Sentimentos do passado

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Gabriel levantou ao escutar o alarme da escola. Tomou banho, se vestiu com o uniforme masculino, uma calça azul marinho, camisa branca, sua gravata sempre ficava desajeitada. Deu um olhada em seu relógio, estava na hora, então seguiu para seu primeiro horário, sua consulta com o psiquiatra Brandon Rain.

Entrou na sala pequena, onde se encontravam uma mesa de centro de vidro e duas poltronas marrons de couro, uma de frente para a outra. Dr. Rain, um homem de mais ou menos 40 anos loiro, vestia um terno cinza e um jaleco branco. Encontrava-se sentado em uma das poltronas enquanto escrevia algo em seu caderno.

- Bom dia. –  o Dr. disse sem levantar os olhos.

- Só se for para você. – o garoto respondeu mal-humorado sentando-se na poltrona vaga.

- Pelo visto não mudou nada, não é? - finalmente fizeram contado visual.

- Eu nunca prometi mudar, doutor.

O médico deu um suspiro, levantou e foi em direção ao armário no canto da sala, abriu uma das gavetas, pegou uma pasta com o nome Gabriel Diaz, voltou para a poltrona, abriu a pasta e começou com suas perguntas rotineiras.

- Como foi a sua semana?

- Hm, vamos ver... Depois de sair da sua consulta que, concordemos, foi muito entediante, eu fui almoçar com meus amigos. Depois saí com Trevor e-

- Onde foi? Você tinha permissão? – Cortou.

Gabriel fechou os olhos e respirou fundo.

- Cara... Eu odeio quando me interrompem. - o jovem revirou os olhos.

- E eu odeio quando me chamam de "cara". - retrucou o psiquiatra.

- Não me interrompa e eu não te chamo de "cara". 

- Fechado.

O menino revirou os olhos.

- Eu fui até o centro para tratar de uns negócios e Trevor me acompanhou.

Brandon suspirou mais uma vez, demonstrando sua frustração.

- Negócios, Gabriel? Eu pensei que tinha parado com isso! Aqui é um lugar para recuperação e não colônia de férias! 

- Desculpe decepcioná-lo, doutor. – Falou, irônico. – Não é nada pessoal.

- Sabe, eu realmente espero que você melhore. – ele anotava algo em sua pasta – Você não é um menino que deveria estar aqui, não cometeu uma infração grave. É tudo culpa das drogas.

- Sim, é culpa delas mesmo. Foda-se!

- Você não é louco e nem um assassino. – Continuou falando, ignorando o palavreado.

- Não preciso que me diga o que já sei.

- Se já sabe então por que não tenta melhorar?! Por que não sai daqui logo?

Gabriel se inclinou para frente da poltrona e encarou o médico.

- Já pensou que talvez eu não queira sair?

- E por qual motivo gostaria de ficar? – Ele insistia no assunto.

- Se preocupe com a sua própria vida. - o garoto revirou os olhos.

- Olhe, garoto. - o homem bateu com a caneta na pasta em sua mão - Não sou pago para me preocupar só com a minha própria vida. Então o negócio é o seguinte: ou você para de agir desse seu jeito egocêntrico e arrogante por conta própria, ou será à força. Você escolhe.

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