Capítulo 8 HARRY'S

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Mesmo através das luvas grossas eu podia sentir os calos protuberantes que surgiram em minhas mãos depois de quase duas horas retirando neve do pátio, Ted e eu estávamos cansados. Havíamos entrado de fininho estávamos "jogados" em um sofá em alguma sala do segundo andar do castelo. Um relativamente pequeno para toda suntuosidade e exagero de milhares de gerações de metidos a besta que haviam vivido naquele lugar não havia nada além de uma lareira que nos aquecia, uma escrivaninha que dava de frente para uma janela que voltada para a floresta congelada com seus galhos tortuosos e pálidos como um cadáver trazia um ar quase sobrenatural ao lugar.

-Eu não sei mais o que dizer, falei para Ted que me olhou sem entender direito a que eu me referia.

-Como assim? perguntou ele curioso com uma postura quase perfeita, jamais minha coluna foi tão milimetricamente "reta"

-Sobre este mundo novo de contos de conto de fadas que está me mostrando, me pergunto se não morri em algum momento ou estou em coma em algum hospital, e você foi um jeito da minha mente se autopreservar.

-Eu sou real Hélio, pelo menos eu acho que eu sou, ele pegou a minha mão e a colocou sob seu peito, está sentindo? ele falou

-Eu podia sentir as batidas do seu coração compassadas e ritmadas levando sangue a todo aquele corpo

-Eu sou real ele tornou a dizer, e esse coração que você está sentindo é real, cada coisa aqui é real, meus sentimentos por você o fantasma da ala norte a neve que cai lá fora, eu entendo que sua vida não foi fácil, mas não tenha esses pensamentos agora, não quero que ache que coisas boas não podem acontecer com você.

-Ainda é difícil não pensar isso Ted, minha mãe sempre reforçou isso em mim, e de certa forma eu internalizei as palavras dela.

-Apenas pense que a vida pode melhorar, o destino é maluco e esconde as melhores coisas pro momento certo Hélio

-Linda suas palavras Ted, mas as coisas pra mim demandam um pouco de tempo, uma hora esses pensamentos vão passar.

-Ok então, que tal uma volta pela cidade, podemos beber alguma coisa ou só ver o tempo.

-Espero que não usem muita canela na culinária daqui.

-Eu tenho quase certeza que não falou Ted se pondo de pé.

Saímos da sala nossos passos ecoavam pelo teto alto adornado com pequenos entalhes de madeira quadro e mais quadros horrendos estavam pendurados nas paredes.

-Já pensou em decorar este lugar? Perguntei.

-Na realidade já, mas eu não posso mexer aqui, minha mãe cresceu nesse lugar, e ela sempre dizia que seus dias mais felizes foram aqui.

- Compreendo, falei acompanhando Ted pelos corredores indo em direção a entrada principal. Albert estava lá em tom solene e entregou as chaves de um carro para Ted. E quando atravessamos os portões pude ver as muralhas altas de pedra cinza que se debruçaram sobre um horizonte branco a estrada seguia sinuosa cortando um vale acidentado que margeava a floresta a cidade ficava em algum lugar do outro lado dela.

Sentia-me um pouco cansado como se estivesse carregando um peso dentro de mim, eu realmente deveria estar ali? me questionei uma dezena de vezes. Ted estava em silêncio encarando a estrada vez ou outra sentia de relance seu olhar. Recostei meu rosto na janela, minha respiração embaçou o vidro o motor carro roncava alto quando a estrada fazia uma curva acentuada para direita dando acesso a uma rodovia principal o barulho se tornou mais intenso quando atravessamos uma placa que indicava Fort William, um assentamento com cerca dez mil habitantes com ruas de pedra e uma arquitetura única que se debruçava sobre um curso de água pararam ao lado de um bar, o lugar era pequeno com uma fachada de tijolos vermelhos e uma placa com o nome " HARRY'S" grafado em branco em um fundo de madeira verde que pendia sob uma porta de madeira marrom com pequenos retângulos de vidro que deixavam a luz do interior ir para o lado de fora.

- Quero que você conheça alguns amigos que fiz durante um de meus dias aqui. Disse Ted sorrindo suas bochechas estavam vermelhas pelo vento gelado.

- Isso foge um pouco da narrativa do jovem solitário e enclausurado em um castelo, falei seguindo Ted para o bar.

- Sou uma caixinha de surpresas ele disse de forma animada enquanto entrávamos no bar.

- Jovem Lord, falou um senhor alto de cabelos escuros que estava falando com uma garçonete.

- Harry ,Ted abriu um sorriso.

- Micca, Elenor, Markus chamou Harry três cabeças se ergueram no fundo do bar.

O primeiro a chegar foi Micca um rapaz alto de pele pálida e longos cabelos loiros presos em um rabo de cavalo seu rosto era comprido e marcado por manchas de acne, ele estendeu a mão para Ted que sorrindo o cumprimentou.

Elenor era baixa e tinha e tinha o corpo curvilíneo mesmo debaixo de um casaco grosso de um azul claro ela tinha as faces coradas seu riso era alto e pareciam querer chegar até o céu seus cabelos eram loiros como os de Micca, e estavam soltos caindo em cachos de ouro até a altura do ombros seus olhos eram de um tom de verde que eu jamais havia visto e por fim Markus se aproximou ele conseguia ser mais alto que Ted erguendo-se uns bons dez centímetros, seu cabelo era preto e encaracolado em pequenos cachos que caiam sob seus olhos amendoados o rosto era de fato bonito suas botas ecoavam alto no salão do bar.

-Lord bunny falou Markus abraçando Ted, então este é o famoso Hélio, ele não para de falar de você, de sua beleza e como entraria em guerra com qualquer outro Lord da inglaterra, ele é um rapaz galante e corajoso.

O rosto de Ted se enrubesceu- eu não disse isso, não com essas palavras pelo menos.

-Venham se juntar a nós estávamos conversando sobre a noiva do Markus, a senhora Anne Hightower.

Caminhamos até uma mesa, o bar cheirava a cigarros e chop e algum tipo de produto de limpeza. Sentia-me bem desconfortável, pois tirando Elenor os outros me olhavam de cima a baixo como uma espécie de alienígena que havia acabado de chegar.

-Bem Markus é um passo e tanto falou Ted, An é uma pessoa difícil lembro de termos estudado juntos no internato e ela fazia a vida de todos o inferno.

- Menos a sua falou Micca, jovem Lord Stuart Hughs, quando ela descobriu que você é gay ela desencanou, falou o homem bebendo um longo gole de chopp.

- Espero que você seja feliz Markus.

- E você, Hélio? o que faz da vida quis saber uma simpática Elenor.

- Bem, eu trabalho numa Starbucks e limpo casas em Londres.

Markus deu uma risadinha.

- Qual a graça senhor? Perguntou Hélio, é um trabalho como outro qualquer.

- Ele tem razão, Markus falou Elenor.

- Eu sei que é, mas o que o seu adorável pai vai achar disso ?

- O meu pai não tem absolutamente nada a ver com a minha vida Markus.

- Ted, podemos voltar ao castelo, eu não me sinto bem.

- Foi um prazer Micca e Eleanor, e para o inferno Markus, falei caminhando para fora do bar a Neve tornava a cair.

- As pessoas sempre vão me ver assim não é como a cinderela que deu o golpe e agora namora um aristocrata cheio de grana, falei sentindo as lágrimas caírem em meu rosto.

- Nunca mais repita issoHélio Ted me abraçou do outro lado da rua havia uma vã preta por um instantepude perceber um flash

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⏰ Última atualização: Jan 27, 2022 ⏰

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