003

92 13 6
                                    

"A culpa é um dos piores sentimentos que alguém pode sentir. Aos poucos ela corrói tudo por dentro e vai tomando de conta das suas ações. Ela dorme, acorda contigo e dificilmente vai embora!"

Os materiais já estavam devidamente distribuídos pelas mesas dos alunos. Hyunjin planejou essa aula com uma certa antecedência pois queria que as crianças aproveitassem a atividade ao máximo. Só pra se certificar conferiu mais uma vez os itens e depois se sentou a sua mesa. Agora podia dizer que estava definitivamente a vontade no trabalho e não gostava nem de pensar em como seria quando os três meses de licença da senhora Kwon acabassem. Podia soar egoista mas uma parte de si torcia para ser efetivado de vez. Antes de sua mente viajar para mais longe, ouviu leve batidinhas na porta da sala e logo a figura de Minho surgiu sorridente. O mais velho segurava uma vasilha roxa em uma mão e uma garrafa térmica na outra.

— Tá a fim de uns biscoitinhos? — o Lee balançou a vasilha fazendo barulho.

— Como adivinhou que eu tava morrendo de fome? — Hyunjin retribuiu o sorriso.

— Você sempre tem essa cara de sofrido, chutei que podia ser fome. — Minho entrou na sala, reparando que o Hwang havia mudado a maioria da decoração. — Pode ficar com eles todos!

— Tão envenenados? — Hyunjin fingiu estar espantado.

— Não sou muito fã de doce e to sem tempo. — Minho deixou os biscoitos na mesa e deu um beijinho na testa do mais novo. — Tenho que levar minha turma no jardim botânico e tudo mais, bom dia e boa aula!

— Pra você também hyung!

Assim que Minho saiu Hyunjin abriu a vasilha e os biscoitos tinham um cheirinho ótimo. Eles eram amanteigados, cobertos de açúcar e derretiam na boca. Além de ser ótimo com pratos salgados o Lee também era bom nos doces. Perdeu as contas de quantos comeu antes de ouvir batidas na porta de novo, pensou ser Minho voltando para dizer algo ou buscar a tigela. Mas uma figura alta surgiu a porta, o homem usava um terno cinza e uma gravata vermelha. Segurando a mão do recém chegado estava uma garotinha de maria-chiquinha e um vestido azul bebê rodado. Hyunjin limpou os farelos da boca e das roupas e se levantou rápido cumprimentando os dois.

— Professor Hwang? — Hyunjin quase caiu para trás, além de ter um rosto esculpido pelos deuses a voz do homem era encantadora.

— Sim, sou eu. Em que posso ajudar? —  respondeu recuperando as forças.

— A moça da secretaria pediu para passarmos aqui. Disse que você precisava de mais alguns dados da Yeeun! — ao homem mencionar o nome da pequena ela se escondeu atrás das longas pernas de seu acompanhante.

— Ah é claro! Então é você a Yeeun? Eu estava ansioso pra te conhecer! — Hyunjin se abaixou pra falar com a pequena.

— Dá oi pro seu novo professor amor! — o engravatado incentivou a pequena dando um passo pro lado.

Yeeun exitou um pouco mas logo cumprimentou Hyunjin brevemente, voltando a se agarrar na manga do terno do rapaz.

— Bom, eu só preciso de mais algumas informações pra terminar a ficha de Yeeun. — Hyunjin disse voltando para sua mesa e abrindo o seu computador.

Fez as perguntas preenchendo a ficha pessoal da aluna, coisas básicas como alergias e contatos pra emergência. O pai (fazendo as perguntas ele descobriu que o homem era pai de Yeeun, mesmo parecendo ser muito jovem), respondeu a tudo cuidadosamente enquanto a menina parecia mais acostumada com a sala e olhava os desenhos nas paredes.

facade - hyun.sungOnde histórias criam vida. Descubra agora