🩸 Capítulo 12

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Elisa

Faço um carinho no cabelo do Ethan quando Ingrid brinca dizendo que eu deveria inventar um produto para fazer os fios crescerem rápido a fim de ganhar um dinheiro extra vendendo-os para confecção de perucas. O loiro dourado e liso do meu garotinho é realmente de dar inveja. Hoje está ainda mais bonito porque caprichamos no visual para participar de uma apresentação de teatro na escola.

— Pode até fazer, mas o primeiro não vou vender, não. Enviarei ao Brasil porque o tio tá precisando, olha essa entrada aqui! — Ele se inclina no meu colo e aponta para a tela do computador, onde realmente meu cunhado apresenta indícios de calvície.

— Hã?!! Não, meu cabelo tá ótimo. Ainda sou novo, isso aqui é só um charme.

— Amor, novo você não é, não. Tá ficando velhinho, mas é meu velhinho lindo — minha irmã provoca o marido, dando um beijo no local da entrada.

Continuamos a chamada de vídeo rindo e de forma leve, como sempre acontece quando falo com os dois. Pode soar triste para alguns dizer isso, mas a verdade é que uma das melhores decisões que já tomei na vida foi me afastar dos meus pais.

Com eles, nada nunca era tranquilo. Vinha sempre com críticas, nervosismo e culpa.

Desde que cortei o contato com Madalena e Olavo, aquela ansiedade frequente que eu sentia diminuiu drasticamente. A terapia me ajudou demais a passar por essa etapa de separação que dói, no entanto, é fundamental quando nos faz mal.

Agora que Ingrid tem informação sobre tudo que vivi, minha mãe nem tenta mais falar comigo porque sabe que ganhei uma aliada. Combinei com a minha irmã dela só me contar dos dois se algo sério estiver acontecendo. Apesar de tudo, não consigo ficar desligada emocionalmente 100%. No fundo, há uma preocupação de filha com o bem-estar deles, mesmo que a recíproca não seja verdadeira.

— Elisa, vocês ainda pretendem vir pra cá? Se não virem em breve, eu vou me organizar pra ir aí. Estou morrendo de saudade de agarrá-los.

— Dylan está superanimado, depende só de conseguirmos alinhar uma folga razoável de dias para nós três.

Não tenho a mínima vontade de visitar meus familiares, o único motivo de viajar ao Brasil é matar a saudade dela, do meu cunhado e apresentar as belezas do meu país de origem para os homens da minha vida.

— Eu quero muito ir! — Ethan pula no meu colo, batendo palmas. — Estou doido pra experimentar mais iguarias. Tudo que a Li faz aqui de comida típica de vocês é delicioso. Se eu pudesse, comia brigadeiro todos os dias.

— Brigadeiro é muito bom, só perde pra cajuzinho!

— O que é cajuzinho? Esse nunca comi!

— Como assim, você nunca fez cajuzinho para o nosso menino, Elisa? — Ingrid faz cara feia na tela, mas só consigo sorrir com a expressão "nosso menino".

Ela também o adora e eu fico muito feliz por isso.

— Vou fazer esta semana, prometo! — digo para um Ethan que me encara em expectativa. — Cajuzinho é um doce comum em festas de aniversário infantil do Brasil, feito com amendoim e chocolate.

— Ai, que delícia! A Trinity ama amendoim, você pode fazer um pouco a mais pra eu levar pra ela experimentar também?

Ajeito meu corpo na cadeira, balançando o seu junto comigo sem querer. Preciso de breves segundos para respirar e controlar meu ciúme. Depois que Peter enfiou merda na minha cabeça sobre os dois, não ajuda em nada. A vontade de revirar os olhos é grande, no entanto, esforço um sorriso sair dos meus lábios.

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