🩸 Capítulo 7

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Dylan

Estaciono o carro o mais próximo possível da entrada e viro-me para o banco de trás a fim de tocar meus punhos contra o de Ethan, desejando-lhe bom dia. Beijos e abraços em público já não são a preferência do garotinho mais. Embora ainda seja amável e grudado em nós, é inegável que cresceu e está se acostumando ao comportamento dos adolescentes com os quais convive na escola.

Peter e Elisa fazem o mesmo, mas minha mulher não resiste a deixar um carinho no seu rosto antes dele pular do carro e ir na direção dos seus amigos que seguem animados rumo ao prédio bonito à frente.

— Não esquece que quem vai te pegar hoje é o Jimmy, tá bom? — Elisa o lembra, baixando o vidro do carona para ser ouvida melhor. — Eu passo lá no apê dele por volta das seis pra te buscar.

— Tá, pode deixar. Bom trabalho, Li.

O suspiro amável pelo apelido carinhoso não demora muito. Acompanho seu olhar e sorrio ao ver a cara de ciumenta que faz quando Ethan apressa o passo e se junta à Trinity, apoiando os braços nos ombros pequenos da menina. Ela estuda na mesma sala que ele e se tornou uma grande amiga, mesmo em pouco tempo que se conhecem. O caçula fala tanto dela em casa, que é divertido ver como o rosto da Elisa se contorce.

Minha mulher sempre foi protetora com os meninos, em especial com ele, e isso se intensificou ainda mais desde que conseguimos a guarda definitiva.

— Acho que tem alguém conhecendo o primeiro amor, hein. — Faço careta para Peter ao provocá-la de propósito.

A vontade de gargalhar é grande, mas prezo por minhas bolas e não quero Elisa de cara feia o resto do dia.

— Que primeiro amor, o quê! — retruca, brava. — Ele ainda é uma criança. Os dois são! Incentiva isso que eu dou um jeito de você nunca mais ver sua estimada edição de colecionador do box Ilíada & Odisseia.

— Credo, ela não sabe brincar! — Peter levanta as mãos, em sinal de rendição, com um sorriso ainda estampado no rosto.

Um dos seus grandes xodós na literatura é o escritor Homero. Não tinha lido nada dele enquanto estava no subsolo, foi Peter quem me emprestou vários exemplares. Os livros nos aproximaram ainda mais, assim como aconteceu com Elisa na casa de campo.

— Sobre isso, com certeza não sabe — reafirmo, pegando a mão dela para levar até meus lábios. — É melhor acreditar em suas palavras e não abusar da sorte.

Deixo um beijo entre os seus dedos, piscando para derreter um pouco sua carranca. Funciona, ela sempre sorri quando a toco. Sussurro um "eu te amo" e me permito apreciar por alguns segundos a beleza da minha esposa mais uma vez no dia.

Sou viciado em Elisa, completamente apaixonado em todas as suas versões.

— Tenho que melhorar esse ciúme, né? A menina é boazinha. — Balanço a cabeça concordando e apoio sua mão na minha perna para poder voltar a dirigir. — Fico feliz que Ethan esteja com bons amigos na escola nova.

Não passa despercebido por mim, nem por Peter, como Elisa enaltece a palavra "amigos". Sorrio para ele pelo retrovisor e volto para a estrada, rumo à universidade.

A escola nova não é tão perto quanto a outra, temos que desviar da rota habitual e contar com a ajuda de amigos para pegá-lo na hora certa em alguns dias da semana, contudo, está sendo ótima para Ethan.

Ele estava passando por alguns problemas de bullying que nos incomodavam demais. Era um grupo pequeno de garotos idiotas que o atormentava por causa da mutação, principalmente pela pele mais fria. Tornou-se um obstáculo irreparável quando a direção não fez nada e nosso garotinho passou a tirar notas ruins e a ficar com crises de ansiedade.

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