conhecem bem pra saber que não preciso de dinheiro pra me divertir.
-vai transar com ele depois?- falei o que pensei.
- transar com o meu irmão? Você não é tão docinho quanto eu imaginava.
Toma!- me deu uma cerveja.
- eu já disse que não bebo.- ofereci de volta.
- porcentagem de álcool baixa. E também vai precisar antes de chegarmos lá.
E assim senti o gosto amargo pela primeira vez.
Continuamos na avenida.
Primeiro checamos uma lanchonete que mais parecia um bar.
Um homem que servia as bebidas gerou beija-la e levou um chute no escrotal.
Depois chegamos a um tipo de boate. Nessa não entrei a pedido dela, mas vi que nem ela passou da portaria.
Fomos a um tipo de bar de esquina, esse só havia homens, e ela acabou saindo com outro litro de tequila, desta vez abaixo do braço.
Por último já cansada, olhei no celular o que marcava 00:04.
Estava começando me arrepender de vagar com uma bêbada por as ruas aquelas horas quando de longe vi um outdoor com luzes violetas.
As duas letras em relevo eram P e I
Diferenciei a brisa, por ser um pouco forte e se tornava morna também.
Era o PranchIndie.
O quarto lugar que ela disse, e que minha tia mencionou mais cedo.
-valerie.- ela falou enquanto bebia a tequila
-valerie?- perguntei
- meu nome anjinho.- ela deu um gole- aposto que ela está lá.
- a tia Nanci? Ela me disse que era um bar de jovens.- disse eu agora mais tranquila por saber o nome dela.
- não não, os jovens frequentam o PranchIndie, mas são os veteranos que mandam.- mais um gole na garrafa, tirou o cigarro que não tinha queimado todo do bolso e falou em tom autoritário-Vamos lá!
.....No estacionamento, havia casais se pegando. Um garoto estava bêbado e sem bermuda em um banco a frente da entrada.
Havia luzes lá dentro. Como em uma boate, havia jovens, e adultos.
Um cara passou uma garrafa para a uma garota por cima da minha cabeça.
Eu seguia a Valerie enquanto ela tropeçava nos pés.
O som estava muito alto não consegui distinguir as vozes nem o que ela falava pra mim. Minha leitura de lábios nao é boa, E se torna pior quando tento usá-la em bêbados.
A poucos metros dali conheci uma cabeleira loira, era a tia Nanci.
Apontei mostrando para a Valéria, e essa ao tentar correr em direção se desequilibrou sendo segurada por um jovem. Ela agarrou mais forte a tequila. E percebi que ele olhava para mim. Ele era do meu tamanho, um pouco loiro. Ele tinha O sorriso mais largo que já vi, e seus olhos tomavam todas as cores das luzes de led.
Valerie se debateu nos braços dele dando língua. Cena essa que começamos a rir juntos.
Foi um ato simpático eu justifiquei com um levantar de ombros.
Ao passar por ele consegui perceber que ele me olhava de uma maneira bem mais profunda. E aquilo me lembrou os olhos do Ruan. Então baixei a cabeça e segui atrás da Valerie.
Havíamos perdido a cabeleira loira da tia Nanci de vista e isso fez com que Valérie se sentasse nas escadas que desciam para os fundo do PranchIndie, onde aparentemente, havia bem mais gente.
Por ser um lugar de estrutura grande, parecia bem mais pequeno com toda aquela aglomeração.
Havia uma plataforma, uma passarela que cruzava a praia para o mar.
A brisa era ainda um pouco mais forte ali.
- anjinho, porque vc não vai procurar a Nanci,(soluço) fala que tô aqui, bem.
A Valerie se encontrava bêbada.
-e te deixar aqui?
- relaxa anjinho, eu fico bem.
Aliás nao estou sozinha.- ela erguia a tequila.
- onde posso acha-la por aqui?
- charles!.- ela deu um gole na tequila.
Me virei olhando ao redor.
E comecei a caminhar olhando ela sentada na escada.
.....
Após várias voltas por o PI, Avistei a tia Nanci conversando com um cara perto do balcão.
Ela estava de cabelo solto e usava um vestido que a tornava atraente por assim dizer.
-Tia Nanci!- toquei em seu ombro.
Acredito que a reação dela não foi das melhores já que se virou para o cara pedindo um minuto.
- pensei que não viria para PI. Digo, não hoje.- ela estava pálida.
- porque? Não queria que eu a encontrasse aqui?- perguntei arqueando a sombrancelha.
- a questão querida, é como chegou até aqui.
- Uma bêbada me trouxe.- eu falei olhando para o balcão.
- uma bêbada? Como assim? Pegou carona com desconhecidos?
- ela disse que era sua namorada. E vinhemos a....
-valerie?- ela se espatou.- e onde ela está?
- a deixei nas escadas.
Tia Nanci passou de espanto para preocupada e segurou meu braço.
- precisamos encontrá-la. Se o Charles a pega...
- como assim ? Quem é Charles?
- só vamos buscá-la por favor.
E seguimos em direção as escadas.
Era de se esperar que ela nao estivesse mais lá.
- não saia daqui Paloma. Vou dar a volta no estacionamento.- e lá vi atoa Nanci sumir novamente.
Passei 5 minutos que mais pareciam a eternidade. Já era quase 4:00 da manhã quando o garoto que segurou a Valerie passou por mim nas escadas.
Ele sorriu. Estava acompanhando com mais dois garotos.
Eu soltei um sorriso também, e percebi que ele desistiu de acompanhar os garotos, voltando de ré até onde eu estava.
- esperando alguem?- ele perguntou
- minha tia.- eu respondi nervosa.
- aquela bêbada?- ele riu- sai com sua tia bêbada?
-nao, Não. - respondi sem graça- ela é... Bem, namorada da minha tia!- falei entre os dentes.
- aah, quer dar uma volta por longe dos sons?
Não era uma boa ideia sair dali. Mas a minha atração falou mais alto.
- podemos ir para a frente do PI!? Perguntei.
- como quiser- ele saiu e eu fui atrás.
Após uma longa conversar sobre o que eu estava fazendo ali, e de onde eu era e qual era meu nome a gente começou a perceber que tínhamos muito em comum. Como, ele gostava de country, e figurinhas de geladeira, e colecionava cristais.
Como uma boa boba que sou, nem perguntei seu nome nos primeiros minutos.
- Paloma- ele falou meu nome.- combina com você!
- e o seu? - aproveitei a oportunidade.- posso tentar adivinhar?
ele sorriu- começa com A- e ali eu comecei a devaneiar no sorriso dele
- Adrian?
-nop
-Andre?
- é o nome do meu pai -ele riu
- Desisto.- falei rindo também.
-na segunda tentativa? - ele estendeu a mão.
- me empresta seu celular? - coloquei meu celular na mão dele.
Ele não parava de olhar enquanto digitava. Depois desligou e me deu.
-quando chegar em casa, talvez vc lembre de ligar para o meu número.
.....
O que se seguiu é que a minha tia ligou logo após, me pedindo para ir em direção ao carro dela.
Ele sorriu pra mim novamente. E puta merda. Não consegui mais tirar o sorriso dele da mente.
Ao chegar em casa, a minha tia pediu ajuda para deitar a Valerie no sofá. Subi rapidamente para o quarto e antes que eu pudesse ver o nome dele, o celular havia descarregado.
O meu eros de uma noite foi para os ares.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Em busca de Amor
Novela JuvenilDo primeiro amor, até o amor para sua vida. desacreditada do amor, Paloma se encontra infeliz no relacionamento atual e começa a imaginar como seria se todos os outros tivessem dado certo. com a ajuda de hipnotismo ela consegue reviver cada um de um...