Decidiu, a 18 de outubro, onde quando as folhas de pequenos parques já escureciam e caiam, que iria acabar com tudo. Mas antes, iria viver aquele dia como se fosse o último
(literalmente).
Tinha acordado muito cedo, por volta das 05.30 da manhã. A essa hora, já havia pessoas apressadas com afazeres da sua vida inútil que apitavam as buzinas dos seus carros.
Algo que Isabel nunca percebeu. Porque é que as pessoas vivem tão apressadamente? Porque
é que se saturam tanto com rotinas e horários? A verdade é que ela já se estava a tornar uma dessas pessoas. A vida adulta troca-nos as voltas, é certo.
Isabela tomou um banho quente e demorado. Afinal, o que tinha a perder? Nunca mais teria de pagar as contas da água. A seguir, vestiu um vestido florido e curto, um casaco de ganga comprido, umas botas pretas.Queria apanhar um metro qualquer, parar onde lhe apetecesse e tomar o melhor pequeno almoço da sua vida.
Colocou os auscultadores e
começou a ouvir a sua playlist de músicas favoritas. "Highway to Hell" dos AC/DC era a primeira música. Seria algum sinal do Spotify? Isabela já nem acreditava em Deus, muito pouco em vida depois da morte. Mas e se existir mesmo céu e inferno...? Naquele momento queria estar feliz, por isso tentou ignorar as perguntas que o seu subconsciente fazia repetidamente.
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um gesto infinito de amor
Romancesuicídio, desapontamento, vida adulta e uma pitada de amor... uma história com uma dor sufocante e um par de mãos fortes e firmes.