As estações de Luna e Sara.

Inverno I- Dias chuvosos.

  1 ano antes do acidente.

Era uma terça-feira, á tarde.

As aulas haviam acabado, e uma forte chuva atingiu a cidade, sacudindo-a com barulho de trovões. Luna olhara para o céu e resmungava, por não ter seguido o conselho de sua mãe Leona, que sempre, sempre, recomendava a Luna levar um guarda-chuva. Parecia que ela já adivinhava o que estava por vir.

A maioria dos estudantes já haviam ido embora da escola, e sobrara alguns no hall da saída e da entrada. "Ótimo, terei que pegar chuva" resmungou Luna, mentalmente. Ela não queria chegar em casa e ouvir sua mãe falando sobre como ela estava certa. Gostaria de pedir carona para alguém, mas sua garganta simplesmente fechava em falar com outras pessoas. É como um feitiço que a bloqueava de interagir, de pedir ajuda. E ela odiava aquilo. Ela se sentou no chão, encostada contra uma parede de madeira, que ao lado havia um cartaz gigantesco sobre o bullying. Luna deu uma risadinha, porque sabia que independente de quantos cartazes uma escola colocaria na tentativa de impedir o bullying, nenhum cartaz impediria aquilo.

Ela estava prestes a mandar uma mensagem para sua mãe Diana quando uma garota interviu.

— Oi, Luna.

Luna olha para cima e seu olhar se encontrou com o de Sarah. Sarah é a líder do grêmio-estudantil, e Luna quase nunca falara com ela, mas pelo o que via, Sarah era uma garota muito doce e gentil com seus amigos.

As bochechas de Luna coram. O que Sarah queria com ela? Elas quase nunca trocavam uma palavra... os medos de Luna se apossaram dela e agarraram sua garganta, fechando os dedos cada vez mais, como se ela não pudesse respirar.

— Oi...

Sarah dá um sorriso. A pele bronzeada de Sarah brilhava com a luz fraca da lâmpada acima delas.

— Eu geralmente não te encontro aqui depois das aulas, o que aconteceu? Sua mãe esquecera de te buscar? Ou seu pai?

Luna engoliu em seco. Seus colegas de classe nunca souberam que Luna havia duas mães - era um segredo estúpido que Luna guardava para si. Ela tinha medo da rejeição. Mesmo não falando com ninguém. Um rubor passou pelo rosto de Luna, e sua expressão se contorcera. Sarah instantaneamente percebera.

— O-o que eu disse? Eu falei algo de errado? - Disse Sarah, com o rosto assustado. Seus olhos azuis brilhavam em uma expressão confusa nítida em seu rosto.

Luna se levantara, levando as mãos para frente, rapidamente se sentindo culpada.

— Não! Você não falou nada de errado...

Sarah olhara para Luna, com a sobrancelha levantada.

— Pode me contar.

Luna balançava a cabeça. Mas precisava explicar para Sarah sua expressão esquisita tão de repente.

— Sarah, eu não tenho um pai... eu tenho duas mães. - Luna disse baixinho, praticamente sussurrando.

O estalar da pancada da chuva continuou caindo do lado de fora da escola, enquanto Luna parecia querer se esconder. Sarah olhara para ela, neutra, e apenas sacudiu a cabeça.

— Está tudo bem. Mas por que sentira vergonha em contar isso? - Perguntou ela, confusa. - Afinal, não tem nada de errado nisso, certo?

Luna corou e olhou para Sarah, que dava um sorriso. Um sorriso sincero.

— Eu tinha medo de você... quero dizer, vocês me rejeitarem por conta disso. Vocês no caso, nossa turma. - Sussurrou Luna.

Sarah estendeu a mão para ela.