• ────── ✾ ────── •𝕽𝖔𝖒𝖊̂𝖓𝖎𝖆, 𝕿𝖗𝖆𝖓𝖘𝖎𝖑𝖛𝖆̂𝖓𝖎𝖆
1562 𝖉.𝖈
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– Maraisa, abre a porta... – a voz grave de Fabrico reverberou pelo quarto escuro. Maraisa estremeceu, abraçando suas pernas, sentindo o sangue escorrer silencioso por entre suas coxas, manchando o tecido rasgado e sujo do vestido que um dia fora branco. A cada batida na madeira envelhecida da porta, seu coração acelerava em desespero.
Acabara de completar 20 anos. Considerada uma das mais belas jovens da região, ela já fora motivo de orgulho para sua família, que mantinha uma hospedaria simples, suficiente para manterem-se de pé. Isso foi antes... antes de sua irmã Maiara partir para a guerra e deixá-la sozinha, indefesa. Agora, sua beleza era sua maldição.
Naquela época, as mulheres deviam se calar e obedecer. As irmãs, embora idênticas na aparência, sempre foram diferentes. Maiara, com seus cabelos levemente avermelhados e uma personalidade ousada, nunca aceitava o destino que outros tentavam lhe impor. Quando seu noivo a traiu, não hesitou em romper o noivado, provocando um escândalo que ecoou por semanas. No dia seguinte, ela alistou-se nas tropas que partiam para lutar pelo território, numa guerra sangrenta contra os persas. Tudo por ordem da Condessa, filha do antigo conde, cuja crueldade era tão conhecida quanto a força de seu exército.
Maraisa, porém, ficara para trás. Ela jamais tivera a coragem de sua irmã. Sozinha, desamparada, caiu nas garras dos que a cercavam, sendo usada como moeda de troca para preservar o pouco que restava de sua família.
– Maraisa, por favor... prometo que não vamos brigar, que eu não vou mais tocar em você! – a voz de Fabrico, o ex-noivo de sua irmã, carregava uma doçura venenosa que a fez encolher-se ainda mais no canto do quarto. As palavras eram mentirosas, vazias. Seu corpo estava coberto de feridas, marcas de incontáveis noites de dor, sua alma despedaçada.
A desonra de sua família veio disfarçada de silêncio. Quando uma mulher recusa um homem poderoso, a humilhação é inevitável, e as consequências caem como um peso sobre os ombros dos que permanecem. A paz só retornara à casa quando seus pais concordaram com o arranjo sombrio: Maraisa teria que se submeter a todos os desejos de Fabrico e de seus aliados. A bela jovem se tornara a "propriedade" deles, uma prisioneira no corpo de uma meretriz.
Mas quem se importava? Aos olhos dos outros, ela era apenas uma prostituta, uma mulher que escolhera sua própria ruína. Nunca imaginavam que suas noites eram cheias de lágrimas, rezando por um fim pacífico, desejando dormir e nunca mais acordar.
Cinco anos. Cinco longos anos desde que Maiara partira, prometendo voltar. Dois meses, ela dissera, mas os meses transformaram-se em anos, e Maraisa, devastada, começou a duvidar se sua irmã sequer se lembrava de sua existência.
Agora, no escuro, Maraisa esperava. Esperava que Fabrico arrombasse a porta como fizera tantas vezes antes, arrastando-a para mais uma sessão de abusos na presença de seus companheiros. A cada noite dessas, seu desejo de morrer crescia, sufocante, engolindo toda esperança.
Mas, desta vez, algo estava diferente. Fabrico não forçou a entrada. Não houve a explosão de violência que ela temia. Em vez disso, o silêncio caiu pesado sobre o quarto. E então... ouviu.
Pela pequena janela, seus olhos buscaram ansiosos a fonte daquele som tão familiar. As tropas estavam voltando. Entre as armaduras, ela avistou... Maiara.
Ela finalmente voltara.
Mas será que, desta vez, sua irmã realmente a salvaria?
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𝓣𝓻𝓲𝓫𝓾𝓽𝓸
Vampiros• ────── ✾ ────── • Eles estavam de volta... O pior que tinham mais uma a infame condessa quer o tributo mais belo, ela apenas não esperava que sentisse seu coração bater depois de tanto tempo, ela tinha encontrado...e ela não vai deixa-la ir. ...