OLHOS COR DE ÂMBAR

94 2 1
                                    

Capítulo 1

LUCY

- Um chocolate por seus pensamentos – seu Duca disse me tirando de um tornado de lembranças.

- Estava pensando como tudo começou e acho que é hora de parar.

- Tem certeza? – ele perguntou me olhando e voltando focar na estrada. - Como já te falei em outras vezes estou com você, e enquanto achar que deve continuar vamos em frente, mas quando decidir que é hora de parar estou de acordo. Mas porque esse pensamento agora? Será que é porque estamos indo para perto da sua família? – seu Duca indagou.

- Tenho rezado muito esses dias e refletido se não é a melhor hora, ainda tenho vontade de ter filhos alguém para amar, e minha família só vejo pela tela de um notebook, nem amigos pude ter os últimos anos.

- E eu? – ele me cobrou com razão.

- Mas o senhor é mais que um amigo tem sido um pai, e acho que seus filhos tem razão quando dizem que tem de se aposentar.

- Não diga que eles estiveram colocando isso na sua cabeça?

- Não, tenho refletido sozinha mesmo, sinto falta da minha família e eles tem me cobrado muito para ir vê-los sem contar que dói continuar mentindo.

- Eu entendo você.

- E com esse empresário as coisas ficaram mais difíceis, estamos ganhando cada vez menos, daqui a pouco estaremos pagando para nos apresentar.

- Você tem razão. E quando pretende?

- Se o senhor estiver de acordo vou me despedir nessa cidade, lembra que foi aqui que tudo começou.

- Tinha esquecido. Você sabe que vamos ter de sair escondidos? Afinal o cara não vai nos liberar tão fácil, ainda bem que o contrato vence esse final de semana – seu Duca disse e lembrei de quando fomos renovar o contrato, a um ano atrás, seu Duca ameaçou sair por causa do valor da porcentagem que tinha diminuído e ele ameaçou seu Duca dizendo que se ele tivesse amor a vida que assinasse logo. - Vou articular para sumirmos sem ele perceber.

Seu Duca calou e pelo visto mergulhou nas lembranças, lembro como se fosse hoje.

- Lucy espero que entenda mas provavelmente teremos de vender seu cavalo – disse meu pai.

- Tem certeza ele é tão bom? – questionei.

- Não queria, mas se nos próximos meses as coisas não melhorarem será a única alternativa, ele é bem treinado poderemos pegar uma boa grana – ele explicou.

Me entristecia pensar em vender meu Ébano, tínhamos uma sintonia muito boa, conseguia fazer muitas acrobacias em cima dele, na época não sabia como chamava, depois com ajuda de seu Duca foi que descobri que se chamava volteio.

Uns dois anos antes seu Duca tinha nos visitado e me chamado para viajar pelo país com ele se apresentando em festas de peão, ele era uma amante dessas festa, então fazia de tudo para rodar o país de festa em festa.

Ainda naquela semana ouvi no rádio que uma companhia de rodeio ia vim para se apresentar na festa que acontecia na cidade todos os anos. Santa Cecília era conhecida por suas grandes festas do peão o que me fez crescer sonhando em um dia me apresentar com meu Ébano.

Estava decidida que se seu Duca aparecesse eu ia com ele. Seu Duca era muito amigo do meu pai, ele tinha sido criado junto com meu avô. Ele morava em outro estado mas sempre que podia vinha nos visitar. Era uma pessoa serena e depois que a esposa faleceu decidiu que ia viajar o país, se dizia apaixonado por conhecer cada cidadezinha. Ele tinha dois filhos que, quando ainda eram crianças, vieram com ele nos visitar. Eles não gostavam muito das aventuras do pai, mas respeitavam. O mais velho Diogo morava nos Estados Unidos e o mais novo Carlos continuava no Brasil.

Olhos Cor de ÂmbarOnde histórias criam vida. Descubra agora