-Saúde, amiga! -Exclamou Vero, batendo o copo de cerveja de leve de encontro ao de Lauren na festa de aposentadoria do almirante. O tilintar do vidro se perdeu no mar de vozes bem moduladas, de música entediante de câmara e do ruído quase inaudível do ar-condicionado da mansão. -Deve ser dito, o velho tem estilo.
Lauren deu de ombros. Havia crescido como pobre o bastante para saber apreciar o fato de que, ao usarem copos ali na festa em vez da habitual e vulgar garrafa de cerveja, o sujeito do bufê incumbido de lavar a louça não ficava sem serviço e sem seu meio de sustento. Para além disso, no entanto, a opulência mais a confundia do que impressionava. E de que adiantava? Os ricos se preocupavam mais em ostentar sua fortuna do que os caras fortes em ostentar os seus... Músculos?
Nem sonharia em dizer isso a Vero, naturalmente. Em comparação aos Iglesias, a família dela, o almirante Cabello não vivia num lugar muito melhor que o estacionamento de trailers onde Lauren cresceu.
-O que acha que ele vai fazer agora que está aposentado? -Perguntou Vero num tom corriqueiro, enquanto olhava ao redor, observando a multidão de convidados. -Colocar uma daquelas camisas floridas e ficar cuidando do jardim?
-Espero que alguém tire fotos. -Lauren riu. Depois de mais um gole de cerveja, deu de ombros. -Ele mencionou que vai dar consultoria em Washington D.C. e talvez iniciar alguns programas aqui na base naval.
Ali estava algo excelente em Vero. Não se importava com o fato do almirante e Lauren terem uma relação um pouco mais próxima. Por outro lado, o tio de Vero era senador e o pai possuía metade do Norte da Califórnia, o que lhe assegurava seus próprios contatos influentes.
-Para que se aposentar, então? -Indagou ela. -A aposentadoria foi feita para uma pessoa relaxar, certo? Não é como estar de licença remunerada diariamente?
Lauren fez uma careta. Aquilo era relaxar demais a seu modo de ver. Como aquela festa. Esse tipo de evento não era do seu feitio. Olhou ao redor, à procura de um garçom e outro copo de cerveja.
Ao contrário dos pobres civis que se viram obrigados a usar smokings, ela e Vero, juntamente com outros oficiais, tiveram permissão para usar os uniformes brancos de gala. Não eram como a farda de serviço, mas semelhantes o bastante para fazê-la sentir-se confortável.
-Senhora. -O garçom fez uma ligeira mesura enquanto trocou o copo vazio dela por um repleto de cerveja gelada.
-Vou perdoar o senhora só porque me trouxe cerveja. -Vero riu da frase citada.
Lauren moveu os ombros contra o tecido restritivo do uniforme. Ao menos, costumava se sentir confortável antes. Pela primeira vez, era como se o uniforme não lhe caísse bem.
-O que está havendo? -Perguntou Vero, trocando o próprio copo. -Você está inquieta como nunca desde que chegamos.
-Quero apenas ir embora assim que possível. Este tipo de festa não faz o meu estilo.
-Amiga, você tem que festejar onde houver música tocando. -O sorriso de Vero desapareceu tão logo as palavras saíram da sua boca. Essa havia sido a frase favorita de Jessy.
Lauren olhou para o próprio copo de cerveja. Haviam sido treinadas para isso.Haviam embarcado em toda e qualquer missão cientes de que havia não apenas a possibilidade, mas a probabilidade, de que, cedo ou tarde, um deles não voltasse. Então, qual a razão do drama emocional? Por que não diminuía, passava?
-Jauregui, Iglesias, fico contente que tenham vindo. -Declarou o almirante num tom alto, social e caloroso. Em contraste à voz autoritária e seca que costumava usar para vociferar ordens. Não havia muita diferença, na verdade, a não ser pelo sorriso largo no rosto.

VOCÊ ESTÁ LENDO
𝔖𝔢𝔡𝔲𝔠𝔱𝔦𝔬𝔫 | 𝔏𝔞𝔲𝔯𝔢𝔫 ℑ𝔫𝔱𝔢𝔯𝔰𝔢𝔵𝔲𝔞𝔩
RomansaA fuzileira naval, Lauren Jauregui conhece o regulamento do início ao fim e o cumpre com precisão. Mas quando uma missão termina em tragédia, todo o seu pelotão é afastado por duas semanas. Para sua sorte, Lauren encontra uma latina estonteante e pe...