Proeminente Zona Proibida

Capítulo 1

O capitão torceu mais um lençol bem lavado e colocou na bacia com os outros que passaram pelo mesmo processo. 

-Pode levar esses para os varais! - ordenou enquanto recomeçava a tarefa de esfregar os outros tecidos sujos

Excepcionalmente 2 vezes no decorrer de cada semana o esquadrão se encarregava de realizar tarefas básicas na vida comum de qualquer ser humano dentro do quartel. Preparar a comida, limpar os espaços comuns e lavar lençóis, toalhas e uniformes. E aquele dia foi tirado para lavar as roupas de cama dos quartos de todos os soldados. 

Não que Levi fosse algum tipo de sádico com limpeza. Tinha a filosofia de vida que um ambiente muito bem limpo e cuidado era garantia de uma vida organizada e sem interferências. Seus companheiros de convivência precisavam entender a importância de eliminar todos os germes e bactérias, logo instituiu a regra do dia da limpeza, organizada cada semana para um tipo de tarefa.

Dividiu sua equipe em três grupos, alguns para recolher os cobertores sujos nos quartos, outros para a lavagem e o resto para levar os tecidos para secar. Ele ficou a cargo da lavagem junto com Connie e Sasha, que mais desperdiçavam o tempo distraídos com brincadeirinhas do que de fato lavando os lençóis. E Levi nem perderia a paciência chamando a atenção, os dois eram ruins demais em esfregar para tirar o mínimo de sujeira que ele mesmo preferiu continuar a tarefa sozinho.

Para ele era terapêutico arregaçar as mangas da camisa, colocar os braços naquela mistura de água com sabão e esfregar minuciosamente cada pedaço dos panos até atingir um tom de branco mais branco que a própria cor branca. O aroma de campos floridos que impregnava o ar saindo dos tecidos recém lavados deixava o homem extasiado. Mikasa olhava o superior com estranheza que parecia estar numa espécie de transe realizando aquela atividade. 

-Cara feia pra mim é fome, Ackerman! - encarou a jovem estreitando os olhos - Por acaso perdeu algo no meu rosto? 

-Não perdi não, só é esquisito ver como o senhor sente prazer em nos colocar para fazer suas tarefas maníacas de limpeza - desdenhou 

-Continue falando dessa forma que eu aumento a carga de punições para você e aquele seu irmão pirralho pagarem depois - sentenciou empurrando a bacia com os lençóis recém lavados na direção dela - Se me lembro bem pedi para você levar estes para estender nos varais, agora faça sua parte e me abstenha de suas provocações! 

Mikasa rangeu os dentes enquanto pegava a bacia e saia dali a passos pesados de raiva. Levi deixou escapar um sorriso cínico enquanto voltava a esfregar os tecidos, era só mencionar que aplicaria um corretivo no pobre do pirralho titã que a oriental baixava o tom perto dele. Nunca entenderia a relação superprotetora que a Ackerman tinha para com Eren, eram todos crescidos ali, que cuidassem cada um de si. Mikasa era uma soldado exemplar, forte, destemida, disciplinada, mas perto do irmão todas as boas características caiam por terra. Tinha um potencial enorme, mas que despencava quando o Yaeger estava por perto ou quando o assunto era sobre ele. Precisava colocá-la nos eixos e nada que aquelas atividades higiênicas educativas não resolvessem. 

Girou o corpo atento ao barulho de água sendo arremessado e o baque de um objeto caindo no chão. Viu a garota batata soltar uma risada e o falso careca gritar em protesto contra a companheira ao mesmo tempo que se desculpava com uma Mikasa paralisada e ensopada pela água que muito provavelmente tinha saído do balde que o Springer segurava. Mas nada chamou mais a atenção do capitão do que a bacia virada e os lençóis limpos espalhados pelo chão. Todo o esforço demandado em deixá-los higienizados e brancos jogados ali na terra cheia de impurezas, formando um bolo enlameado terroso.

Levi levantou possesso e caminhou até os três, aquela distração dos soldados tinha passado dos limites.

-BRAUS, SPRINGER SE TEM TEMPO PARA FICAREM DE BOBEIRA, TEM TEMPO PARA EXECUTAR A TAREFA QUE ATRIBUI A VOCÊS! - gritou arbitrário - VOLTEM PARA SEUS LUGARES E ESFREGUEM ESTES COBERTORES ATÉ QUE A MÃO DE VOCÊS CAIAM, ENTENDERAM???

-SI-SIM SENHOR, CAPITÃO! - responderam em uníssono, correndo amedrontados de volta para a pilha de tecidos sujos que esperavam pela lavagem

Levi respirou fundo, se aproximou da oriental que continuava imóvel no mesmo lugar, logo agachando para recolher a bagunça.

-Tanto trabalho pra acontecer isso. Olha que imundície! - levantou um dos tecidos à sua frente, encarando com desgosto - Ei Ackerman, vai ficar ai parada ou vai me ajudar?

Mikasa piscou algumas vezes saindo do estado de torpor, percebendo o quanto estava encharcada tentou enxugar o que podia da água que escorria por suas roupas e pelo rosto, ignorando completamente o pedido do homem de baixa estatura. Levi revirou os olhos notando que ela não o ajudaria.

-Francamente, vocês pirralhos só prestam pra me dar trabalho! - colocou a última peça de tecido manchada na bacia e levantou-se com o objeto em mãos - Olha aqui Ackerman não sei que bicho te mordeu hoje, mas está fora de cogitação ficar distraída com seja lá... o que for... 

Cortou a própria fala tendo certeza que a alma tinha saído do corpo para nunca mais voltar tão perplexo ficou ao mirar a oriental à sua frente. Não especificamente a jovem, mas uma parte dela. Mikasa movia as mãos pelo corpo tirando o excesso de água, mas mesmo com o movimento Levi notou. E notou bem até demais. 

Aquele par vultoso de seios escondidos por baixo da camisa que usava.

A camisa ensopada estava praticamente colada no corpo da oriental e sendo branca, quando molhada, permitia uma certa transparência na peça. Deu graças aos céus que ela estava com um sutiã por baixo, mas notou como pareciam ser cheios e redondos. Embora a peça íntima exercesse o papel de cobrir a mais aquela parte, percebeu as duas pequenas protuberâncias despontarem discretamente sobre o tecido da camisa. Levi sabia que era errado olhar daquela forma tão hipnotizado - apesar de conter bem a aparente vontade de arregalar os olhos e abrir a boca - para aquele ponto íntimo do corpo de sua subordinada. Foi difícil desviar o olhar, uma curiosidade indecifrável atormentando seu subconsciente, até ter a atenção tomada para o presente justamente por ela que o chamava com insistência.

-Capitão está tudo bem? Te chamei várias vezes, achei que tinha morrido em pé!

-Tá tudo bem sim e para seu azar ainda estou vivo! - é claro que não estava bem, mas não poderia perder o controle da situação 

-Tem certeza? O rosto do senhor está bem vermelho... - encarou o homem com desconfiança

-Sim, tenho certeza! - empurrou a bacia nos braços da Ackerman, indignado com o fato constatado por ela - Lave estes lençóis novamente, vou verificar se os outros estão mesmo fazendo suas tarefas...

E tratou de sair o mais rápido possível dali, a fim de esconder a vergonha que sentia por olhar tão indecorosamente a jovem daquela forma. Repreendeu a si mesmo em mil e uma condenações, frisando até que ficasse claro em sua mente que aquele ato não deveria se repetir. Precisava ocupar-se com algo para livrar-se da cena indecente que insistia em permear seus pensamentos e nada que uma vistoria surpresa para o grupo dos pirralhos responsáveis por recolher os lençóis seguido de uma boa limpeza em seu quarto não o ajudasse nessa questão.