um

17 2 0
                                    

O despertador tocou às sete horas em ponto como em todos os outros dias da semana, o barulho de xícaras e pratos eram audíveis no andar debaixo, a voz de minha mãe e de minhas irmãs também, e claro, os gritos em forma de latidos de Eros, o cachorro vira lata que minha irmã mais nova simplesmente arrecadou da rua num dia de chuva.

Era quarta-feira, um dos dias da semana que eu, particularmente, mais gostava.

E o gostar era mais como um "eu suporto esse dia e não sou tão mau humorado nele", não é como se eu amasse ter meus tímpanos derretidos pelo despertador e tivesse que me levantar da cama antes das onze, ter que conviver com outros seres humanos antes mesmo do meu cérebro decidir que era hora de despertar.

— Louis! — o primeiro grito do dia veio diretamente das cordas vocais em ótimo estado de minha mãe — Você tem dez minutos para levantar da cama, se arrumar, comer alguma coisa e sair por essa porta — uma colher, muito provavelmente, foi batida contra a mesa de madeira da cozinha — Pare já com isso, Phebs! - ela ralhou com Phoebe, uma das gêmeas e eu podia jurar que ouvi a risada de sua irmã, eu suspirei, nada como começar o dia da família Tomlinson — Agora, Louis!

Eu amava minha família, ela era um pouco grande demais para o pequeno salário que mamãe recebia no consultório dentário em que ela era recepcionista, mas ainda sim, a gente conseguia se virar com o que dava.

Principalmente com o fato de que eu e Lottie sempre dávamos um jeito de conseguir pequenos trabalhos aqui e ali para ajudar nas contas, porque se não, as coisas ficariam muito feias por aqui

Johannah, a matriarca da casa, havia se mudado para Chicago há uns bons doze anos, trazendo a mim e minha irmã pelo braço após assinar os papeis de um divórcio desgastante.

Mamãe simplesmente decidiu que era hora de mudar de vida e isso incluía mudar drasticamente para um lugar fodidamente longe de casa. Não que eu esteja reclamando, nem ao menos me lembro direito de como era na nossa antiga casa ou cidade, tudo que eu lembro é sobre chegar no aeroporto e pedir alguns trocados para comer um lanche.

É pois é, minha memória era uma merda.

Eu sou o filho mais velho, sendo seguido por Charlotte, ou Lottie, como ela prefere ser chamada, que é dois anos mais nova do que eu, e então mamãe conheceu um cara e eles namoraram por um bom tempo e ela engravidou novamente, e É CLARO que não bastava somente engravidar, ela tinha que parir duas garotas tão fisicamente iguais que você facilmente se perguntaria com quem você estava falando, Phoebe e Daisy estavam com seis anos recém completos e acredite em mim quando digo que as duas eram a reencarnação do capeta.

É sério, acredite em mim!

Eu amava minhas garotinhas, mas elas precisavam infernizar a vida de todo mundo como se somente suas vidas valessem a pena? Tinham dias que qualquer um ia preferir a morte do que ouvir mais uma briga sobre bonecas com cabelos cortados ou pintados com esmalte.

No fim, éramos uma família unida, não tínhamos a opção de não ser, era nós por nós, sempre foi e continuava sendo.

Mas voltando ao meu inicio de quarta-feira que é quase como o meu dia favorito porém não é, eu tive que realmente fazer quase tudo o que mamãe disse em menos de dez minutos, coisa que não fiz de fato, e claro, engolir um pedaço de pão com o que parecia ser pasta de amendoim apenas porque eu sabia que se não comesse nada agora, eu acabaria morrendo de fome em algum canto da escola e...

Ok, tudo bem, estou sendo dramático.

Estive pronto e alimentado depois de treze minutos e um discurso sobre horário e responsabilidade vindo diretamente de mamãe e sua xícara lotada de café preto extra forte.

Thief of Hearts || larry stylinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora