As aulas de francês

83 9 4
                                    

Sana se sentava igual mocinha, com as pernas cruzadas.

Os cabelos cor de fogo estavam retocados, sua roupa aparentemente confortável e como sempre um sorriso no rosto.

Sana pensava em viver enquanto Tzuyu queria se afundar em meio as chamas de seus fios, em uma maneira sem sucesso de se sentir em casa.

Nas aulas de francês a abelha continuava a parecer uma criação de sua cabeça. Não era possível existir um ser humano com traços tão delicados, ao mesmo tempo sem parecer uma personagem 3D de computador.

Sua pele brilhava quando o sol adentrava as cortinas. Nesse dia ela estava com vestimentas descoladas, exalando um ar despojado e ao mesmo tempo estudioso, com os dedos enrolando seus próprios cabelos enquanto mantinha uma caneta na bochecha.

Tzuyu poderia a desidratar de tanto olhar para ela.

A professora chamava sua atenção, causando olhares para si. Incluindo o de Sana.

Ela sorriu.

Idiota. Uma completa idiota.

Uma idiota por olhar para Tzuyu desse jeito tão...amigável. Pelo menos em sua cabeça.

No fim da aula, Sana provavelmente iria ao parque sozinha.

A japonesa gostava de música clássica e provavelmente iria levar alguma fita em francês, junto a um porta música. Tzuyu havia decorado todos os passos do seu dia.

Sua paixão pelo ambiente deixava seu ar com um gosto doce.

Junto a sua pele leitosa e cabelos alaranjados feito o outono.

[...]



14h30. Sana ainda não havia aparecido.

Sua figura havia sido substituída pela mulher misteriosa de cabelos castanhos, que dançava apenas com o som do vento forte e os montes de folhas acumulados ao seu redor.

Era esquisito, o clima estava diferente.

Os lábios ressecados lhe chamaram a atenção. Ela parecia estar dançando há dias.

Se aproximou.

Desesperada.

Os movimentos ficavam mais bruscos.

Seu peso também estava modificado, como se não se alimentasse há um tempo.

— Consegue me ver?

Nenhuma resposta.

"Shh! ela não sabe que as árvores são falsas!"

Quanto mais Tzuyu corria, mais a mulher ficava distante.

Até desaparecer.

Inferno. Teria que voltar na tarde seguinte.

POLLINE: Antes que as abelhas entrem em extinção.Onde histórias criam vida. Descubra agora