o peso do mundo

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eu sei como é cansativo carregar o peso do mundo. e como é difícil ser essa pessoa que sente tudo, como se qualquer relação fosse te sufocar. como é difícil se manter razoável, quando amar alguém requer coragem e você nunca soube ser menos intenso.

eu sei como é cansativo deitar a cabeça no travesseiro à noite e pensar em quantas pessoas você ja deixou ir embora por medo de que vissem sua honestidade; por medo de sentirem sua sensibilidade e fugirem.

você antecipou o fim pra que elas te exergassem como humano
e o quão destrutivo é? aceitar que o outro não te exergue como aquilo que você nasceu ser: intenso, imenso.

eu sei como é cansativo lutar pra mostrar menos pra não assustar pra não ser demais ,por que demais, as vezes é ruim.
então a noite, pouco antes de dormir, você se esconde atrás de todo o choro e dorme, pra não ter que pensar.

eu sei como é carregar a culpa de saber da própria intensidade. quando descobri que meus sentimentos eram mais intensos do que amenos, eu chorei. perguntei a minha mãe se era justo comigo que todas as sensações do universo me habitassem.
e ela me respondeu, sorrindo, que eu era aquilo que Deus me criou pra ser
e eu era muito, demais.

eu sei como é estar cansado de si próprio e das cobranças pra ser menos.
eu dizia a mim mesmo: dessa vez você vai amar na medida, dessa vez você vai amar com cuidado, dessa vez você não vai se assustar.
mas aí que razão e emoção não dão as mãos
e não caminham juntas
e então eu tive que entender que nem tudo sairia da maneira que eu gostaria. e essa era a maior dor que poderia dormir sobre meus ombros
e tem dormido deste então.

eu sei como é difícil não admitir que se é gigantesco porque acretido que você seja igual a mim: coração imenso, vontades violentas e entregues absurdas.
eu sei como é segurar pra não correr atrás e pedir: volta, por favor, volta.
como é calar o choro tarde da noite
e se segurar pra não demostrar na frente de decisões inesperadas -- ele vai embora pra nunca mais voltar.

o peso do mundo são nossas mãos tentando abafar a dor da partida
o peso do mundo é a sensibilidade sendo colocada dentro do armário
pra não machucar ou importunar ninguém.

o peso do mundo são as vezes que decidimos nós doer e ter de cobrar alguma coisa
porque a gente entendeu, finalmente, que se não for pra ter ninguém
ao nosso lado que consiga olhar no olho da nossa entrega e admira-la, não ha motivo  pra ficar.
não ha motivos pra seguir

e então seguimos

sozinhos.

       textos cruéis demais para serem lidos rapidamente Onde histórias criam vida. Descubra agora