te conheci no carnaval, época em que todos comemoram a felicidade dos dias sem trabalho, dos dias leves e serenos e cheios de purpurina, dias com glitter e com a liberdade que não é encontrada em nenhum momento pelo resto do ano. te conheci depois de conversamos por dois dias ininterruptos e ficarmos a noite inteira falando sobre como pizza no dia seguinte é bem melhor do que pizza feita na hora. quando te conheci, naquele dia em que eu estava do outro lado da cidade e meu celular apitou com alguma coisa vinda de um desconhecido da internet, meu coração sabia que se tratava de um marco.
mas meu Deus. quando te vi entrando pelo portão preto daquele apartamento que até hoje sinto falta, meu coração estremeceu. fingi que não estava impactado com seu sorriso doce, capaz de adociar todos os mares do mundo, e seu estilo despretensioso, de quem sabe é quase humanamente impossível se vestir bem no verão carioca. quando nós cumprimentamos, encarando a noite conversa adentro, escostando nossas peles, eu soube: você ficaria na minha vida por mais tempo do que a média.
brincávamos porque, logo na primeira semana em que dormi na sua casa, escrevi num caderno que você ja era um marco na minha vida e te questionei: o que eu sou pra você?, porque meu maior medo é entrar na vida das pessoas e ser facilmente esquecido, você sabe. eu morro de medo de não conseguir me encantar com nada , não conseguir mostrar a pessoa vulnerável, cheia de sonhos e manias que sou. ficava pensando que não era justo entrar na sua vida e sair dela sem nenhuma marca na pele, nenhum grande movimento, nenhuma grande sensação que causa dormência no peito. você me respondeu, brincando, que eu era um "marquinho", e que você só o tempo diria o que passaríamos a ser.
você não era como os outros caras que eu encontrava por ai e sabia que não daria em nada. que no dia seguinte não atenderia ao telefone e nossas vidas seguiriam intactas. contigo, tive a certeza de que seus olhos tinham acertado alguma coisa íntima em mim, que nem eu mesmo sabia que existia--- e de que eu tinha passado como um caminhão sobre você e suas barreiras,sem pedir licença.
a gente foi tão certo naquele mês de carnaval. naquele fevereiro que tinha tudo pra ser o mês que a gente apaga da memória, porque bebeu demais ou o coração foi quebrado e, nesses casos, a gente não só afoga as mágoas, como as coloca pra se divertir.
continuo💖
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textos cruéis demais para serem lidos rapidamente
Poetryeste livro é pra você que viveu ou está vivendo o fim. que dói, mas que também cura. que arde o coração, mas que permite que você veja as cicatrizes que estavam ali, ao lado do machucado, o tempo todo. que te derruba em um dia, mas te levanta pelo r...