Cole Sprouse #4

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POV's Cole Sprouse

Lili. A flor de Jasmim toda amarrada por fios. Nem perguntei pra que tantos. Não sei absolutamente nada de medicina. Posso ter conhecimento sobre música e administração, mas no que se refere ao corpo humano, sou um zero à esquerda.

Quando o médico de meu irmão começou a me explicar todos aqueles traumatismos, me desliguei depois de cinco segundos. Meu pai escutou tudo na maior paciência, mesmo que também não entendesse bulhufas. Barb, que fez um ano de enfermagem antes de largar a faculdade, fez uma cara de quem ia (tentar) traduzir aquilo tudo, mas, francamente, o policial ali atrás da porta congelava meu sangue, maneira que não entendi grande coisa.

Felizmente não tem mais polícia vigiando. Meu irmão já deu seu depoimento. O julgamento dele será daqui a quatro meses. Tecnicamente, esse é o tempo que precisa para se recuperar do acidente. Enquanto isso, o apartamento dele fica vazio. Barb e eu passamos por lá pra esvaziar a geladeira e fazer uma faxina, para que aquilo não vire um pandemônio na ausência de meu irmão. Ainda que o apartamento já não fosse um paraíso de limpeza, era preciso evitar que aquilo virasse um pardieiro.

Estaciono diante do prédio de meu pai. A neve começou a cobrir os carros ali estacionados. No asfalto, quase não se vê ainda, mas já há uma fina camada na grama. Não posso dizer se amo ou não amo a neve. Ela está aí, e eu a encaro. Para mim, se trata apenas de uma respiração a mais do planeta.

Meus dois passageiros descem. Barb mora bem pertinho de meu pai. Foi ela quem achou esse apartamento para ele quando minha mãe foi embora. Sinto o carro subindo, aliviado do peso deles. Barb enfia a cabeça pela porta do carro.

- Você vem?

- Esta noite não.

- Acho que ele ia ficar contente.

- Já eu, acho que não sou capaz.

- Não seja desagradável, você não é assim...

- Escute, volto amanhã. Mas esta noite... não vou entrar.

Barb me olha, quase surpresa de eu ter falado amanhã.

- OK! Preste atenção no trânsito.

Ela fecha a porta. Meu pai fica olhando através do vidro e faz um sinal com a mão. Mando um beijo e ligo o motor do carro. Só quando passo pelo portão do prédio começo a me sentir melhor. Preciso deixar de passar tanto tempo com eles, porque aquela depressão toda acaba comigo. Sou uma verdadeira esponja.

Saio dirigindo sem pensar em nada, até me dar conta de que errei o caminho. Estou indo para o centro da cidade. Talvez seja mesmo o melhor a fazer. Não estou com vontade de ficar sozinho esta noite, mas também não estou querendo companhia. Isso não está claro em minha cabeça.

Felizmente, sei exatamente o que preciso fazer pra resolver isso.

- Alô, Kj?

A voz de meu melhor amigo ressoa no telefone.

- Sim, eu sei, não é bom ligar enquanto estou dirigindo. Mas me diga: o que vai fazer esta noite? Vamos sair? Vamos nos encontrar no bar? Quê? Você não pode ir muito cedo? OK! Até mais tarde.

Desligo. Kj, ex-viciado em trabalho, agora viciado na filha de cinco meses. Por sorte, a mulher dele é uma das minhas melhores colegas de faculdade. Então ela vai entender quando ele explicar que precisa vir me ver. Pelo que entendi, ele ainda tinha de resolver banho, mamadeira e outras rotinas da bebê. Hoje é quarta-feira. É o dia dele, é verdade! Aqueles dois encontraram o ritmo perfeito! Tenho até inveja, embora eu não esteja procurando ninguém. Mas é isso o que eu queria conquistar. Esse mesmo equilíbrio.

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