Eu não sei se eles já viram quem eu sou, mas acredito que não já que por conta da máscara é difícil a identificação. Mas o que está me preocupando é eles estarem liberando várias pessoas e eu ainda estar aqui. Estou com medo, medo de morrer de uma forma tão estúpida como agora, entrando em lugar errado na hora errada. Por que eu fui resolver vir nesse banco hoje? Eu nem precisava vir até aqui, podia ter feito tudo pelo celular. Eu sou muito, muito burra.
- Você! Venha até aqui! -- Um dos caras me chamou. Eu tremia inteira de frio e medo. Afinal, eles nos obrigaram a ficar apenas de calcinha e sutiã e os homens de cueca.
Restavam apenas umas cinco pessoas no banco comigo, além dos assaltantes. Eles eram muito ruins e não mediam esforços para nos machucar ou até mesmo matar. E foram ficando mais irritados com o passar do tempo e com isso mais perigosos. Demorei para me levantar do chão e eles me arrastaram pelo braço até o outro lado do banco, me deixando com as coxas raladas e sangrando. Confesso que não tenho tantas esperanças de que sairemos daqui vivos.
A polícia já mandou alguns negociadores para tentar nos tirar daqui de dentro, mas sem sucesso algum. - Qual seu nome? -- Ele perguntou segurando meu braço com força.
- Marie. -- Respondi com muito medo.
- Está mentindo! -- Ele arrancou a máscara do meu rosto me machucando. As lágrimas rolavam, eu não conseguia segurar.
- Você é a garota da televisão! -- Um deles disse me reconhecendo.
- Qual seu nome? -- Ele repetiu mais irritado.
- Megan Kessler. -- Falei baixinho.
- Por que mentiu? Odeio que mintam para mim!
- Eu não menti! Marie é meu nome do meio. -- Falei implorando mentalmente que eu fosse poupada. Os assaltantes se juntaram em um canto para conversar. Enquanto isso eu tentava conter o sangue que escorria pela minha coxa e cotovelo depois de ter sido arrastada pelo chão.Seis horas antes...
- Alex, você precisa seguir seu caminho e me deixar seguir o meu. Impossível ter um relacionamento com você assim. -- Eu amava tanto Alexander, mas não posso mais viver perdoando traições dele. Preciso ser menos dependente emocional dele, preciso ter as rédeas da minha vida.
- Me perdoa, amor. Eu sei que isso é uma fraqueza minha, mas prometo que daqui para frente será diferente.
- Diferente como? Você não consegue gravar um filme sem se envolver com a sua companheira de cena. Vai ser diferente como? Vai deixar de trabalhar? Eu estou bem cansada disso tudo, não consigo ter uma vida calma ao seu lado, não consigo deitar ao seu lado sem ficar desconfiando que você está me traindo com alguém. Eu não aguento mais isso, Alex. Vai embora e me deixa em paz. -- Eu falava tentando segurar minhas lágrimas, mas o olhar de Alex tornava tudo tão difícil quando se tratava de mandar ele sumir da minha vida.
- Eu te amo. Prometo que será diferente... -- Ele tinha um poder surreal sobre mim. Seu toque, seu cheiro me deixavam enfeitiçada. Ele se aproximou devagar e roçou nossos narizes, fechei os olhos rapidamente respirando fundo.
Nesse momento seu celular tocou em seu bolso, Alex o tira para ver quem era e consigo ver a foto de uma mulher na chamada. Rapidamente ele vira a tela e me olha assustado. Apenas neguei com a cabeça, peguei minha bolsa e fui indo em direção a porta.
- Quando eu voltar, não quero nada mais seu aqui em casa. Nenhum rastro de que um dia eu dei chances para um ser tipo você!Seis horas depois...
- Não resta mais dúvidas de quem ela é. -- Um deles apontou para uma televisão ligada que estava na cabine do segurança que passava o noticiário e minha cara estampada na tela.
- Libera todo mundo! Não precisamos mais deles.
- Tem certeza? -- O cara encapuzado confirmou com o chefe deles. Ele apenas assentiu com a cabeça enquanto vinha em minha direção. Pegou uma camisa de um qualquer que estava pelo chão e jogou em mim.
- Veste! -- Apenas obedeci a vestindo e consequentemente a sujando de sangue, já que minhas pernas e braços estavam machucados. Vi o pessoal saindo correndo pela porta indo embora e eu ficando ali, minhas esperanças se foram junto deles. - Vem levanta! Você vai ser nosso escudo!
- Não, espera! -- Gritei, mas fui ignorada. Os outros pegaram as bolsas com dinheiro e saíram pelos fundos enquanto eu e o chefe deles íamos despistar a polícia pela frente. Ele me algemou e me prendeu ao seu corpo com uma corda, ficando atrás. Na mão direita ele tinha uma arma e na esquerda uma faca que estava por baixo da camisa que eu usava e ele fincava ela em minha barriga. Se eu me mexesse errado, me rasgaria.
Fomos até a porta, quando saímos tinham muitas pessoas aguardando ansiosos nossa saída, mas a polícia estava em peso também a postos para qualquer ordem. Meu corpo inteiro tremia, eu suava frio mesmo sendo inverno e ter nevado na noite passada. Eu já nem conseguia mais chorar, era como se algo trancasse em minha garganta e eu não conseguisse puxar todo o ar. Vi meus pais desesperados dentro de um carro da polícia e vi quem eu nem imaginava ver ali naquele momento, o John.
John é um amigo que já foi muito próximo meu, mas por conta do meu relacionamento com Alex nos distanciamos um pouco, foi a coisa mais idiota que eu fiz. Nossa amizade era linda, John e eu tínhamos uma conexão de outro mundo. Mas tudo se perdeu por causa de Alexander.
Minha mente viajou enquanto eu via minha família chorando, as pessoas pedindo minha liberdade, a polícia nos prédios mirando armas com laser em nós... Quando senti minha barriga molhada e uma ardência horrível, olhei para baixo e era sangue, muito sangue na camisa branca que eu vestia. Logo vi a polícia vindo em minha direção e lentamente eu sendo puxada para trás, caindo devagar.

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Wonderwall
FanfictionMegan Kessler é uma atriz famosíssima de Hollywood que por um infortúnio da vida vira refém em um assalto ao banco em uma manhã que tinha tudo para ser tranquila. Após sobreviver a esse fatídico dia ela se vê traumatizada com tudo que aconteceu e p...