Capítulo único
Mahina não sabe explicar a sensação que sente sempre que está dançando, mesmo que o sentimento lhe acompanhe desde muito nova.
Agradecia mentalmente a sua mãe que lhe inscreveu nas aulas de dança, mesmo que o balé não seja mais o seu lar.
Definitivamente não perdia nenhuma aula, nenhum compromisso era importante o suficiente para lhe impedir de caminhar apressadamente em direção ao estúdio.
Nesse dia específico, não havia quase ninguém. Mudar a aula de quinta para sexta sempre rendia um alto número de faltas. Alguns colegas ensaiavam do lado contrário uma coreografia para uma competição que se inscreveram enquanto dois solistas treinam ao fundo e um grupinho conversa distraidamente em meio às várias mochilas jogadas no chão.
Depois de revisar pela terceira vez a coreografia que estava montando, pegou sua mochila em meio ao grupinho depois de comprimentá-los e se jogou no chão de maneira preguiçosa, seu professor estava novamente atrasado. Enquanto bebericava sua água, um amigo em especial se sentou ao seu lado.
— Boa noite? — Sorriu tranquilo esticando as pernas compridas, estavam próximos o suficiente para suas pernas se encostarem.
— Esqueceu sua garrafa de água de novo, imagino. — Mahina sorriu quando ele levantou ambas mãos em sinal de rendição aceitando a culpa.
Lhe estendeu a garrafinha depois de um último gole, seus dedos se tocaram sutilmente, mas o suficiente para fazê-la sentir novamente aquilo que lhe perseguia a meses.
Conversaram tranquilamente por longos quinze minutos, Mahina gostava da maneira que ele falava empolgado sobre o curso de fotografia que iniciou a alguns meses e gostava mais ainda da maneira que ele prestava atenção em cada uma de suas palavras enquanto comentava sobre o sonho que lhe perseguia a anos: viver de arte.
O professor chegou empolgado, a energia contagiante que ele exala contamina a sala toda como uma epidemia, é impossível sentir-se pra baixo quando ele chega, aos olhos de Mahina, o tipo de pessoa que não só nasceu pra dançar como nasceu pra ensinar.
Não precisavam de palavras para se entender, quando o professor anunciou que seria uma aula em dupla, seus corpos se moveram sorrateiramente para o lado um do outro de maneira automática.
Um desafio, criar uma coreografia para a música em menos de quinze minutos, a dupla vencedora ganharia um prêmio.
Ela não se assustou, do contrário, gostou da ideia, não só por ser a música que estava viciada no momento. Draken entretanto estava calmo, sua expressão mostrando a tranquilidade de sempre mesmo que exale uma aura selvagem.
Tentadoramente selvagem.
Mahina o apreciava em segredo às vezes, a tatuagem lhe chamava atenção de maneira perturbadoramente constante, hora ou outra se imaginava dedilhando a região do undercut, seus dedos se envolvendo nos fios loiros que quase sempre estão presos por uma trança ou então um coque samurai. Balançou a cabeça devagar, ato que não passou despercebido por ele, que sorriu deixando-a levemente tímida, de novo havia parado de maneira aleatória encarando-o.
— O que foi? — Perguntou se aproximando.
— Nada — disfarçou — apenas pensando na coreografia.
— Podemos reciclar a que criamos da última vez. — Propôs.
— Boa ideia, mas não vai ficar meio óbvio?
— Não. Vamos improvisar. — Brincou dando-lhe uma piscadela travessa.
Ela entretanto, sentiu algo em seu interior se revirar, ele lhe causava essas sensações mesmo com as coisas mais simples.
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Mad Love - Draken
RomansaMahina faz parte do grupo de dança de sua cidade, entretanto, seu parceiro de equipe e melhor amigo tem feito sentimentos avassaladores lhe invadir. Quando seu professor impõe um desafio de dança em dupla ao som de uma música extremamente específic...