Contos para Aquecer o Coração

Leviana

Victor é um dançarino. Em vezes, dançarinos são contratados para animar as festas, já que pode acontecer de ninguém querer ser o primeiro a ir pra pista. 

Estava com seu terno e dançava com sua parceira. Passado um tempo de festa, ela começou a passar mal. Victor a encaminhou para a organizadora da festa que a dispensou.

-E agora? Eu convido alguém do salão pra dançar?

-Não, não, não precisa, tem uma substituta.

-Certo, quem é?

-É ela bem ali.

Eu a conheço. Emilly é minha ex noiva. Discutimos devido a uma divergência de agenda que nos fez ficar meses distantes. Não era nem raiva, era só saudade, mas não tínhamos maturidade pra conversar. Essa discussão besta levou a brigas maiores e o termino do noivado.

Deve ser destino.

Um clima desconfortável nos rodeia quando nos cumprimentamos, mas a organizadora não deve ter notado. A ofereci meu braço e a acompanhei até o centro do salão. Começamos a dançar ao som de Leviana - Reginaldo Rossi.

Enquanto dançavam normalmente em silencio, Victor começou a declarar junto do cantor da banda a letra da musica. Era para ela, mas também era para ele.

Eu te amei.

-O que? 

Me entreguei.

-O que você ta fazendo?

Do jeito que ninguém jamais se entregou.

-Victor, agora não.

Amor igual ao meu jamais vai encontrar. Amar como te amo ninguém vai te amar.

-Como assim?

Por que você...

-Ai meu Deus.

Ficava sussurrando junto ao meu ouvido.

-Como é?

Mentiras misturadas com o seu gemido.

-Meu Deus, Victor!

E eu acreditava na sua palavra.

Leviana.

A partir deste momento e pelo resto da musica, Emilly ficou em silencio. Seu olhar variava dos olhos para os labos de Victor. Estava se lembrando dos bons momentos que um dia se esqueceu. Se lembrou daquele calor ardente que os dançarinos sentem quando não dançam pela profissão ou sim por si mesmos, mas com alguém.

Fazendo mil loucuras comigo na cama.

Queria acreditar que ainda me ama.

E apesar de tudo ainda sinto sua falta.

Leviana.

Dançaram essa e mais outras. Ao final da festa, com as musicas mais lentas, dançaram juntinhos. Quando a musica estava em seus acordes finais, se olharam e se beijaram.

-Victor, eu não posso fazer isso de novo. Eu já tenho viagens planejadas, hoje foi só uma coincidência. Eu não quero alimentar esse relacionamento de novo. Eu não posso.

-Eu sei.

-O que?

-Eu sei bem, eu te entendo. Eu acredito em destino, mas não que ele vai concertar tudo magicamente, mas que as vezes temos as oportunidades de terminar as coisas da forma certa.

Victor limpou uma lagrima que caia da bochecha de Emilly.