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31 de outubro de 2005

O sol não parava de arder sobre a pele branca da menina de cabelos escuros, um clima consideravelmente bom, nem quente, mas também não estava frio. Era final da tarde, por volta das 16hrs quando resolveu caminhar pela cidade, estava cansada de ficar olhando o dia todo para cara de seu irmão consertando a moto de alguém.

Enquanto caminhava com ambas mãos no bolso da jaqueta preta leve, ouviu as sirenes de ambulância e, talvez, até de polícias, mas estavam a algumas quadras de distância da mesma, então nem se quer importou.

A brisa morna bateu em seu rosto, fazendo os cabelos castanhos da mesma voarem para todo seu rosto, era uma sensação boa, as folhas das árvores batendo uma nas outras, com uma melodia calma e serena. Logo um miado chamou sua atenção, os olhos da garota começaram a procurar por onde este som baixo vinha, e em instantes se deparou com uma gatinha linda de pêlos pretos parada, lhe encarando com íris amarelas.

- Ei lindinha, vem aqui. - a menina se agachou, chamando-a, era um tanto evidente que a pequena estava com o rabo machucado, já que em sua volta havia alguns pingos de sangue. - Deixa eu te ajudar. - ela foi se aproximando aos poucos, até a mesma, que deixou a moça acariciá-la.

Ficou ali por uns minutos, tentando pegar confiança da gata, para que assim pudesse ajudá-la. A morena tinha uma paixão por animais, poderia ser qualquer um machucado na rua, faria de tudo para tentar ajudar, seu pai costumava dizer que sua mãe era extremamente igual a si.

Em menos de um piscar de olhos, a bichana havia sumido de sua vista e pulando sobre uma lata de lixo, e se virando para si novamente miando, parecia que pedia para que a morena a acompanhasse. E logo com seus pulos atravessou um muro alto que havia ali, a garota não sabia exatamente o que iria encontrar ali atrás, talvez, fosse um ferro velho.

O que eu não faço por um gatinho, meu Deus.

Pensou antes de saltar na lixeira grande que havia ali, o cheiro de algo podre até chegava a incomodá-la, mas passou poucos segundos depois. Voltou seu olhar para cima, encarando o céu azul se misturando com o concreto sujo do muro em sua frente. Suspirou fundo, antes de se preparar para realmente alcançar o começo daquele muro, não pensou muito em como iria descer quando chegasse do outro lado, ou se, por algum acaso, fosse se meter em encrenca por estar invadindo algum lugar.

Deu graças a Deus por ter tido algum treinamento com seu irmão mais velho, que a ensinou como pular de lugares altos enquanto fugiam de seu pai, deu um leve sorriso ao se lembrar desse fato e de quantos joelhos ralados ela já não teve por ficar trepando sobre muros aleatórios.

Quando já estava no topo, olhou em volta estudando técnicas para descer dali e tendo a certeza que era um ferro velho. Então de onde estava saltou sobre o teto de um carro. Ouviu alguns gritos vindo de não muito longe de onde estava, parecia mais uma briga de gangues, mas deu de ombros, contanto que a gata estivesse bem, não havia mais nada a se fazer ali.

Logo o miado lhe chamou atenção novamente, desta vez vinha de dentro de uma lataria esmagada, porém, desta vez, haviam mais alguns bem fraquinhos e em conjunto. E a acastanhada foi até o local, se deparando com a gata cercada de pequenos bichanos de pelagem preta e cinza, todos aparentavam estar bem e saudáveis, eram tão pequenos que cabiam na palma de sua mão.

- Então quer dizer que você é mamãe. - sorriu, tendo um miado em resposta. - Eu vou te ajudar com esse seu rabinho, tá bom? - continuou, indo vagarosamente até a mesma.

A menina se sentou sobre o capô quebrado de algum dos tantos carros que tinham em volta de si, colocando a gatinha sobre seu colo, não se importava se o sangue sujaria toda a sua roupa, estava mais preocupada em manter a segurança daquela mamãe e seus filhotes. Analisou bem por cima o machucado, não era nada muito grave, mas não sabia se só com uma "atadura" iria resolver a situação.

Middle of the Night (Keisuke Baji)Onde histórias criam vida. Descubra agora