Elisa
Faço um carinho no cabelo do Ethan quando Ingrid brinca dizendo que eu deveria inventar um produto para fazer os fios crescerem rápido a fim de ganhar um dinheiro extra vendendo-os para confecção de perucas. O loiro dourado e liso do meu garotinho é realmente de dar inveja. Hoje está ainda mais bonito porque caprichamos no visual para participar de uma apresentação de teatro na escola.
— Pode até fazer, mas o primeiro não vou vender, não. Enviarei ao Brasil porque o tio tá precisando, olha essa entrada aqui! — Ele se inclina no meu colo e aponta para a tela do computador, onde realmente meu cunhado apresenta indícios de calvície.
— Hã?!! Não, meu cabelo tá ótimo. Ainda sou novo, isso aqui é só um charme.
— Amor, novo você não é, não. Tá ficando velhinho, mas é meu velhinho lindo — minha irmã provoca o marido, dando um beijo no local da entrada.
Continuamos a chamada de vídeo rindo e de forma leve, como sempre acontece quando falo com os dois. Pode soar triste para alguns dizer isso, mas a verdade é que uma das melhores decisões que já tomei na vida foi me afastar dos meus pais.
Com eles, nada nunca era tranquilo. Vinha sempre com críticas, nervosismo e culpa.
Desde que cortei o contato com Madalena e Olavo, aquela ansiedade frequente que eu sentia diminuiu drasticamente. A terapia me ajudou demais a passar por essa etapa de separação que dói, no entanto, é fundamental quando nos faz mal.
Agora que Ingrid tem informação sobre tudo que vivi, minha mãe nem tenta mais falar comigo porque sabe que ganhei uma aliada. Combinei com a minha irmã dela só me contar dos dois se algo sério estiver acontecendo. Apesar de tudo, não consigo ficar desligada emocionalmente 100%. No fundo, há uma preocupação de filha com o bem-estar deles, mesmo que a recíproca não seja verdadeira.
— Elisa, vocês ainda pretendem vir pra cá? Se não virem em breve, eu vou me organizar pra ir aí. Estou morrendo de saudade de agarrá-los.
— Dylan está superanimado, depende só de conseguirmos alinhar uma folga razoável de dias para nós três.
Não tenho a mínima vontade de visitar meus familiares, o único motivo de viajar ao Brasil é matar a saudade dela, do meu cunhado e apresentar as belezas do meu país de origem para os homens da minha vida.
— Eu quero muito ir! — Ethan pula no meu colo, batendo palmas. — Estou doido pra experimentar mais iguarias. Tudo que a Li faz aqui de comida típica de vocês é delicioso. Se eu pudesse, comia brigadeiro todos os dias.
— Brigadeiro é muito bom, só perde pra cajuzinho!
— O que é cajuzinho? Esse nunca comi!
— Como assim, você nunca fez cajuzinho para o nosso menino, Elisa? — Ingrid faz cara feia na tela, mas só consigo sorrir com a expressão "nosso menino".
Ela também o adora e eu fico muito feliz por isso.
— Vou fazer esta semana, prometo! — digo para um Ethan que me encara em expectativa. — Cajuzinho é um doce comum em festas de aniversário infantil do Brasil, feito com amendoim e chocolate.
— Ai, que delícia! A Trinity ama amendoim, você pode fazer um pouco a mais pra eu levar pra ela experimentar também?
Ajeito meu corpo na cadeira, balançando o seu junto comigo sem querer. Preciso de breves segundos para respirar e controlar meu ciúme. Depois que Peter enfiou merda na minha cabeça sobre os dois, não ajuda em nada. A vontade de revirar os olhos é grande, no entanto, esforço um sorriso sair dos meus lábios.
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Science FictionFugir do laboratório foi só o primeiro passo de uma aventura que deixou marcas profundas nos cinco garotos trancafiados e em quem se arriscou para salvá-los. Cerca de dois anos depois, eles enfim acreditam que o pior já passou e que agora podem ser...