𝐀𝐒 𝐌𝐀́𝐒𝐂𝐀𝐑𝐀𝐒 𝐐𝐔𝐄 𝐂𝐀𝐄𝐌

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Londres, 1998

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Londres, 1998

A chuva caía lentamente em uma tarde nublada, eram 16:30 da tarde e os bipes da máquina do hospital era o único som que se ouvia dentro daquela sala. Yor Briar se encontrava sentada em um banquinho, vendo seu irmão mais novo, Yuri, deitado naquela cama de hospital. Yor e Yuri eram dois irmãos órfãos, e a única família que o outro tinha. Os pais dos Briar foram assassinados por ladrões de arte quando Yor ainda tinha seus 10 anos de idade, e desde então trabalhava para se manter e o irmão mais novo. Trabalhou em diversos lugares pra conseguir pagar contas, dia e noite

As vezes a Briar virava noites por conta disso, e optava por deixar o pequeno Yuri nos cuidados de seu vizinho. Neuroblastoma, o nome de um câncer infantil raro. Yor nunca imaginou que conheceria essa doença e suas dificuldades, porém o destino decidiu ser cruel com ela e fazer seu irmão caçula ter a doença. A criança de 4 anos de idade teria que ser forte, e lutar pela vida. Com a descoberta da doença de seu irmão, Yor trabalhava três vezes mais pra conseguir pagar o seu tratamento nos melhores hospitais e tudo isso enquanto ainda era uma estudante do 9° ano.

Nesse momento, Yuri saiu de sua última cirurgia e os médicos conseguiram dar alguns momentos de vida para Yuri ter a oportunidade de se despedir da irmã, pois o menino não sobreviveria o pós-cirurgico, nem mesmo até o dia seguinte. Foi ali que Yor experimentou a pior dor do mundo. Yuri era uma criança... Tinha muito o que viver, queria vê-lo crescer e se tornar um belo rapaz.

- Irmã... - O menino suspirava com dificuldade, enquanto apertava sem forças a mão de Briar - Me deixe sentir o seu rosto - Yor se aproximou do menino, que levantou seu braço lentamente encostando a mão em seu rosto - Está chorando...

- É apenas impressão, meu amor. Não estou chorando. - Yuri era bobo, mas não era otário. Sabia que a irmã estava chorando pelo estado atual que se encontrava

- Não minta pra mim, Irmã - Dessa vez foi quase inaudivel, um sussurro baixissimo, sem nenhuma força. Ele...estava morrendo diante da irmã - Me promete que aprenderá a ser feliz mesmo depois de partir... Esse é o meu último desejo - O menino suspirou, encarando a irmã e fechando os olhos, enquanto a respiração ficava cada vez mais pesada e difícil, mesmo com a máquina o auxiliando. Aos poucos ele foi parando de sentir seus músculos, o som da voz da irmã foi ficando mais distante e ele sentiu os órgãos irem parando.

A máquina começava a marcar os batimentos mais devagar ainda...cada vez mais devagar e lenta. O som da máquina que saía, emitindo seus batimentos parava aos poucos... Até o som parar

- Yuri? Yuri! Por favor, abra os olhos, abra os olhos pra sua irmãzona por favor! - Ela dava leves tapinhas em seu rosto na intenção que ele acordasse - Meu amor... Acorde

Foi ali, que Yor desabou em lágrimas. Deitou-se no corpo frio do irmão, e começou a chorar. Mas o pior, era saber que não havia ninguém com quem ela pudesse partilhar a mesma dor, pois não tinha mais parentes e nem amigos. Carregava aquela dor sozinha dali em diante. Ela também sabia que aquela morte causaria um cataclismo em sua vida, refletindo em cada aspecto do seu ser, a modificando, a fazendo tomar uma direção imprevista. Talvez ela tenha sentido raiva disso. Isso atrapalharia sua vida, e ela não teria a chance de se opor. A dor viajaria por anos em seu corpo. Ela seria assombrado para sempre por todo o sangue.

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