A liberdade dos estudos.

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  Anos depois, Elora acorda em seu quarto, onde dorme com a Staryu e um Marill, seu novo amigo. Decorado por globos terrestres, mapas e o mapa das regiões de Kanto e Jhoto que copiou das páginas de um livro dado de presente por Helior, junto de um pacote de folha vegetal. Elora emoldurou seu primeiro mapa e o deixa por anos nas paredes de seu quarto.  O que a fez decorar as duas regiões por completo após tempos de estudo.

 Para Elora, assim como para seu pai, estudar era o que dava liberdade para se aventurar pelas regiões conhecidas e desconhecidas, pois com os estudos ela estaria preparada para o que der e vier. 

 Ao Elora descer as escadas, Hadassa está sentada á mesa do café, com o olhar perdido e desamparada. Ela tem estado assim nos últimos dias.

  - Mamãe ... - Diz Elora, seguidamente de um abraço apertado. - Eu sei o que você deve estar sentindo, eu acredito que os noticiários, os fofoqueiros ... estão todos errados. Como assim não encontraram o paradeiro da tripulação, como podem saber o que aconteceu?

  - É melhor aceitar quanto antes, minha filha. - Hadassa, sem esperanças de melhora, se apóia na forte filha que carregou o serviço doméstico praticamente nas costas desde que sua própria mãe perdeu a vontade de viver. - Me desculpe, minha vida ... eu estou o puro fracasso. Era pra eu ser seu porto seguro nos momentos mais complicados e ... olha só pra você, é que esta cuidando de mim! - Hadassa cai no choro, ainda nos braços da filha.

 - Mamãe? ... - Elora queria ser tão boa quanto Helior com as palavras, era ele quem sustentava os diálogos da casa e sabia exatamente o que dizer. Apenas apertou a mãe contra seu peito, pois sua forma de demonstrar amor pela mãe era claramente não verbal.

 Elora vai pra aula, estranhamente aquele era o local onde ela poderia esquecer de tudo, a não ser por Phyton. Phyton é uma garota alta de longos cabelos pretos, ela usava uma franja que escondia as sobrancelha e parte dos olhos. Ela sempre esteve acompanhada de um Grimer, Derick e Samir, dois garotos altos de ombros largos. Derick tinha cabelo espetado, rosto de traços fortes e sobrancelhas grossas. Enquanto Samir tinha cabelo raspado, risco na sobrancelha e sempre uma expressão séria no rosto. 

 Phyton foi a responsável por espalhar os boatos de que o pai de Elora havia falecido, na escola. Tudo piorou depois que encontraram um navio parecido na região de Hoen, já afundado e sem tripulante nenhum, vivo ou morto. Lá, apenas bandidos se abrigavam com a ajuda de pokémon aquáticos, para tentar pegar jóias deixadas por antigos passageiros, ou para roubar aventureiros desavisados que passavam por lá. Assim, ano pós ano, o ambiente escolar se tornou um inferno para Elora, que só tinha paz durante as aulas ministradas por professores extremamente rígidos, os quais preparavam seus alunos para serem mestres pokémon, cuidadores, médicos, cientistas ... dentre muitas outras profissões, pois pessoas extremamente importantes eram formados pelo Instituto Federal Lorelei de Vermilion, uma escola pokemón conceituada e conhecida pelos laboratórios, centros pokemón, donos de empresa e treinadores de toda a região.

  Professor Ikeda, o professor de genética, entra na sala de aula. Um homem de descendência japonesa, era baixo e tinha cabelos curtos e lisos, além de usar óculos. Na sua presença, a sala que tinha jovens tagarelas e cheios de energia, se cala. Era uma pessoa que impunha respeito por onde passava na escola, até mesmo na sala dos professores ele tinha autoridade no conselho. Tinha décadas de casa, era a palavra final no conselho entre os professores para discutir o destino dos alunos ao final do ano. Portanto, se recusava a usar terno e gravata em aula, para fazer seus alunos se lembrarem de suas raízes cientistas, e que trabalhava nas importantíssimas pesquisas dos fósseis descobertos há pouco tempo.

 - O Eevee é um pokemón ímpar, ele tem o  que chamamos de DNA índigo, pois todos sabemos que ele é capaz de ter oito evoluções conhecidas: Vaporeon, Flareon, Jolteon, Umbreon, Espeon, Leafeon, Sylveon e Glaceon. O que mais me intriga, é que esse DNA índigo abre tantas possibilidades que não sabemos quantas mais ramificações ele pode criar. Tipo voador? pedra? dragão, quem sabe? Novas mutações do Eevee podem ser descobertas em cada nova região. Acontece que algumas Eeveelutions não são possíveis através de pedras de evolução, como por exemplo o Espeon e o Umbreon, que devem ser treinados de dia e de noite, respectivamente. Por hoje, é isso. Estou até terminando a aula mais cedo para vocês poderem se preparar para a  prova final de genética semana que vem. Breeding, DNA índigo e Natureza. Eu quero vantagens, desvantagens, sabores apreciados e não gostados de cada natureza. O segredo para essa prova é o estudo constante. Quem tá estudando todos os dias, nem que seja meia hora por dia, desde o começo do ano, não vai precisar se esforçar excessivamente na última semana para se dar bem na prova. Para quem estudou para a prova, ela vai estar fácil. Mas se não estudou, é bom esconder bem a cola de vocês, porque não é só a nota da prova que vai estar em jogo, mas todo o histórico escolar.
Um aluno levanta a mão, ainda que receoso.
-A prova será com consulta? - Pergunta o garoto.
- Vocês podem usar uma folha de anotação, frente e verso. A folha de consulta deve ser escrevida por vocês a mão. Se não fizerem em casa, podem até apelar pro reino dos céus, mas se pedir a algum colega serão expulsos da sala sem direito à explicação!
Ao bater o sinal, o professor se despede e deseja boa sorte na prova. Mas antes de sair, Elora o pede pra esperar.
- Professor Ikeda, eu nunca ouvi falar do DNA indigo, sabe onde eu posso saber mais sobre ele?
- Olá, Elora. Esse conceito já existe a algumas décadas, mas só resolvemos batizar ele agora. Antes tratavamos apenas como uma anomalia genética, e pesquisamos cada vez mais quando descobrimos quem um pokémon lendário não só existe, como também possui esse tipo de DNA.
- Então existem outros pokémon com o DNA indigo ... espera aí, tá falando dos pokémon titãs lendários?
- Isso mesmo, os regi! Se algum dia for ao laboratório do Professor Carvalho, diga a ele que foi minha aluna, e pode nos ajudar a pesquisar mais sobre o assunto. Terá minha indicação e aprovação para um estágio em qualquer laboratório de Kanto, assim que terminar o colégio. Se precisar, prescrevo um documento te requisitando.
-Obrigada, professor. Mas ainda quero prestar o concurso pra marinha.
-É uma pena, Elora. Você é minha melhor aluna, e seria de grande ajuda nos estudos sobre o DNA indigo.

Phyton sai rapidamente junto a Samir e Derrick, e logo começa a reclamar.
- "Obrigada, professor ..." como se ele tivesse fazendo um grande favor! Eu preferia morrer a passar o resto da vida trabalhando num laboratório ao lado do senhor Ikeda. O pior é que se eu não passar nessa prova, é capaz da minha mãe me matar! - quando vê Elora saindo da sala, resolve falar com ela.
- Pokémons aquáticos? Fala sério! Todo mundo sabe que o melhor inicial pra fazer uma jornada pelos ginásios de Kanto é o Bulbassauro, você não vai nem passar do ginásio tipo elétrico aqui de Vermilion.
- Me da licença? Tenho mais o que fazer. -responde Elora, se desviando do caminho de Phyton.
- Não mesmo! Me passa o rascunho que você fez para a prova do Ikeda, ou eu te arrebento!
- O esforço que vocês fazem elaborando colas ou roubando tarefas é muito maior do que só estudar para a prova! E não estou interessada em suborno dessa vez.
- Qual é, fedida? Não ta precisando de ajuda em casa desde que perderam o sustento?
As palavras de Phyton atingiram Elora profundamente, e por algum momento ela se vê fora de si. Elora desfere o soco mais bem dado que já tinha dado, fazendo com que Phyton recue e colida sua cabeça contra a parede do corredor. Com as mãos na parte de trás da cabeça, Phyton olha fixamente nos olhos de Elora e diz:
-Pega a fedida, vamos levar ela pra cobertura.
Sem pestanejar, os dois brutamontes que acompanhavam Phyton carregam Elora para a cobertura do prédio contra a vontade dela.
-Agora amarrem o cardaço dos sapatos dela um no outro, naquele poste.
Samir e Derick levam Elora até um poste próximo ao limite da cobertura, e envolvem as pernas dela no poste. Depois, amarram os sapatos dela um no outro bem firme, juntando os pés dela. Assim, Phyton a empurra e ela fica pendurada de cabeça pra baixo, prestes a cair, mas presa pelos pés que estão firmemente agarrados ao poste.
Elora nunca sentiu tanto medo, as coisas lá de cima não pareciam tão longe. Logo ela fica enjoada e gorfa, então decide fechar os olhos.
- Me tirem daqui! - agonizava.
Phyton revira a mochila de Elora e pega suas anotações para a prova do Ikeda.
- Não precisava disso, você poderia ter só me dado. Podem deixar ela aí, os sapatos estão bem amarrados. Vão ganhar dois sorvetes bem recheados quando sairmos daqui.
Derick e Samir acompanham Python, aos risos.
Elora começa a se balançar, afim de alcançar o poste. Assim que consegue, o agarra e começa a se mover para chegar ao outro lado. Ao chegar ao lado de piso firme, Elora desamarra os sapatos com dificuldade, pega suas coisas e sai.
Ela sabe que se contar aos professores, a primeira coisa a se fazer será contar à sua mãe. Sabe também, que a mãe não tem estruturas pra suportar a ausência do amor da sua vida, muito menos para lidar com sérios problemas escolares da filha. Portanto, Elora segue em frente e aguenta mais uma das ações insuportáveis de Phyton. "Só mais uma semana, e estarei livre desse inferno", pensa ela, ao chegar em casa e ajudar Hadassa a fazer o jantar.

  

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⏰ Última atualização: Feb 11, 2022 ⏰

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Pokémon: Elora's adventuresOnde histórias criam vida. Descubra agora