Até hoje eu lembro de como foi quando te vi pela primeira vez. Você também me viu, afinal, fomos apresentados por uma amiga em comum. Eu também lembro como eu me sentia naquela época: 1° ano do Ensino Médio, minhas inseguranças eram gigantes, odiava absolutamente tudo em mim, fazia loucuras por causa de distorção de imagem... Mas isso fica em segundo plano por agora. Acontece que meu coração era muito fechado, na verdade, até hoje é. Só que naquela época, talvez muito mais, porque eu não queria me envolver com ninguém de forma alguma. Nem olhar pra cara de meninos eu conseguia.
Mas você olhou pra mim, quando minha amiga disse meu nome, ao nos apresentar. Você olhou e por alguns segundos sorriu demoradamemte, não sei se estava tentando gravar meu rosto, mas eu consegui sentir algo a mais no jeito que você me olhava. Eu, com medo, "me escondi". Minha reação foi fazer "não" com a cabeça. Eu não queria tanta gentileza vindo de alguém que acabara de conhecer. Sim, eu era muito medrosa.
Eu não me apaixonei de cara, eu nem pensava em gostar de você. Não foi seu cabelinho ou rostinho de anjo que fez eu gostar de você. Depois, todas as vezes que eu te via, você acenava desajeitado e cumprimentava. E eu não lembro qual foi o exato momento em que passei a pensar demais em você e querer te conhecer verdadeiramente, não só cumprimentar esporadicamente.
Passamos por vários momentos casuais, conversas em grupo. Mas eu lembro que ficava extremamente corada quando você estava por perto. Meu Deus! Que coisa de filme adolescente. Mas foi a situação a qual eu me submeti quando involuntariamente abri meu coração pra que você entrasse. E você entrou mesmo sem saber.
Seu jeito gentil, fofo, amigo... Tudo isso me ganhou de uma forma inexplicável. Você era o tipo de pessoa que eu precisava ver num dia ruim pra que meu coração ficasse quentinho e eu me sentisse feliz de novo. Só porque tinha te visto.
Você foi meu crush de Ensino Médio por longos meses. Até que entramos no lockdown por causa da pandemia. Como eu já estava sem um pingo de dignidade - dentro de mim, já aceitava a ideia de me apaixonar por ti e, se desse sorte, ser correspondida -, puxei assunto no Instagram algumas vezes. Você sempre visualizava meus stories e eu postava várias bobagens e imaginava sua reação. E atualizava o tempo todo pra ver se você já tinha visualizado o que eu postava.
Até que eu fiquei de saco cheio de redes. Exclui Instagram e Facebook. Fiquei só com WhatsApp. Como não tinha encontrado abertura suficiente pra trocar números, resolvi não fazer
Imaginei que nunca nos falaríamos de novo. Porém, nosso amigo em comum fez um grupo com nós dois, não muitos dias depois. Era pra discutir sobre assuntos do EAD.
De qualquer forma, salvei seu contato, mesmo sem saber se você salvaria o meu ou se conversaríamos depois. Até que você respondeu um stories do WhatsApp: SIM, você tinha salvo meu contato.
Depois disso, nós conversamos muito. Muito, muito, muito mesmo. Por vários dias. Você mandava muitos memes, eu também. A gente ria, mandava áudio cantando, rindo, fofocava. Putz. Mas a chama em mim foi se apagando, porque eu nunca quis me machucar; achar que você queria algo comigo quando se tratava de nada mais que amizade. Então eu decidi esconder no meu mais profundo íntimo tudo que sentia por você. Ninguém nunca soube, e talvez nunca saberão.
Então nos tornamos amigos, amigos pra caralho! Pode ser doloroso ter que tratar como amigo alguém que você costumava fazer outros tipos de planos? Sim, e é doloroso. Mas eu me acostumei. Bom, talvez nem tanto, já que estou aqui escrevendo isso em auge de afastamento social (meu whatsapp também foi desativado).
De qualquer forma, eu ainda gosto de você. Eu sou doida pra beijar sua boca. Mas eu acho que se você quisesse isso, você diria. Já dei muitas oportunidades. Agora eu estou indecisa. Tenho uma angústia em mim em relação a você: devo matar de vez todos esses sentimentos?
Eu estou a um passo de fazer isso. Eu não quero mais sofrer. Não quero mais pensar em você de uma forma não correspondida.
Minha intuição é muito boa e ela me diz que você não vai gostar se me vir com outra pessoa. Isso porque hoje mesmo nos falamos por vários minutos em ligação, você confiou em mim pra contar coisas mais íntimas, como você se sente em relação a algumas amizades. Eu também consigo perceber a ternura com a qual você me olha.
Mas eu acho que é isso: vou desistir de tudo. Não vou me afastar de você porque você não tem culpa que eu tenha me apaixonado, mesmo antes de nos tornamos amigos. Talvez a culpa seja minha mesmo, que criei expectativas em algo que nunca existia.
Eu vou viver, fazer coisas que eu tenho que fazer, esquecer um pouco desse amor que eu sinto. Espero que tudo acabe. Daqui a pouco você pode aparecer com outra também e, pro meu bem, eu preciso acabar com tudo isso dentro de mim logo. É o mais saudável, o mais inteligente e o mais lógico a se fazer.
Eu acho que você não lembra de boa parte das coisas que relatei, primeiro porque você é um cabeça oca. Depois, porque eu não acredito que eu seja tão importante pra você.
Eu não sou tão importante pra você quanto você é pra mim.
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Devaneios De Uma Jovem
Chick-LitSempre que estou com o coração explodindo com algum sentimento, escrever é uma forma de expressar o que eu sinto. Então entre, sente e saboreie essa leitura dos pensamentos de uma jovem no auge dos seus 20 anos. Aqui você encontra um pouco de tudo:...