Âmbar era a cor das folhas de nectarina do pomar onde ele costumava brincar
Crescido em uma pequena vila afastada e acolhedora, que até hoje chama de lar
O mato crescia do chão aos joelhos, clima salgado e ar a sobrar.
A grande fazenda-vila composta por pessoas pomposas de mente fechada era seu abrigo
Ele até se imaginava fugindo para a cidade grande, mas seria um perigo
Foram suas férias de verão na pequena Itália que abriram um pouco sua visão
Mas tudo que lá tinha vivido era um segredo que levaria para o caixão:
Ao menos ele havia prometido trocar correspondência, e o mensageiro passava todas as segundas e sábados , carregando - sem saber- suas palavras de indecência. As cartas eram destinadas em tinta fina com "Dear Salazensky", carregava notícias da pequena Itália e atualizações de uma conversa que fora interrompida quando suas férias acabaram. Ele sabia que precisava daqueles lábios macios e cabelos esvoaçantes mais uma vez
Talvez quisesse para sempre, como um voto perpétuo feito por altos membros do quartel Por isso ele escreveu todos os seus juramentos e enviou o papel.
Promessas de que voltaria e uma perfeita vida ao seu lado viveria. Ignorava todas as contradições da sua família em sua mente, mas encará-los sabendo da verdade era bem pior frente a frente.
Sua fuga nas férias de verão já estavam sendo planejadas: voltaria para a pequena Itália e recomeçaria seu amor de verão
Mas foi logo após seu planejamento que o problema veio, então:
Numa manhã ensolarada e bem humorada de primavera apareceu o entregador, terça-feira, não era dia de correio!
Ele estava ocupado, cuidando do celeiro, mas em sua ausência na mesa do café, sua família leu o que trouxe o carteiro.
Cartas desviadas com conteúdos impróprios
palavras diabólicas de comportamentos insólitos.
E se alguém soubesse? Foi então que começaram a prece. Um comportamento de uma família eloquente, indigna de respeito com alguém como ele. Ao tentar se defender, foi ainda mais massacrado.
Faltando menos de 2 meses para sua fuga, todo os seus pertences foram ensacados.
Sua família chamara a carrocinha dos transviados.
Era uma cela escura em que ficava preso e atordoado.
2 vezes por dia o pastor vinha e tentava retirar seu pecado. Nas noites mais difíceis ele olhava as estrelas, cada brilho solitário à distância o lembrava sua vida: presos na escuridão, sem esperança e sem nenhuma emoção, exceto pelas cartas que até ele chegavam e não podiam ser respondidas.
No topo do papel, sempre a mesma questão: Dear Salazensky, quando poderei novamente segurar sua mão?
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Astronomia
PoésieUm capítulo de poesias que traz referências espaciais para sentimentos tão terrestres :) ✯✯✯✯✯✯✯✯✯✯✯ ✵✵✵✵✵✵✵✵✵✵ ☾☾☾☾☾☾☾☾☾☾☾☾☾☾☾