Se você espera a história de um adolescente que sofreu bullying, deu a volta por cima e agora é jogador de basquete ou qualquer uma dessas merdas, bem, não espere isso de mim.
Se você esperar isso de mim, te garanto que você vai se decepcionar mais que eu ao longo da minha vida.Meu nome é Klaus Keith (Odeio meu nome). Tenho 16 anos, pele bastante branca, cabelo exageradamente ruivo e olhos verdes, bem grandes. Olha, preço a Anne Shirley Cuthbert. Imaginativos e inseguros demais...
Nesse momento estou no celular na hora da aula, e com certeza não me orgulho desse comportamento, mas estou em uma aula com um professor super superchato! - Ainda bem que o professor tá pouco se ferrando para nós. Acho que se acontecesse um massacre na escola ele nem ligaria e continuaria dando aula.
Sim, tenho muitos pensamentos estranhos, mas sou um adolescente estranho.Sinto uma bola de papel vindo em minha direção e batendo na minha cabeça. Desligo o celular quando sinto o impacto, logo em seguida pego o papel que caiu no meu colo.
Abro o papel e está escrito: "É melhor prestar a atenção na aula, ou quer repetir de ano?" Olho pra carteira ao meu lado, e lá está, Johnny Vinny, meu melhor (e quase único) amigo.
Johnny tem minha idade, só que é mais alto. Tem pele negra, cabelos encaracolados e pretos e olhos castanhos. Particularmente, acho ele muito bonito, bem, a maioria acha.
Ele é bem extrovertido e legal. Eu queria ser mais como ele, mas nunca me senti inferior com ele, ele me faz bem.Sorrio de canto e volto a atenção pro professor, que está dando aula de Educação Sexual - Já me perguntaram se eu odeio sexo por ser assexual.
Que pessoas idiotas.Dá pra ouvir risos de alunos imaturos, e garotas romantilizando tudo.
Acho que é isso que tira o professor do sério.O sinal toca, amém para qualquer tipo de Deus que exista nesse mundo.
Um ateu dando graças, que ironia.Coloco meus fones de ouvido, ignorando o barulho dos alunos a minha volta. Logo saio da sala, não aguento ficar um segundo perto daquelas pessoas, urgh.
- Volte aqui! - Escuto pouco, porque estou com fone, mas dá pra reconhecer a voz de Johnny de longe.
Logo sinto sua mão sobre meu ombro. - Não me deixa aqui não!- Vem logo, antes que pegue uma doença dessas pessoas. - Brinco e ele ri.
- Tenho que te pedir um favorzinho!
Eu conheço muito bem a figura, ele não me engana.
- Você tem que cuidar da sua irmãzinha hoje, mas esqueceu que tem jogo da escola hoje né?
- Você lê meus pensamentos!
- Não, só te conheço. - Ajeito meu óculos. - E não, eu não posso cuidar dela hoje.
- Mas por quê?! - Ele me olha como um cachorro abandonado.
- Porque eu tenho que ajudar o clube de artes, lembra?
- Você não queria entrar pro clube?
De fato, quero! Mas acho que não sou tão bom.
- Era bobagem minha, nunca vou conseguir entrar.
- Tá, mas...
- Sem "mas"! - Interrompo. - Vou tentar achar outra coisa para fazer, algo que eu seja bom.
- Você ainda vai perceber que é bom em várias coisas! - Ele tenta me incentivar bastante, talvez ele tenha mesmo fé em mim.
- Obrigado, mas eu não vou cuidar da sua irmã. - Vejo o brilho de seus olhos sumindo como mágica, enquanto isso eu solto uma baixa risada.
Vou para a sala de artes, onde vejo pessoas pintando, desenhando, escrevendo, grafitando e etc.
- Olá, Klaus! - A professora de artes, Clara, me cumprimenta.
- Olá, srta. Clara. - A cumprimento.
Professora Clara tem cabelos longos, loiros e cacheados, ela é alta, olhos castanhos e usa uma jardineira azul.
- Vamos ver... Ah sim! Pode ajudar Derick Leslie? Ele está logo ali.
Ela aponta para uma pessoa alta, cabelo castanho claro que vai até o ombro, olhos azuis e um moletom com uma mistura das cores: rosa, verde e roxo.
Acho que deve ser um ano mais velho que eu.- Tudo bem. - Sorrio e vou até o ser.
Ele parece meio desconfortável, ou eu estou imaginando coisas.
- Olá, Derick, certo? - Lembro certinho do nome dele, mas resolvo perguntar para não parecer indelicado.
- Sim, e você é...?
- Klaus, assistente da srta. Clara. - Olha, nem pareço tímido, haha.
- Você também faz parte do clube? - Ele pergunta.
- Não, só ajudo. - Respondo. - Bom, o que gostaria de se aprofundar?
- Acho que pintura. - Ele responde.
Amo pintar, principalmente com aquarela.
- Tudo bem, te apresento um pouco daqui.
Ele assente, e então apresento tudo de tudo. É cansativo, mas é legal.
Queria ter a autoconfiança de todos daqui, mas sou inseguro demais até para fazer o que eu gosto. Como eu odeio isso em mim.
Terminamos a apresentação, e ele parece ter gostado.
- E então, o que achou? - Pergunto.
- Gostei bastante, mas não seu se tenho talento para estar aqui, com todas essas pessoas. - Acho que acabei me identificando com ele.
- Bem, se você está aqui é porquê tem algo a oferecer.
Não é mentira, se alguém vai atrás de algo ou se interessa, é porque tem valor.
- Ahh, acho que sim. - Ele solta uma fina risada. - Obrigada, Klaus.
- Não há de quê, Derick.
Ele não parece gostar da menção de seu nome julgando pela sua expressão.
- Se precisar de qualquer coisa, pode me avisar.
Nos despedimos e volto a minhas atividades normais, o que não é tão interessante para ficar discutindo.
Depois de algumas horas, terminou tudo que tinha para fazer, acho que posso descansar agora já que todos foram embora.
- Klaus, queria falar com você. - Clara me chama, e já sinto que fiz algo errado.
- Sim?
- Eu vi os desenhos e pinturas que você anda fazendo... Tem certeza de que não quer entrar pro clube?
- N-Na verdade... - Tudo bem, agora eu falo! - ... Estou bem na posição que estou. - Caramba, Klaus!
- Klaus... Eu vejo potencial em cada um dos alunos dessa escola, e eu vejo muito potencial em você, por que não tenta? Só um pouco pra ver se consegue.
Quero aceitar mais que tudo! Mas ainda tenho muito medo.
- ... Acho que posso tentar.
A professora da saltos de alegria, o que é engraçado, mas fofo também.
- Mas não sei se vou me sair bem. - Admito.
- Você já se sai bem, só precisa de confiança! - Ela da tapinhas nos meus ombros. - Posso pedir para a Alice te ajudar.
- Se não for muito incômodo.
Alice Bobby é a filha mais nova da srta. Clara. Ela é da minha sala, e admito, tenho um super crush nela desde o 9° ano, mas ninguém (Além de Johnny) sabe.
- Vou falar com ela depois, até amanhã!
- Até.
Saio de lá, me sentindo bem por ter alguém que acredita em mim que não é meu melhor amigo. Acho que posso ser bom nisso afinal.
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Estética - Mike Byers
Storie d'amoreQuando a vida parece perdida, pois ninguém pode ser mais como são ou desejam ser. 7 adolescentes reprimidos pelas pessoas a sua volta, começam a se expressar e ajudar outras pessoas a serem como realmente são. Recomendado para 12+