Amor de Anjo

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O anjo a observava da janela.

Ela dormia tranquila em sua cama. Em breve seria seu aniversário de 18 anos e ele já não iria mais ser seu guardião.

Atravessou a parede, a janela e foi de encontro a ela.

Tão linda.

Foi seu anjo da guarda desde o nascimento. A viu crescer como inúmeras outras crianças, a viu mudar como inúmeros outros adolescentes. A viu mulher, como nunca vira ninguém antes.

Aproximou seus dedos dos fios de cabelo que cobriam seu rosto e com um movimento a brisa os fez se alinharem para o lado.

-Está tudo bem? - A estrela guia no céu perguntou para o anjo.

—Sim senhor.

—Você sabe que não pode, não é?

—Sei.

—Ela é só uma humana. Você é mais que isso.

—Ela não é só uma humana. Nunca houve outra como ela.

—E mesmo se houvessem milhões, nunca poderia se aproximar. Veja suas asas.

Algumas penas, hora ou outra, se soltavam, e antes de cair no chão, sumiam. Anjos são feitos de matéria efêmera. Seus corpos não se misturam com o mundo material.

—Amor é um sentimento universal - Continuou a estrela. - mas a paixão é humana. Não é da nossa natureza.

—Eu sei. Por isso dói.

—Não... Sempre dói.

—Mas mesmo assim eles podem usufruir. Lutam por isso. Não pode ser tão ruim.

—Quanto mais pensar sobre, pior será.

O anjo ouviu um bater de asas ao longe, olhou pela janela. Passou uma cegonha carregando uma pequena bolsa feita de lençol em seu bico. Nesta bolsa havia um brilho e um som ecoado de choro de bebê distante.

—Seu novo protegido está para chegar. Vamos.

—Sim senhor.

O anjo se afastou alguns passos ainda a observando quando se virou para o céu noturno e levantou voo.

Enquanto ia em direção ao hospital, deixou cair uma lagrima. A lagrima tocou o chão.

Contos para Aquecer o CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora