três - esclarecimento.

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1178 PALAVRAS.
⚠️ Insinuação de sexo.

- FICA A VONTADE, minha casa é sua casa, etc. - Samuel murmura assim que entra em seu apartamento, dando espaço para Kaiser entrar.

Tinham combinado de conversar ali. Kaiser estava obviamente agoniado de ter que esperar tanto tempo para falar com o carioca, mas se precisava ser paciente para esclarecer aquilo, então seria.

A sala de Samuel tem uma parede escura e é cheia de quadros de jogos, animes e séries. Também tem algumas action figures. Kaiser se pegou pensando como seria o quarto dele.

- Quer um café? Fiz de manhã. - Norte pergunta, encarando o mais velho. Este nega, o que faz Samuel se sentar no sofá. - Tá bom.

Cohen se senta ao lado dele, e sorri fraco ao perceber um gatinho se aproximando. É da pelagem conhecida como escaminha e encara Kaiser com curiosidade.

- Essa é a Milu, a gata de uma amiga. Tá ficando aqui comigo enquanto ela viaja.

- É uma gracinha. - Kaiser se abaixa para acaricia-la, mas ela desvia e se afasta. Com o silêncio que se instala, é impossível para o hacker não suspirar e decidir começar a falar de uma vez. - Ei, Samuel... Sobre a festa do Tristan...

- Sim?

Kaiser não se lembra da última vez que fez algo que se arrependeu e precisou ser honesto e se desculpar. É que ele não é alguém que costuma fazer as coisas no calor do momento, mas a bebida o fez agir diferente do normal.

- Desculpa por ter ficado estranho com você mais cedo. Não foi por causa do beijo. - o Cohen começa, baixo. Samuel só ouviu porque estavam próximos. - É que eu... Não tenho o costume de beber, e ontem eu exagerei. Não lembro de praticamente nada do que eu te disse, e... Eu fiquei envergonhado. Foi mal.

O carioca dá uma risadinha e assente.

- Entendi. Então me ignorou por que ficou com medo de ter falado besteira pra mim? - o Norte pergunta, irônico. Kaiser permanece em silêncio. - Só pra constar, só teve uma coisa que eu não sei de onde cê tirou.

O cabeludo encara o parceiro, que coça sua barba rala no queixo. Depois de alguns segundos de silêncio, ele abre a boca.

- Quem foi que te disse que eu tô com a Clarissa?

Kaiser sente sua boca secar com a oração. Caralho, ele tinha mesmo dito para Samuel que achava que eles estavam juntos? Não podia mais beber de jeito nenhum.

Vendo o olhar do carioca sobre ele, Kaiser desvia o olhar, encarando o chão.

- Ouvi por aí. - foi honesto; ouviu alguns agentes comentarem, e julgou ser verdadeiro. Agora se sentia burro.

- Hm. Olha, se te conforta... A Clarissa é lésbica. Além disso, eu e ela somos amigos há anos, eu vejo ela como uma irmã! - Samuel diz, e o peito do Cohen se alivia, assim como seus ombros. - Mas por que enfiou isso na sua cabeça? Se nós namorassemos, o que teria demais?

EU quero namorar você, seu burro. Kaiser quis dizer, mas se conteve.

- Não teria nada demais. Só... ouvi e fiquei curioso. - ele mente muito mal, e Samuel sabe. Os meses que passaram trabalhando juntos ajudaram nisso.

- Ciúmes, Kaiser? - o mais novo pergunta em tom sugestivo, cruzando os braços. O rosto do Cohen se torna vermelho ao perceber o sorrisinho do outro.

- Cala a boca. - o cabeludo resmunga, arrancando uma risada de Samuel.

- Você não negou!

Kaiser vira o rosto para o teto, envergonhado demais para encarar o outro hacker. Mas uma movimentação no sofá o faz encarar Samuel de canto de olho.

- Se não vai admitir que tá com ciúmes, então admite que quer me beijar de novo.

O Cohen perdeu o fôlego ao perceber o rosto do carioca a milímetros de distância do seu. Os olhos escuros lhe encaravam com intensidade, quase o engolindo, e ele engoliu a seco.

Samuel não estava enganado, ele queria beija-lo de novo. Mas e se Samuel estivesse brincando com a cara dele? E se...

- Nossa, que silêncio. Assim você me magoa, cabeludo.

Kaiser piscou, surpreso, quando sentiu uma das mãos do carioca em sua coxa. Ao mesmo tempo o olhou nos olhos, percebendo que ele se aproximava. Aquilo definitivamente não era uma brincadeira. Estavam realmente prestes a se beijar, e desta vez, nenhum dos dois estava bêbado.

Pelo contrário, o Cohen estava mais do que sóbrio e consciente. Por isso ele fecha os olhos e se permite ser beijado por Samuel. Ele tem uma sensação de dejavu, porque já sentiu aqueles lábios contra os dele uma vez, mas foi tão delicioso quanto a dois dias atrás.

Samuel tem uma boca quente e macia, e apesar da de Kaiser ser totalmente o contrário, as duas se encaixaram perfeitamente, causando uma sensação gostosa no estômago de ambos.

Kaiser ansiou por mais contato, levando suas mãos para o corpo alheio, passeando seus dedos pelos braços de Samuel. As mãos do carioca, entretanto, se dividiram; a que estava na coxa apertou o tecido, e a outra subiu para a nuca do hacker, o apertando e aprofundando ainda mais o beijo.

Eles perderam a noção do tempo. Beijaram-se várias e várias vezes, se separando por segundos antes de voltarem a se beijar. Mas isso não pareceu satisfazer Samuel, que parou com os beijos na boca para beijar outro lugar.

- Samuel... - Kaiser suspira, sentindo os beijos molhados dele em seu pescoço. O cabeludo mordisca o lábio inferior, temendo soltar algum barulho impróprio. - Não é melhor... ir pro seu quarto?

O carioca para e se afasta minimamente para encarar o parceiro, dando um sorriso em seguida.

- Acho que não é só álcool que te deixa atrevido, anjinho. Uns beijos também te deixam soltinho... - o Norte sussurra e se levanta, puxando o outro pela mão. - Vou pegar leve contigo, tá?

- Vai se foder. - Kaiser resmunga, enquanto era puxado por Samuel pelo corredor, ouvindo sua risada alta.

.

Quando Kaiser acordou, algumas horas depois, ele ficou encarando o teto e lamentando a dor que sentia nas juntas.

Não conseguia olhar para Samuel - que roncava ao seu lado -, por se lembrar perfeitamente das coisas que tinham dito um para o outro.

O Cohen não é muito chegado a bebidas, mas se pudesse ter bebido para esquecer das coisas obscenas que disse, então beberia cem latinhas.

Por outro lado, não queria esquecer do resto, sem a parte verbal. Samuel foi maravilhoso, lhe beijando com carinho e perguntando toda hora se o hacker queria parar por ali.

É claro, só recebeu respostas negativas e xingamentos, mas a intenção foi fofa.

Enquanto pensava na noite que teve, passaram-se alguns minutos até ele sentir uma movimentação na cama. Ele finalmente olha para Samuel, que está sem camisa e se espreguiçando.

- Nossa, que horas são? - ele pergunta baixo, se esticando para ver o celular na cômoda ao lado da cama. - Ah, ainda dá tempos de dar uns beijos nesse seu rostinho bonito, hein?

Kaiser revirou os olhos, mas retribuiu a todos os beijos do carioca.

E enquanto sentia sua cintura sendo acariciada, ele agradeceu pela festa de Tristan e por ter bebido tanto nela. Se não tivesse feito isso, talvez não estivesse ali...

o que vários copos de whisky fazem. (sa.mu.ai.ser)Onde histórias criam vida. Descubra agora