PESADELO INTERMINÁVEL

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Meu sono foi interrompido pelo choro de Lena. Ao tentar me levantar para confortá-la, apareci em um limbo entre escuridão e luz. Não chore, murmurei, acordarei logo e estarei com você. Me deixe dormir um pouco. Só não chore, por favor, está tudo bem. Eu cuidarei de você.

Abri os olhos.

Eu não estava deitada, mas sim de pé em meio a uma neblina. Comecei a andar em direção ao choro de Lena. Eu estava tão cansada, Alex, grogue, mas não podia deixá-la chorar. Precisava descobrir o que estava errado e consertar isso. Eu não aguentava ouvi-la chorar daquele jeito.

Fui parar em um cemitério. Estava cheio de pessoas. Suas formas eram cinza. Não conseguia ver seus rostos. Caminhei entre elas tentando entender por que eu estava lá. Que cemitério era esse que eu não conhecia? E por que o som do choro de Lena vinha de lá?

Eu a vi em pé na frente daquelas pessoas e me aproximei. Ela vestia preto. Lori estava do seu lado direito, Nia e Brainy no lado esquerdo. Ao lado de Lori eu podia ver Sam e você. Todos vocês estavam vestindo preto. 

Vocês eram mais fáceis de ver do que os outros, mesmo assim pareciam desbotados, como fantasmas. Eu conseguia ouvi-la soluçando embora Lena estivesse quieta. Está na mente dela, pensei. Minha mente e a dela são tão próximas que eu a ouvi. Corri em sua direção para fazê-la parar.

Parei em frente dela.

— Estou aqui! — eu disse.

Ela olhou para a frente como se eu não tivesse falado, como se eu nem estivesse lá. Nenhum de vocês olharam para mim. Estavam constrangidos com a minha presença e fingiam que não me viam? 

Olhei para mim. 

Talvez fosse minha roupa. Eu não a usava fazia muito tempo? Parecia que sim, mas eu não tinha certeza.

Olhei novamente.

— Muito bem — eu disse com dificuldades para falar. Minha língua parecia pesada. — Muito bem! — repeti — Não estou vestida corretamente. Isso não significa... — minha voz sumiu porque Lena continuava olhando para a frente. Eu poderia estar invisível — Lena, por favor — eu disse.

Ela não se mexeu e nem piscou. Estiquei minha mão para tocar seu ombro. Ela contraiu-se rapidamente, olhando para cima, seu rosto ficou pálido.

— Qual o problema? — perguntei.

O choro em sua mente aumentou subitamente e ela erguei a mão esquerda para cobrir seus olhos, tentando conter um suspiro. Senti uma dor dentro da minha cabeça. O que houve?, pensei.

— Lena, o que houve? — implorei.

Ela não respondeu e olhou para Lori. Seu rosto estava contraído, lágrimas corriam pela sua face.

— Lori, o que está acontecendo? — perguntei. — Por favor — Minhas palavras estavam confusas, como se eu estivesse bêbada.

Ela não me respondeu e olhei para Sam.

— Por favor, me diga — perguntei. Senti uma angústia. Sam soluçava baixo, esfregando dedos trêmulos na face, tentando afastar as lágrimas que caíam de seu rosto. Meu Deus, o que está acontecendo?, pensei.

Então, eu soube. 

É claro. O sonho! Eu ainda continuava nele. Eu estava no hospital sendo operada. Não, eu dormia em minha cama e estava sonhando. Enfim, não importa! A ideia varreu minha mente. O sonho continuava e agora eu estava incluído em meu próprio funeral.

Tive que me afastar. Eu não conseguia vê-los sofrer. Odeio esse sonho estúpido!, pensei. Quando ele iria acabar?

Foi horrível para mim ser rejeitada, quando justo atrás de mim, eu podia ouvir Lena e minha filha soluçando. Senti uma necessidade desesperada de confortá-las. Mas o que adiantaria? Em meu sonho, elas lamentavam minha morte. Que bem me faria falar se elas acreditavam que eu estava morta?

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⏰ Última atualização: Feb 16, 2022 ⏰

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