Cole Sprouse #6

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POV's Cole Sprouse

- Onde você estava?

- Dando uma volta.

- Ah!

Meu pai baixa a cabeça e olha para os sapatos. Deve conhecê-los de cor, de tanto que os usa de um mês para cá.

- O que você ficou fazendo?- ele prossegue.

- Dormi.

- Sério?

- Seríssimo.

Não menti, mas sei que o interrogatoriozinho ainda vai avançar um pouco. Melhor eu pensar cada palavra para não ter de revelar toda a verdade.

- Você conseguiu achar lugar para dormir? - Ele se admira.

- Achei. Um lugar bem calmo.

Eu continuava sem mentir. Até acrescentei uma informação, esperando que ele parasse ali, e foi realmente o que aconteceu.

Meu pai adora fazer perguntas, mas também se dá por muito facilmente satisfeito. Não sei se isso vem da resignação que sente em relação a meu irmão. Também não sei exatamente do que ele realmente se ressente, além da tristeza que transpira em casa um de seus gestos e olhares.

É minha vez, então.

- E você, como está?

Minha pergunta o pega de surpresa, tanto que ele para de andar mesmo faltando não mais que quatro metros para chegar ao carro.

- Por que você está me perguntando isso?

- Já passou da hora de perguntar, né? Então, como você se sente?

- Mal.

- Isso eu já sei. Agora elabore, papai.

Ele me olha como se quisesse descobrir o truque de um comercial. Como quando eu tinha oito anos e ele vasculhava o travessuras em minha carinha angelical.

- Seu irmão é um assassino pós-balada, mas não deixa de ser meu filho.

Durante todo esse tempo, achei que estivesse fragilizado e que não soubesse o que fazer com suas emoções. Eu estava, infelizmente, muito enganado! Meu pai é a pessoa mais forte que conheço; ele só chora um pouco facilmente demais.

- Como é que você consegue conciliar os dois? - pergunto a ele.

- Pelo amor que tenho por ele, que é exatamente o mesmo que sinto por você.

- Esse amor é suficiente para perdoar-lhe?

- Não sou eu quem tem de perdoar seja lá o que ou quem for...

Conheço essa conversa de cor porque já a ouvi um zilhão de vezes.

- Porque não cabe a você julgar - completo.

Ele confirma com a cabeça.

- Nem você nem eu podemos julgar. Seu irmão já tem muito que julgar a si mesmo. E embora eu tenha passado a infância de vocês dois dizendo para não se julgarem, agora tenho de reconhecer que é bom ele ter muito tempo para refletir sobre isso. Estou o máximo presente para o caso de ele precisar de mim. Só lamento não ter sido suficientemente rigoroso em minha educação para fazê-lo entender que não poderia ter pegado o volante mês passado.

- Comigo funcionou.

- Com ele, não. - ele suspira.

- Não se culpe!

- Não estou me culpando. Lamento que as vidas de duas adolescentes tenham sido roubadas. Agora, seu irmão é adulto. Ele é que tem de prestar contas à própria consciência.

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