Lili Reinhart #7

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POV's Lili Reinhart

Hoje é segunda-feira. Ninguém virá me visitar. Esses dias sem visita se tornam terrivelmente longos. Especialmente depois que Cole entrou em minha vida. Com alguma sorte, ele talvez venha ver o irmão ou trazer o pai para ver esse irmão. Mas, durante a semana, pode ser que trabalhe tanto que não tenha tempo para isso.

Escuto a auxiliar de enfermagem fazendo seu trabalho. Dessa vez, ela não esquece nada. Acho até que, dessa vez, está bem concentrada!

Poderíamos dizer que está me preparando para alguma cerimônia ou outra coisa que não sei o que é.

Parece até que insiste em hidratar meus lábios, como se tivesse se dado conta de tê-los esquecido da última vez.

Ela termina em silêncio, como ficou durante todo o tempo no banheiro, depois deixa o quarto. Alguns minutos depois, a porta se abre bruscamente e um concerto de voz e de batidas de passos entra em meu quarto. Estou impressionada com a quantidade. Para que tantas pessoas?

Capto os termos médicos no meio do falatório. Quando são muitas as informações, não consigo entender o que está acontecendo. Mas já tenho faro (modo de dizer) para identificar o médico-chefe e seu grupo de residentes.

O médico deve ser o que acaba de bater palmas, porque o barulho diminui rapidinho e o silêncio vai se restabelecendo gradativamente.

Pelas respirações, devo ter pelo menos cinco médicos residentes, ou estagiários, em volta de mim. Eu me transformei num caso médico! O médico-chefe está aos pés de meu leito. Ele pega o prontuário onde estão anotados meus "dados e cuidados médicos", como gosto de chamá-los.

Faz algum tempo que ninguém escreve nada ali.

- Temos aqui o caso 52 - começa o médico. - Traumatismos múltiplos, um craniano. Coma severo já de cinco meses. Por favor, leiam os detalhes.

Genial! Virei um número, além de um caso especial...

O prontuário aparentemente vai passando de mão em mão, ficando com cada um por poucos segundos. Deve haver alguma regra entre os médicos: não examinar por muito tempo uma folha de papel que tenham diante dos olhos.

Talvez eles se incomodem de ler tantos detalhes ou, então, prefiram ver por si mesmos. Ou, quem sabe, sejam formados para desvendar o núcleo de um problema em cinco segundos. Se for isso, é melhor que revejam os conteúdos de sua formação.

Eu adoraria que houvesse um único médico que se debruçasse sobre o caso 52 durante mais de cinco segundos, de modo que ele descobrisse que sou capaz de ouvir.

- Vejam aqui uma cópia dos exames de imagem que temos do cérebro da paciente. Bem, entendido, apenas as imagens mais claras. Aqui estão os exames feitos quando ela foi internada em julho e outros de dois meses atras. Aguardo comentários.

Dessa vez, eles empregam mais que cinco segundos. Eu os ouço cochicharem, mas perco os detalhes. Tudo é técnico demais para mim, e sinto o estresse que os invade.

Dá a impressão de que estão sendo avaliados.

- E então? - pergunta o médico. - O que se pode dizer desse caso?

Um dos residentes à minha direita toma a palavra:

- Os exames de imagem não indicam melhora entre julho e novembro?

- Efetivamente, mas eu gostaria de ter mais detalhes. Vocês devem sempre justificar aquilo que estão pensando. Espero argumentos por escrito para amanhã em meu consultório. Isso exigirá de vocês algum estudo hoje à noite.

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