Mal Feito 💥

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Acordei faz 1 semana e ainda estou me recuperando desse acidente a qual fui acometida. Ainda estou tentando entender o que aconteceu, entender a perda do Bahia e do meu tio mas a dor está sendo agressiva e constante.

A dor corporal do trauma é o que mais me incomoda, cada pedaço do meu corpo dói e não é uma dor amena é algo insuportável que eu tenho que está sempre a base fortes remédios.

Estou confusa e tentando assimilar o que aconteceu aconteceu, Maraisa está ao meu lado com toda paciência do mundo me contando o que houve. As vezes tenho lapsos de memória e esqueço de algo..

Todo dia minha mãe vem me ver, assim como Maiara, João e outros amigos íntimos. Estou fazendo fisioterapia para restabelecer meus movimentos, uma psicóloga vem sempre conversar comigo o que eu gosto muito já que tenho tantas perguntas frequentes sobre a minha confusão mental e ter uma certa questão interna que desde que voltei não sai da minha mente.

Todo dia as 16h ela vem aí meu quarto e conversa comigo por um certo tempo, eu não sei o porque mais sinto que a conheço... o rosto dela era tão familiar mas eu não lembrava de onde... Lia era seu nome e toda vez que eu à via me perguntava de onde eu a conhecia ?!

Ela tem me ajudado com os lapsos de memória, a entender meu estado hospitalar e outras questões internas, sinto que preciso lembrar de algo muito importante mas toda vez que eu forço a lembrança a minha cabeça dói. Lia me disse que eu precisava de mais um tempo para meu corpo amenizar a dor do impacto pois ainda era recente o meu trauma. Ela disse que tudo tem seu tempo e que na hora certa eu vou me lembrar... engraçado, isso me soou familiar.

Eu olhava para Maraisa e via uma mulher inabalável na minha frente, ela se fazia de forte mas sei que por dentro ela estava quebrada. Sentia um certo olhar carregado de dúvidas e mágoas mas em nenhum momento ela saiu do meu lado.

Eu sabia que parte disso era culpa minha por ter feito escolhas que a machucaria.. antes do acidente, todas as noites que eu podia deitar e poder pensar na minha vida eu imaginava como contaria a ela o que eu precisava contar, não queria magoá-la ou acabar o meu casamento mas eu sabia que precisava conversar mas o medo das consequências me dominava.

Queria ver meus filhos, poder abraçá-los e dizer que os amo, estou com tanta saudades... me contive apenas por uma chamada de vídeo, quando os vi eu desabei em lágrimas só de pensar que por um fio eu nunca mais os veria, ouviria eles me chamando de mamãe. Imaginei a dor da minha mãe em pensar em me perder, porque a perca de um filho deve ser uma dor dilacerante, ainda mais quando de forma tão bruta.

Meu irmão ficava comigo todas as tardes, ele me fazia sair daquela bolha de hospital e me fazia sentir fora da realidade, me contava de como ele e o parceiro de sua dupla estavam animados para o lançamento da nossa música calculista e pensar que ele nem queria gravar comigo —rs. Entretanto eu também sentia que ele tinha algo a me falar, eu percebia que ele me encarava como se tivesse uma bomba a jogar em cima de mim.

A noite Maiara, Henrique e Juliano vinham para contar todas as fofocas que eu fiquei de fora. Maiara me contou que novamente foi traída pelo Zor e eu bem falei a ela que isso aconteceria mas ela gostava daquele chá de cama — riamos tanto e ao mesmo tempo agradecíamos pela dádiva de eu estar ali. Poderia ser a mais nova do bando mas o nosso tratamento e amor uns pelos outros era igual.

Toda vez que Henrique me via cantava um trecho de "a flor e o beija-flor" para mim, eu via seus olhos sempre carregados de emoção e gratidão a Deus por ter me deixado ficar. O Juliano sempre com piadas de relacionamento comigo e em troca eu sempre o lembrava da porca que ele deu pra esposa de presente — eu amava eles, amava estar ali.

Outro dia era cedo e eu ainda estava sob o efeitos de remédios tentando acordar e ouvir uma conversa de Maraísa com minha mãe. Ela falavam de uma mulher que tentou entrar no quarto e os seguranças não deixaram, estava tão dopada que não conseguia ouvir o nome ou o resto da conversa.

Mudou a estação - (Malila)Onde histórias criam vida. Descubra agora