PIIIIIIIIIIIIIIIIIIM. PIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIM.
Droga! Estou atrasado para o trabalho. Eu tinha que estar lá às 09h00min e agora já é 12h33min. Tomara que o Ashton tenha tomado conta do caixa e da cozinha ao mesmo tempo. Bem, ele ainda tem o Calum para ajudá-lo.
Apanhei a minha jaqueta o mais rápido possível, mas antes de sair, pensei que Michael poderia arranhar tudo enquanto eu estivesse fora.
— Mike? — chamei. — Tá acordado? — eu ri. — Posso te chamar de Mike né? — ele começou a abrir os olhos e então, sibilou. — Isso quer dizer um sim, mas não um sim bom, um sim com raiva. — eu ri e acariciei seu cabelo, então, ele agressivamente arranhou a minha mão — Ouch! O que você tem menino? Whatever. Eu estou atrasado para ir pra padaria! — ele fez uma cara de '' E o que eu tenho a ver com isso?'' e então, eu ri. — Você vai ir junto comigo, idiota. — ele arregalou os olhos e fez que não com a cabeça desesperadamente — Ah, mas você vai sim! — eu puxei o cobertor no qual ele estava enrolado e nós fizemos um cabo de guerra. Michael puxava de um lado e eu do outro. Até eu soltar o cobertor e ele cair no chão. — Você vai com ou sem cobertor. — o peguei no colo e levei-o até meu ombro enquanto ele se debatia em minhas costas.
Então, arrastei o pequeno ainda sonolento enrolado em seu cobertor para fora de casa.
— Cansado? — perguntei para o garoto que estava com uma expressão de ódio na cara — Você terá que se acostumar com essa rotina se quiser comida e cueca lavada. — ele olhou para mim como se fosse arrancar meu pescoço fora e eu ri.
Chegando ao trabalho, deparei com uma multidão de pessoas reclamando pela demora do pão. Ashton estava tentando acalmar a todos enquanto Calum botava os pães no forno.
— Hey meninos, precisam de ajuda? — perguntei dando uma batida no ombro esquerdo de Ashton.
Entrei na cozinha e Calum me colocou contra a parede.
— VOCÊ SABE QUE HORAS SÃO? POIS É, JÁ É MEIO DIA E ESSE POVO TODO ESTÁ ESPERANDO AQUI DESDE AS DEZ HORAS. — ele chacoalhava meus ombros me fazendo bater contra a parede. — DORMIU DEMAIS, BELA ADORMECIDA? — ele bateu meu corpo mais forte contra a parede.
— Ai! — eu gritei. O gatinho que estava ao meu lado pulou em cima de Calum tentando morde-lo.
— LUKE TIRA ESSA COISA DE MIM! QUEM É ELE? AI PORRA! PARA! — ele gritava e eu só sabia sorrir com a cena. Meu gatinho me defendendo.
— Michael! — eu chamei. O garoto olhou de imediato para mim com seus olhos faiscando. — Já pode parar. Ele não tem culpa. A culpa é minha. — Michael desceu de Calum e correu para debaixo de uma estante tampando suas orelhas em sinal de stress.
— Tá bom, agora você pode me explicar quem é esse... Bichano? Na verdade, que tipo de aberração é ele? — ele intonou como se Michael fosse uma coisa absurda.
— Não o chame de bichano, entendeu? — eu disse num tom mais forte. — Ele é uma criatura linda.
— Ok, ok. Mas o que exatamente ele é?
— Um híbrido — eu pausei — Um híbrido de gato.
— Isso existe?
— Se Michael existe, eles existem.
— Legal, mas, agora, você, por favor, me ajude a cozinhar? Nós iremos perder vários clientes pelo seu atraso!
— Calum meu querido, você esqueceu que temos a única padaria da cidade?
— É mesmo. — ele riu e concordou.
ღღღ
— MICHAEEEEEEEEEL?! ONDE VOCÊ ESTÁ? — eu gritava procurando pelo menino que havia sumido há uma hora — Como esse menino pode ter sumido dentro dessa padaria?
— Luke, você já olhou no escritório? — Ashton perguntou tentando me ajudar.
— Não, obrigado por lembrar. Eu tinha esquecido que existia essa parte nessa padaria. — corri em direção ao escritório deixando Ashton sozinho com Calum secando a louça.
— Michael? — chamei — você está aí? — abri uma frestinha da porta, me deparando com um gatinho dormindo em cima do carpete sujo do meu pai. Ele estava coberto e suas orelhinhas achatadas. Os olhos estavam meio inchados, parecia que ele havia chorado. — Michael! Acorda! — sussurrei. — Já é a hora de ir embora! — balancei o corpo do menor na tentativa de acorda-lo.
Os olhos verdes-esmeralda foram se abrindo e então quando ele finalmente me focou, eu me lembrei da primeira vez que nos vimos. A luz era a mesma e o olhar dele era idêntico àquele. Eu não pude conter um sorriso pelo meu déjà vu que acabara de acontecer.
— Vamos para casa? — eu indaguei.
Ele se levantou lentamente e andou ao meu lado, ainda enrolado naquele cobertor.
ღღღ
— Nem está tão frio assim, seu bobo! — eu o cutuquei — Você está com uma blusa, um casaco de lã e uma jaqueta. Por que você precisa desse cobertor? Olha como eu estou vestido! — ele olhou para o meu corpo no qual estava vestindo uma camisa xadrez manga longa e uma jaqueta de couro. Ele revirou os olhos e continuou andando. — Você tá arrastando o cobertor no chão! Vai sujar! — tentei puxar a manta do menino, mas ele a apertou mais ainda contra si. Então eu desisti.
Estava de noite e as luzes dos postes pouco iluminavam toda a escuridão. Michael agarrou-se em mim. Eu acho que ele estava com um pouco de medo, havia urubus nos rodeando, e as mesmas corujas começaram a bater as asas quando a nossa sombra chegava perto.
— Você está com medo? — eu perguntei me agachando tentando olhar em seu rosto — Não precisa ter medo, eu estou aqui com você. — eu o abracei e ele tampou sua cara com o seu cobertor ao que ele caiu de cara no chão, pois tropeçara em uma pedra. — Michael! Você tá bem? — fiquei de joelhos tentando socorrer o menino agora com lágrimas nos olhos. — Não chore. — eu pressionei sua cabeça contra o meu peito — Vai ficar tudo bem! — ele subiu suas calças revelando seu joelho todo ralado. — Só está saindo um pouco de sangue, mas, logo vai curar, bebê! — eu beijei seu machucado e ele pareceu surpreso com o ato, mas não ficou com raiva.
Michael choramingou e me fez sentar no chão completamente. Estávamos em frente de casa, mas ele não parecia muito interessado em entrar. Ele se aconchegou em meu colo e soltou um miado manhoso enquanto se encolhia como uma bolinha em mim.
— Mike? Ainda dói muito? — perguntei preocupado, mas ele se quer pareceu ter ouvido. — Gatinho? — ele se afastou um pouco e olhou dentro de meus olhos.
Um par de mãos gordinhas foi parar em meu rosto e eu senti meu coração aquecer com aquele ato carinhoso do meu gatinho bipolar.
Michael fechou seus olhos lentamente e se aproximou de mim, e eu realmente achei que ele iria me beijar. Mas ao contrário do que eu imaginava, ele apenas tocou de leve a ponta de nossos narizes, os esfregando carinhosamente.
Eu suspirei feliz, sentindo um pequeno sorriso nascer nos lábios rosados do gatinho. Eu acho que vou chorar... Ele é tão fofo!
Okay, talvez eu esteja gostando além do que eu deveria do pequeno gatinho bipolar.
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[n/lewis(insidelarry): vou por um gifezinho em cada capítulo a partir de agora <3]
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bipolar ➳ muke
FanfictionNós nunca sabemos o que a vida guarda para nós, ela é como uma caixinha de surpresas, não é mesmo? Podemos ser presenteados com coisas boas ou ruins. O presente de Luke foi um tanto ruim quanto bom, talvez um tanto bipolar.