"Por que não a deixam em paz?"

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Farah's Pov

Acordo com meu despertador tocando e por forças desconhecidas consigo ter coragem para levantar de minha confortável cama.

Como um zumbi, ando em direção ao meu banheiro e se não tivesse acostumada com meu reflexo ao acordar, provavelmente tomaria um susto com minha visão. Escovo meus dentes e tomo um banho para vestir meu uniforme da escola.

Depois de arrumada, desço e encontro minha mãe terminando o café da manhã.

-Bom dia mãe. - dou um beijo em sua bochecha e me sento na mesa, não estava atrasada, logo teria tempo o suficiente para comer as panquecas preparadas sem correria.

-Bom dia querida, dormiu bem? - me responde colocando uma jarra de suco de laranja na minha frente.

-Uhum - digo de boca cheia, aquelas eram minhas panquecas favoritas, de mirtilos com morangos, simplesmente perfeito.

Depois de comer, olho o horário em meu celular e percebo ser 06:57am. Minha casa não era muito longe do infern- digo, escola, a ponto de não ser necessário ir de carro ou ônibus, então chegaria antes das 07:10.

-Tchau mãe, tenha um bom dia - aceno da porta e antes de a fechar ouço algo como "você também" e começo a minha caminhada não muito longa com meus fones de ouvido.

Minha vida na escola é... Difícil. Um grupinho de amigos me enchem o saco desde a 5° série do fundamental, com o tempo aprendi que a melhor forma de evitar eles é ficar quieta, assim eles não percebem sua presença e te deixam em paz, não que isso tenha exatamente funcionado comigo, mas o importante é que eu sei que se revidasse ou os respondesse seria bem pior.

Antes mesmo que eu percebesse, já estou em frente a escola, tiro meus fones e respiro fundo antes de entrar. Sempre encolhida em um canto escuro, é o que eu faço aqui, evita a atenção alheia, e esse é o meu principal objetivo até chegar a sala de aula.

Ao chegar em meu destino, a sala como sempre está vazia, exceto por uma pessoa na qual eu nunca vi, uma garota de cabelos curtos, rosas e raspados de um lado rabiscando provavelmente desenhos em seu caderno, seria uma aluna nova talvez...?

Não dou muita atenção a isso já que logo ouço o sinal e isso é o suficiente para me fazer sentar em meu lugar e esperar a aula começar

...

A primeira remessa de aulas havia terminado, o intervalo, vulgo o meu pior pesadelo, começava agora. Como de costume faço o máximo para me esconder em um banheiro ou algo assim, a escola não é o que eu chamaria de pequena então eu sempre faço o máximo para conseguir um lugar para passar despercebida, mas eles sempre, sempre, me acham, não importa onde ou quando, eles sempre dão um jeito.

-Então esse é o seu novo esconderijo, ratinha? - ouço a voz de Daniel, o "bruto" do grupo.

Antes que eu possa sair o mais rápido possível uma mão já tampava minha boca, e me imobilizava no lugar em que eu estava, Micaela percebi, a que mais me odeia... Mas eu nunca entendi o real motivo disso.

Meus olhos já estavam arregalados e com lágrimas o inundando. Amanda, o capacho de Micaela, sai de uma das cabines com um sorriso diabólico segurando uma das latas de lixo.

Ouço a porta ser trancada e logo Rodrigo aparece.

-Façam ela calar a boca dessa vez, na última quase fomos pegos por causa de seus gritos. - ele diz se juntando aos outros amigos.

-E você acha que eu não sei? - Micaela revira os olhos - você está começando a me irritar docinho - ela sussurra em meu ouvido.

-Coloque água no saco de lixo, que tal um banho com água aromatizada princesa? - Daniel diz enquanto ri e ajuda Amanda a misturar o lixo com a água das pias.

-Isso está se tornando entediante , só a gente vendo ela passando vergonha... Por que não fazer a escola inteira vê-la assim? - Micaela pergunta olhando diretamente para Daniel, ela sabia que ele aceitaria qualquer coisa que pedisse, ele gosta dela. Ela sabe disso e usa ao seu favor.

-Você sempre tem as melhores ideias, sim? Vamos lá fora.

Começo a me debater e resmungar sob a mão que ainda está na minha boca, uma coisa sofrer bullying entre eles, mas com a escola inteira vendo?

Me ignorando completamente eles apenas me arrastam para o corredor principal.

-Aqui vemos uma pequena rata fora de seu hábitat natural... - Micaela diz com falsa pena em sua voz.

-Como boas pessoas que somos, vamos resolver isso. - Amanda fala e na velocidade da luz Micaela se afasta no exato segundo em que Daniel joga a "água" em cima de mim.

As pessoas que haviam se juntado em volta da gente estava rindo com o meu vexame. Eu estava fedendo mas isso não chegava nem perto da vergonha que eu estava sentindo, aos meus ouvidos nada era maior do que as risadas, tão altas que quase me fizeram não escutar uma voz feminina e desconhecida dizer:

-Por que não a deixam em paz?

Inesperado - Sayurie & FarahOnde histórias criam vida. Descubra agora