𝐂𝐫𝐨𝐰𝐞𝐝 - 𝐂𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟏𝟔

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Gritos passam pelos meus ouvidos em um longo anel

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Gritos passam pelos meus ouvidos em um longo anel. Um forte cheiro de fumaça permeia meu nariz. Meus pulmões sufocam e eu suspiro.

- LALISA!

Alguém grita meu nome. Um aperto se forma no meu peito e atrás das minhas pálpebras fechadas. Ele parece tão familiar. Tão magoado.

Jungkook.

Meus olhos se abrem. A neblina me envolve, espessa e sufocante. Eu não consigo nem entender minhas próprias mãos. Então, ao tentar mover meus braços, percebo que minhas mãos estão amarradas nas minhas costas. Eu esforço contra as amarras. A corda corta minha pele, mas não afrouxa. Algo pesado cobre meu peito, mas eu não consigo sair dessa nebulosidade.
Eu tento sentar. A dor explode na parte de trás da minha cabeça como se tivesse sido atingida. Eu gemo, e as memórias voltam.

Yugyeom. Aquele bastardo. Quem sabia que por baixo daquela personalidade refinada e sorriso encantador espreitava um monstro?

Ele machucou Jungkook?

Um terror profundo se instala no meu estômago enquanto eu fico com os pés bambos. Minha cabeça ainda lateja. Um líquido pegajoso escorre da parte de trás da minha cabeça para o meu pescoço. Meus ombros doem por estar amarrado em uma posição desconfortável. Sujeira cobre minha pele e insetos rastejam em meus braços e pernas, mas eles são a menor das minhas preocupações. Eu procuro freneticamente o meu redor, movendo-me de uma direção para a outra como se isso dissolvesse a névoa.

- Jungkook? - Eu chamo, mas minha voz sai em um sussurro trêmulo.

Sem resposta.

Lágrimas escorrem pelo meu rosto. Meus dentes batem como se estivesse resfriado.
Não.

Não vou chorar. Jungkook vai ficar bem.

Ele tem que estar. Eu já perdi muito até a morte. Ele também não. E, no entanto, não consigo evitar o transbordamento de lágrimas ou a sensação de afundamento no meu intestino. E se algo acontecesse com ele?

E se eu...

- Lalisa!

Meu coração dispara à vida enquanto ressuscito. - Jungkook!

O nevoeiro se dissipa e Crow aparece a alguns metros de distância. Embora envolto em fumaça, ele parece bem. Sem manchas na jaqueta de couro.

Eu quase caio de joelhos com alívio.

Ele está bem. Ele está vivo.

- Porra! - Ele corre em minha direção. Suas mãos grandes prendem meu rosto e ele me beija tão loucamente que me tira o fôlego. É desesperado, áspero e cheio de inúmeras emoções. Amor. Raiva. Alívio.

Semelhante ao meu alívio, mas muito mais intenso. Ele se afasta para descansar a testa na minha. Ele exala duramente enquanto eu tento recuperar o fôlego.

Mon Dieu.

Ele pega uma faca e corta minhas ataduras. Eu flexiono minhas mãos da dormência.
- Eu pensei que você estava morta. - Seu sussurro é tão doloroso quando ele fecha os olhos. - Eu pensei que você morreu naquela explosão.

- Estou bem. - Meus dedos afundam na parte de trás de sua jaqueta de couro enquanto eu me agarro a ele, precisando senti-lo vivo.

Não quero imaginar o cenário em que ele poderia morrer.

Uma sombra rasteja entre as árvores. - Brincadeira.

Meu corpo inteiro fica tenso com a visão de Namjoon. Ele está encostado em um tronco, braços cruzados e algum dispositivo pendurado em sua mão.

As costas do Jungkook ficam na posição vertical. Um olhar mortal se instala na profundidade gelada de seus olhos enquanto ele me enjaula atrás dele.

- Foi mal. Isso foi uma maquete, não a bomba de verdade. - Namjoon sorri, demônios girando em seus olhos.

Não acredito que nunca os vi antes. O francês dele é como os nativos, então nunca suspeitei que ele fosse inglês. Ou um assassino. Ou ele era tão bom em esconder sua verdadeira natureza ou eu estava entorpecida demais para perceber.

Ou ambos.

- A próxima será de verdade. - Namjoon levanta a mão, palma para cima, como se estivesse em promessa.
Jungkook me encara com uma expressão concentrada. Seus dedos e a faca vagam por todo o meu torso. Realização amanhece em mim. O peso amarrado no meu peito é uma bomba. Fios e luzes vermelhas piscando olham para mim como aquelas bombas que mostram em filmes de espionagem ou ataques terroristas.

Desta vez, vai me explodir.

Eu tremo incontrolavelmente.

Jungkook será explodido comigo. Isso é ainda mais aterrorizante do que a morte. Estou prestes a afastá-lo quando Namjoon diz com uma voz entediada.

- Pare com isso, Jungkook, ou vocês dois vão explodir.

Jungkook congela, soltando lentamente o colete e se virando para encarar Namjoon. - Que porra você quer, Namjoon?
- Que tal outro jogo? - Ele bate na têmpora como se estivesse pensando profundamente. - Precisão.

O corpo de Jungkook fica tenso quando seus braços prendem minha cintura. - Você e eu podemos ir a uma competição de tiro por horas e ninguém ganha.

- Quem disse que seria você e eu? - Ele aponta o dispositivo na mão para mim. - Ela será seu alvo.

Hã?

- Vá ficar no penhasco, Lalisa. - Yugyeom, ou Namjoon ou qualquer que seja o nome dele, ordena. - Vamos colocar algo em sua cabeça e ver se as habilidades de precisão de Jungkook ainda são boas.

- Ela não vai a lugar nenhum! - Gritos de Jungkook, seus dedos cavando minha pele com tanta força que dói.

- Estou cansado de repetir isso, mas tenho a opção de expansão aqui.

Namjoon sacode o dispositivo do que suponho ser o controle remoto. Tremores não deixam meu corpo. Meus dentes voltam a bater, mas tento me soltar do aperto de Jungkook. Ele não pode estar perto de mim ou a bomba o matará. Vou correr até o bastardo Namjoon e explodi-lo comigo. Se ele fez uma bomba terrorista, eu serei um kamikaze.

Apesar dos meus pensamentos lógicos e corajosos, o suor se espalha por toda a minha pele, formando um brilho espesso. O terror de perder minha vida agora que finalmente quero viver atrai minha espinha. Mas tenho que fazer alguma coisa. Eu não posso perder Jungkook.

- Deixe-me ir, - digo a ele.

- Shh. - Os dedos de Jungkook se aprofundam no meu lado, sua atenção em Namjoon.
- Por favor. - Estou uma bagunça chorando agora. Eu não quero deixá-lo.

Não quero cometer suicídio, mas o farei se isso o manter seguro.

-  Adoro quando você implora, enfermeira Betty. - Ele me lança um olhar de aviso. - Mas agora não.

- Apenas me deixe, maldito seja! - Eu bati em seu peito, derramando toda a minha raiva nele. Ele está tornando a missão kamikaze muito mais difícil. - Por que você não pode me deixar em paz?

Ele escova seus lábios nos meus. É curto e macio e tem gosto de rendição doce. Quando ele se afasta, seus olhos gotejam de carinho.

- Porque isso significaria me abandonar.

- Se você acabou de ser nojento.- Namjoon caminha até a beira do penhasco. Ele escolhe um galho e desenha uma marca X. - Fique aqui, Lalisa.

Meus dentes batem, não importa o quanto eu aperte meus lábios. Os braços de Jungkook me envolvem e, por um segundo, me sinto segura, como se nada me acontecesse. Deus. Por que ele não entrou na minha vida mais cedo, para que eu o preenchesse?

Eu levanto, enterrando meu rosto em seu peito. Se houver uma ressurreição, desejo encontrá-lo novamente para todas as vidas futuras.

- Você não teve nada a ver com a morte de sua mãe, - murmura Jungkook no meu ouvido. - Foi tudo no Namjoon. Não se culpe por isso. Além disso, pode haver algo... de qualquer forma, não é nada para você. Estou perplexa com a afirmação dele, mas um sentimento de culpa empurra meu peito. Eu tento olhar para ele, mas seus braços me envolvem com mais força. - Você confia em mim? - Ele sussurra no meu ouvido.

Eu aceno com a cabeça em seu peito, fungando. Mas ele não precisará testar minha confiança com suas habilidades de precisão. Vou levar Namjoon comigo antes mesmo do jogo começar.

- Quando eu empurrar você, fique abaixada.

É então que percebo que ele não estava apenas cavando os dedos do meu lado, ele estava mexendo em algo com o colete. É tão discreto que nem eu percebi. Abro a boca para perguntar, mas ele balança a cabeça. O que ele está planejando? Não importa. Meu plano é muito mais fácil e lógico.

- Você está vindo ou não? - Namjoon está mexendo no controle remoto novamente.

Jungkook pega minha mão na sua maior e me leva para onde Namjoon está parado, de pé, com um sorriso estúpido no rosto. Mas há um olhar vítreo no fundo dos olhos, robótico, desumano. Não consigo deixar de pensar que talvez tudo o que ele esteja fazendo seja por causa da droga que toma há décadas. Eu me sentiria mal pelo que meu pai infligiu a ele se ele não estivesse tão empenhado em machucar Crow e eu. Jungkook me coloca no X onde Namjoon marcou na beira do penhasco. Seixos escapam dos meus pés e caem na água escura abaixo. Ondas selvagens atingem as rochas gigantescas e fragmentadas. Mesmo que a bomba não me mate, a queda será. Meus membros começam a tremer novamente, e é preciso tudo em mim para não chorar.

- Não olhe para baixo, - murmura Jungkook , parado entre eu e Namjoon. - Concentre-se em mim. - Eu faço, e a suavidade em seus olhos azuis mansos me acalma.

Ele me considera com um profundo sentimento de desejo, como se estivesse searrependendo de tudo e de uma só vez. Quando desejei a morte na primeira vez em que o conheci, nunca pensei que acabaríamos aqui. Ou que ele estaria lutando contra a morte comigo.

- Je'aime¹⁶ - eu sussurro. Se eu não contar isso a ele agora, duvido que tenha chance. Suas sobrancelhas se apertam e seus lábios se abrem para dizer algo quando Xavier corta.

- Vá para a árvore, Jungkook e... - Tudo acontece muito rápido. Jungkook me empurra para o chão. A picada rasga um estremecimento de mim.

Então, o peso é retirado do meu peito. Meus olhos se arregalam quando vejo o colete na mão de Jungkook. Namjoon se lança para frente, mas Jungkook o bloqueia, empurrando a si mesmo e Namjoon em direção à borda.

- Não. Não! - Eu pulo para os pés trêmulos, soluçando.

- Fique abaixada! - Gritos de Jungkook, lutando para manter Namjoon sob sua garra.

- Não! -  Eu corro em sua direção, lágrimas borrando minha visão. - Não faça isso! Não!

- Minha vida nunca teve um propósito de qualquer maneira. - Jungkook sorri, segurando um Namjoon lutando no comprimento do braço. - É uma honra morrer por você, Lalisa.

- Nããão! - Eu grito, estendendo minha mão apenas para pegar o ar.

Jungkook e Namjoon caem do penhasco.

Meu coração afunda com eles.

Um buraco negro perfura meu peito e rouba minha respiração. Caio de joelhos perto da borda, pronta para segui-lo quando algo bate no meu pescoço.

É tão doloroso quanto a picada de uma abelha. Uma agulha?

O mundo fica preto.



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16: Eu te amo


*Devido algumas complicações de nomes de personagens, vamos apenas fingir que Yugyeom é um nome fake que Namjoon usou durante esse tempo pra se esconder.  Pensei em ajeitar os capítulos para mudar mas resolvi tomar essa decisão de fingir mesmo kskskssksk



𝐓𝐄𝐀𝐌 𝐙𝐄𝐑𝐎 | 𝐁𝐀𝐍𝐆𝐓𝐀𝐍𝐏𝐈𝐍𝐊Onde histórias criam vida. Descubra agora