O show das Staryu

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  O sol nem chegou a raiar e os seres de hábitos noturnos ainda estão em suas última hora de rotina, antes de voltarem pra descansar em um lugar seguro, dando lugar a outro tipo de fauna no fantástico mundo Pokémon. Nesse mundo, os animais sofreram mutações genéticas, e adquiriram poderes extraordinários em prol da sua sobrevivência. Como no mundo como conhecemos, esses seres adquiriram hábitos e se instalaram em habitats que os beneficiariam de alguma forma, facilitando o processo de mutualismo, comensalismo, cooperação ... dentre outras relações entre as espécies. Essas, são relações naturais entre diferentes indivíduos que podem beneficiar as duas partes, ou apenas uma delas. Como quando Bellsprouts enrolam suas raízes nos galhos de árvores para obter proteção e luminosidade.

 Acontece que depois de anos de luta pela sobrevivência num mundo caótico onde os animais são super poderosos, a evolução humana permitiu a cooperação entre humanos e pokémon. Assim que os humanos ofereciam água, comida, proteção, afeto e dentre outras harmonias, os pokémons viviam em harmonia com esses humanos e até se permitia ser treinado por eles, criando um forte laço de amizade baseado em benefícios e respeito um pelo outro.

 Enquanto o dia-a-dia dos pokémon mal está começando, a pequena Elora, uma linda garota de cabelo estipo channel roxo e pele escura, já está de pé. Como um raio, ela passa pela porta do quarto dos pais.

  - Papai! Acorda, papai! Anda! - Exclama a menina, pulando ao lado da cama.

 - Helior! ... Precisava ser hoje? Precisava tão cedo? - Resmunga Hadassa, (uma mulher alta, branca e de longos e lindos cabelos pretos, infinitamente belos aos olhos da filha) ainda com o rosto enfiado no travesseiro, tentando abafar os ouvidos.

 - Precisava? - Diz Helior (um homem de pele escura e corpo avantajado, com seus últimos fios de cabelo ainda restando da cor roxa, como os da filha), em tom provocativo.

 - É claro que precisava! Essa é a última noite de verão, e nem construímos nossa jangada ainda. O show das Staryu é hoje a noite, e nós combinamos! - Reclama Elora, que ainda não tinha o senso de humor apurado de seu pai brincalhão.

 - Minha querida ... mas você vê todos os anos. - Provoca Helior, com um sorriso de canto de rosto, quase não aguentando segurar o riso na frente da filha.

 - Não é verdade! Essa é a primeira vez que a mamãe deixa eu navegar até a ilhazinha! - Elora, agora emburrada, beirando a vontade de chorar.

 - Está bem, haha. Vá preparar um café bem gostoso pra sua mãe, porque ela merece, Já vamos descer!

 Assim, a garota corre pela porta e coloca torradas para assar, estende uma linda toalha azul sobre a mesa, pega leite, queijo e geléia na geladeira, além de uma garrafa térmica com café. Serve tudo á mesa com uma disposição incomum, antes de ir em direção á TV, num canal de documentários sobre a vida marítima enquanto espera os pais para uma boa refeição.

 - Bom dia, Primenape! Pode me dar uma licencinha?

  A contragosto e com cara de poucos amigos, o Primenape de Helior recolhe suas pernas do sofá onde estava assistindo à televisão deitado e se senta. Elora se senta ao lado de seu velho amigo, por mais que rabugento.

 Após um café reforçado, Elora e seu pai saem. 

 - Elora, qual a primeira coisa que se faz antes de construir um jangada?

 - Procuramos madeira! Depois, fazemos as medidas e separamos a madeira em toras e placas. Então ... - A garota parece tão empolgada que poderia passar o dia todo falando sobre isso.

 - Isso mesmo, como o pai ensinou.

  Helior passa o dia martelando, furando, amarrando, dando nós ... pedia o auxílio da filha para pequenas tarefas e para buscar água, explicando além de como se constrói uma jangada de forma prática, a importância de se hidratar em uma viagem em alto mar e cuidados para não pegar insolação. Enquanto a filha não tira os olhos, brilhando de admiração, dele.

 - Vai ser a minha marinheira, a melhor do mundo! - Helior coloca o chapéu de marinheiro feito com folha de caderno e pintado de azul cuidadosamente por Elora.

 De noite, Elora termina de comer, pega um casaco e corre para se sentar na jangada, esperando seu pai.

 -Não está se esquecendo de nada, gêniazinha? - Pergunta Hadassa, ainda à mesa.

  Elora prontamente caminha a passos rápidos até a mãe, e da um beijo e um abraço apertado. 

  Helior e sua companheira embarcam na jangada, e acenam para Hadassa ao começarem a pequena navegação até uma ilha à vista a alguns metros da cidade de Vermilion, após contornar a barreira de pedras que a protege. Lá, eles assistem a um show de luzes que o bando de Staryu e Starmies faz na última noite de verão, brilhando seus cristais vermelhos no centro de seus corpos e rodando membros em formatos estelares. 

 - O que está acontecendo, Elora?

 - São as Staryu e Starmies dando adeus ao verão, papai. Elas são lindas estrelas-do-mar que brilham seus cristais e depois usam seu jato da água com as luzes para formar um arco-íris, mesmo sendo noite.

  - Isso mesmo! E aquelas outras estrelas no céu? Já sabe identificar?

 Elora enumera todas as constelações a vista, acompanhando com o dedo os desenhos de cada uma.

  - Sei graças a você, Pai. Você me ensinou tudinho.

  Helior envolve seus braços em sua filha, a trazendo pra mais perto enquanto ainda assistem o espetáculo da natureza.

 - Filha, você com certeza vai ser algo grandioso! Não me importa se vai conseguir ser marinheira ou não. Você é uma pessoa interessada, entusiasmada pelas belezas do mundo, e me orgulha desde já pela garota incrível e sábia que você é. Mas nunca deixe de agradecer à sua mãe, eu tenho as duas mulheres mais inteligentes do mundo, mas não deixe sua mãe saber que você é mais. - A última frase claramente teve tom de deboche e foi seguida de uma piscada de olha, o que diverte a filha. 

 - Hihi! Elas já estão indo embora, papai. - Elora acena pras Staryu.

 - Muito bem! Mas agora precisamos ir, o show já está quase acabando e eu preciso viajar amanhã bem cedo. Mas antes ... 

Helior lança uma pokebola com toda a sua força na direção de uma pequena Staryu, que parecia deslocada do grupo. Assim que a captura se confirma, a esfera volta pra sua mão. Ele entrega na mão da sua filha.

 - Essa provavelmente seria deixada pra trás, cuide bem dela. Ela não serve a você, serão boas amigas e se ajudarão quando for necessário.

 Elora quase não se aguenta de felicidade, ao chegar em terra firme, corre em direção à Hadassa para esbanjar seu presente.

  - Olha mamãe! tenho uma Staryu, ela vai ser minha melhor amiga!

 - Que legal! agora vai deitar, amanhã você tem escola.

 Normalmente uma criança bufaria, ou faria manha ... mas Elora corre em direção ao seu quarto.

 Helior abre uma garrafa do melhor vinho, entregando uma taça à Hadassa. Os dois adultos se beijam  e passam alguns minutos abraçados, apreciando a companhia um do outro, aproveitando o fato de finalmente estarem a sós.

 Na manhã seguinte, o navio S.S Anne parte para um destino longínquo. Marinheiros de toda a cidade acenam com seus lenços brancos para se despedir das suas famílias, com um sorriso no rosto e lágrimas no olhar. Pois a partida em alto mar, sempre deve ser encarada como um "até logo".


Pokémon: Elora's adventuresOnde histórias criam vida. Descubra agora