12. the plan

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As coisas na colina não podiam estar piores. Primeiro, havia a exigência de que Haechan agisse imediatamente contra as sombras. Segundo, os dois Jenos que não paravam de brigar um minuto sequer. E por fim, Jaemin.

O bruxo teve a audácia de adoecer naquele exato momento em que Haechan mais precisava dele. Não levantava da cama, estava se alimentando muito mal e nem ao menos se esforçava para beber um copo d'água.

Donghyuck estava a um passo de surtar e quebrar tudo o que encontrava pela frente. Só não o fazia porque Mark o impedia e lhe acalmava como podia.

Aconchegou suas costas doloridas no colchão e soltou todo o ar pesado que tinha em seu peito. Faltava apenas uma hora para que os líderes chegassem na colina e Haechan já não se sentia tão confiante e determinado como antes.

"Ei." - desviou sua atenção para o lado, encontrando Renjun de braços cruzados encostado no batente da porta.

"Ei." - sorriu levemente.

"Como você está?" - Renjun se aproximou e se sentou próximo ao corpo do Lee.

"Eu não sei." - Haechan suspirou, voltando seus olhos para o teto bem desenhado. - "Eu não tenho tempo para parar e saber como é que eu estou me sentindo. Eu só continuo e faço o que tenho que fazer."

"Você tem um tempo agora." - o mais velho sorriu. - "Vamos conversar...como antigamente."

O Lee sorriu também, fechou as pálpebras e relaxou o corpo. Suas mãos estavam unidas em cima de sua barriga e seus pés balançavam levemente. Em um rápido momento, se sentiu aquele velho Haechan, o adolescente que escrevia poesias e agia como uma criança.

"Eu sinto falta da minha mãe, Renjun." - Haechan sussurrou. - "Eu sinto falta do nosso apartamento bagunçado. Sinto falta de ir à escola com você, de ir ao Dave Jonas tomar café e ouvir música. Sinto falta de escrever e tomar sorvete em dias ensolarados, sem preocupações." - seu nariz passou a arder pela vontade de chorar.

"Se você pudesse mudar tudo, você o faria?"

"Eu faria." - abriu os olhos. - "Eu gostaria de ter conhecido o Mark em alguma cafeteria ou em um show." - sorriu. - "Gostaria que os meninos estudassem na mesma escola que a gente, então seriamos um grupo." - desviou o olhar para a janela, encontrando a águia dourada no parapeito. - "Gostaria que o Galadriel fosse só um babaca que foi comprar cigarros e não voltou mais."

Renjun riu juntamente com Haechan. Aquilo era bom, não sentia mais o peso do mundo sobre seus ombros.

"E eu? Não ouvi você citar o meu nome." - cobrou, vendo o mais novo sorrir novamente.

"Gostaria de ter feito aquela viagem que a gente sempre sonhou em fazer juntos." - Haechan esticou a mão para entrelaçar seus dedos com os do vampiro.

"Eu ia amar conhecer a torre Eiffel com você." - Renjun sorriu.

"Sabe qual era o meu sonho, Renjun?" - viu o amigo negar. - "Quando eu estivesse bem velhinho, eu iria morar em uma casinha bem simples no interior da França e escreveria minhas poesias ao lado da pessoa que eu amo."

"Você acha que isso não vai acontecer?"

Haechan desmanchou o sorriso e desviou o olhar para o teto. Renjun se arrependeu no mesmo instante quando notou o rostinho murcho do amigo.

"Veremos."

Mark suspirou pela décima vez naquele dia. Seus ouvidos chegavam a doer quando ouvia a voz de algum Jeno soar naquela sala. Não suportava mais aquelas brigas infantis, e pagava-se se perguntando onde estaria Haechan.

Dɑimônico | 𝑀𝒜𝑅𝒦𝐻𝒴𝒰𝒞𝒦Onde histórias criam vida. Descubra agora