Jisung não deixou muitos dias se passarem desde que teve aquele encontro com a policial na estrada, talvez o ato de escapar ao primeiro sinal de perigo estivesse no DNA Han. Deixar aquela casa o incomodava tanto quanto lidar com toda a situação, mas era necessário. A moto de seu pai foi vendida, seria o suficiente para eles se ajeitarem em outro lugar, fora de suspeitas. Nas malas, apenas o suficiente para algumas semanas, Jisung tinha um plano, ele queria resolver as coisas sozinho sem ter que meter sua mãe nisso.
- Daesung! - Jisung chamou pelo mais velho enquanto descia com as malas prontas.
Mais uma vez sem respostas. Dois dias se passaram assim, copiosamente, com Jisung pensativo e nervoso e Daesung escondido pelos cômodos exagerados da mansão sem responder quando era chamado. O que na cabeça de Jisung não fazia sentido era que, quando ele não estava olhando, Daesung cozinhava, pois sempre havia um prato pronto para ele sob a bancada. Jisung não se lembra a última vez, antes de tudo isso, que Daesung havia cozinhado para ele, e bem, aliás.
- Daes... - o mais novo se interrompeu ao sentir o cheiro de comida caseira vindo da cozinha.
Lá estava seu irmão, de costas, guardando algo recém tirado da panela.
- Não me ouviu chamar? - Jisung se aproximou, largando as malas cuidadosamente no chão.
- Oh, sinto muito, eu... Eu me distraí aqui. - Daesung se virou, um sorriso mínimo, mas doce, em seus lábios. - Não sabemos quanto tempo vamos ficar sem comer nessa viajem então... Eu preparei algumas coisas e armazenei para levar.
Daesung parecia calmo para quem havia matado uma pessoa, Jisung quase se convencia de que aquilo era um pesadelo e que eles estavam tirando uma soneca no sofá, mas infelizmente não era isso e eles não tinham muito tempo para seguir com o plano.
- Obrigado, você pensou bem. Agora me ajuda a colocar isso no carro, já estamos partindo. - Jisung disse, depositando certo afeto na mão que pôs sobre o ombro do irmão.
Aos poucos os Han foram se ajeitando e antes mesmo do sol nascer eles já estavam com o pé na estrada. Jisung conseguiu comunicar o chefe de Daesung sobre sua suposta virose, o que ocasionaria em uma demissão, mas Jisung não se importava, para ele o ponto era ter um problema a menos.
A caçada por um hotel de beira de estrada durou horas, Jisung não conseguia se sentir seguro, para ele, estava muito próximo do local e acabaria sendo encontrado. No final das contas o cansaço venceu e ele cedeu, parando na primeira curva que encontrou. Daesung continuou aéreo por todo o percurso, Jisung estava tão nervoso que mal pôde notar se Daesung demonstrou alguma mudança ou talvez ele não se importasse com isso naquele instante.
Já alojados, Jisung só queria conseguir relaxar, pôr todos os pensamentos no lugar e começar a cuidar do que eles fariam nós próximos dias com mais detalhes, simulando possibilidades para não ser pego de surpresa pelo acaso. O Han mais novo largou as malas ao lado da porta e se encaminhou para a cama, porém foi impedido pelas mãos firmes de Daesung, este carregava uma expressão de repulsa no rosto.
- Você vai se deitar aí? - indagou, sustentando seu incômodo em seu tom de voz.
- Onde mais eu poderia? - retrucou Jisung.
- Você é impossível. Por isso ficou comigo ao invés de fugir com a mamãe. Você não sabe se cuidar. Tome, vá comprar bebidas para nós, eu vou dar um jeito nisso aqui. - Daesung disse rápido demais para Jisung conseguir contestar.
Quando deu por si, Jisung já estava do lado de fora com o cartão de Daesung nas mãos e, sem ter muito mais o que fazer, apenas foi à procura de uma máquina de refrigerantes. Daesung se sentia realmente incomodado com o fato de outras pessoas terem dormido ali, sem contar outras coisas que provavelmente teria acontecido ali sem ter sido devidamente higienizado.
- Tudo acontece em hotéis de beira de estrada. - ele pensou alto.
E estava certo. Haviam manchas nos lençóis, Daesung até ligou a televisão do quarto para se distrair e não pensar o que diabos tinha causado aquela mancha. Ele tacaria fogo em todo aquele quarto se pudesse, mas como não, a única coisa que lhe restava era trocar os lençóis e limpar o que dava e seria utilizado por eles naquela noite. O tempo é relativo, e com base nesse conhecimento não se é sabido quem demorou mais ou quem foi mais rápido, embora o fato de que Jisung perdeu o foco do que faria possa ter dado certa vantagem à Daesung e toda sua faxina.
- Eu comprei os refri... - Jisung ia dizendo ao entrar, mas se calou ao ver as pequenas, mas significativas, mudanças no quarto. - Eu demorei tanto assim? - se questionou desviando o olhar para as latas suadas.
- Na verdade, acho que eu me empolguei. - Daesung riu. - Caso não se importe eu vou tomar um banho, não precisa me esperar para comer.
Jisung voltou a estranhar o comportamento de seu irmão. Ele até deixaria passar se não fosse por esse último detalhe, Daesung nunca se importou com limpeza, ele dormiria até em um beco ao lado de uma lixeira se fosse necessário. Jisung sabia que não era do feitio de seu irmão ser tão... Classudo, esse era um dos motivos de Daesung não se dar tão bem com a mãe, ele fazia questão de ser o total oposto daquilo que ela desejava.
- Mãe... Daesung falou dela sem nenhum problema. - lembrou-se.
Desde que a mãe de Jisung abandonou a casa com o marido, Daesung evita qualquer assunto que possa chegar a uma menção à mãe. A poderosa Hyo-Joo desapareceu, deixando apenas um número para contato caso eles precisassem de algo. Bilhete o qual ela entregou para Jisung. O caçula não entendeu muito bem os motivos que a levaram a deixar os dois filhos tão repentinamente e a premissa se perdura até os dias atuais, embora tenha tentado diversas vezes em diversos momentos desenrolar o assunto com seu irmão, a coragem faltou para encarar a própria mãe.
O banho de Daesung não durou muito e Jisung nem precisou se perguntar o porquê, a cara de nojo insistente já lhe dava as devidas respostas.
- Eu decidi te esperar. - Jisung sorriu e se levantou pegando os potes com a janta. - Aqui. - ele estendeu a lata com a comida na direção do mais velho.
- Obrigado. Nossa, eu sei que não é o melhor momento, mas saiba que eu senti a sua falta... Queria ter me aproximado de você em uma circunstância melhor, mas é o que temos então... - Daesung deu de ombros antes de começar a comer.
Jisung apenas sorriu e assentiu. Pelo que se recordava sempre esteve incluso nas aventuras de Daesung, tanto que optou por ficar com o irmão a ir com a mãe. A ideia de estar de frente para alguém que parecia seu irmão, mas claramente não era deixou a comida com um gosto estranho.
Fora dali, Aretha procurava por segredos que apenas entrelinhas poderiam contar, uma vez que o óbvio não é tão opaco à olhos que não se permitem enxergar. A policial se pôs a procurar por boletins de desaparecimento dos últimos dias e acabou por encontrar, depois de horas e muita indignação por grande parte ser de mulheres e crianças, Jeon Jiwoo. A mulher parecia bastante com o que deu para reparar do corpo abandonado. Por um breve segundo, Aretha pensou ser muita falta de tato alertar um parente de uma pessoa que poderia estar viva, mas por outro lado, ainda havia um corpo para ser investigado, ela não poderia deixar mais um caso assim ir para a gaveta.
- Senhor Song? Ahn, boa noite, eu sei que não é uma boa hora para ligar, mas eu posso ter notícias sobre Jeon Jiwoo, a moça que o senhor fez o boletim de ocorrência sobre desaparecimento. - começou insegura, mas logo tomou as rédeas.
- Acharam ela?! Eu não a vejo desde a quinta-feira passada. Onde ela está? Eu já estou a caminho! - o homem respondeu desesperado do outro lado.
- Fique calmo, vou marcar um horário para nos encontrarmos amanhã, tudo bem? Não quero lhe dar falsas esperanças, encontramos um corpo na semana passada e eu acho que pode ser de Jeon Jiwoo... - notícias assim nunca são fáceis de serem dadas, ainda mais sem certeza.
O silêncio durou longos dois minutos. Aretha podia imaginar a expressão vazia do homem se torcer em tristeza, mesmo nunca o tendo visto. Era apenas algo que ela estava habituada a ver, já que na maioria dos casos era ela quem dava as más notícias. O horário foi marcado, o rapaz optou pelo primeiro horário, uma vez que precisava acabar com aquela dúvida de ter perdido sua amada de vez ou não o mais rápido possível.
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Criminal
FanfictionEssa estória aborda conteúdos sensíveis, tais como: distúrbios, assassinato, suspense, dentre outros gatilhos. . . . . . Mulheres começam a desaparecer e a polícia não tem nenhum suspeito, nenhum ponto de partida. É uma luta contra o tempo enquanto...