1 - Ego dont curant.

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O recinto estava plácido, o som que ecoava pelos cantos do estúdio era apenas a que a máquina emitia tendo as agulhas se movendo em velocidade lépida. O âmbito isento de luz, a única luminescência presente era a qual a ring light irradiava sobre braço níveo da criatura deitada sobre a maca.

O ser tinha seus olhos fechados, a face não expressava reação alguma em consequência da tinta adentrando na derme a cada átimo. O sujeito se achava num sono não tão profundo, pois ele atentava a audição no barulho que já tinha como satisfatório e favorito há algum tempo. Talvez o rapaz tinha um quase vício aparente por fazer novas tatuagens.

Um sino ecoou por todo cômodo, era a campainha do estúdio sinalizando um provável cliente, o tatuador empurrou os pés contra o chão para mover sua cadeira de rodinhas até as costas da maca, onde tinha um botão vermelho, com o cotovelo ele pressionou ali, a porta do local fora aberta automaticamente e leds foram ligados no teto, deixando o cômodo na cor roxa. O rapaz continuava dormindo levemente, sequer parou para focar sua atenção ou dar espaço para ser curioso e observar quem havia chegado.

— É essa imagem aqui, você acha que demora ou dói muito na parte interna da coxa? Eu tenho medo de agulhas, sabe? – A voz era cismática, embora calma, seu tom era doce. O rapaz mostrava a foto de seu celular ao tatuador.

— Olha, sempre vai ter umas regiões que vão doer mais do que outras, mas como a tatuagem é pequenininha não vai ser uma dor prolongada. – Desta vez, fora o tatuador a dissertar as palavras, retomando seu posto anterior e focando a atenção e campo de visão somente na pele que retornará a tatuar com primor.

— Certo, eu irei esperar. – Já havia mandando mensagem pela manhã marcando horário, simplesmente não havia chegado para fazer assim, tinha ciência de que tatuagens eram feitas por horas marcadas. Seus olhos se transformaram em dois traços pequenos quando o jovem rapaz sorriu gentilmente, ajustou a touca que cobria toda sua cabeça, buscou por um acento, eles eram sitos no canto da sala, detrás da maca ocupada e ali ficou.

E o silêncio prevaleceu durante vastos instantes, por aproximadamente cinquenta minutos. O recém chegado mexia em seu telemóvel, estava com fones e sua atenção era unicamente no joguinho com objetivo de obter a maior pontuação por cortes de frutas, fruit ninja.

— Já pode olhar no espelho. Diga-me o que achas. – Dissertou o tatuador ao finalizar a limpeza, a tinta escorrida pelo braço musculoso do homem que já tinha seus lumes despertos por algum tempo incontável. Sem pressa, ele levantou da maca, sua camisa social tinha todos os botões abertos e apenas o braço que não recebeu agulhas adentrando em si estava coberto pela manga longa e a jaqueta preta de couro. O membro tingido de tinta preta estava completamente desprovido de vestimentas, afinal, era preciso que toda aquela pele estivesse exposta, dando possibilidade da tatuagem ser concluída.

Já de pé, defronte a um enorme espelho que se estendia do teto ao chão, o rapaz mirava seu corpo através do reflexo. No canto de seus lábios, um sorrisinho satisfeito. Sua nova tatuagem era incrível, o tingimento estava envolto de seu braço, subia até a parte superior de seu ombro e, por fim, a arte chegava ao fim na sua escápula. Era o desenho de uma cobra que se dava início com a cabeça na escápula do corpo daquele homem e o fim nas costas de sua mão, onde tinha a ponta do rabo da cobra na reta final, a cobra estava envolta de seu braço, como se estivesse esmagando ele do começo ao fim.

Vermelho 105. Jjk + Pjm.Onde histórias criam vida. Descubra agora