This world can hurt you
It cuts you deep and leaves a scar
Things fall apart, but nothing breaks like a heartEsse mundo pode te machucar
Te cortar profundamente e deixar uma cicatriz
As coisas desmoronam, mas nada quebra como um coraçãoNothing Breaks Like a Heart - Mark Ronson (feat. Miley Cyrus)
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Naquela noite Alafin vai até a cozinha, após o horário em que o coronel normalmente vai dormir, e encontra sua irmã
- Não – diz ela – eu não irei te ajudar com essa ideia estúpida
- Por favor, Alora – insiste Alafin – você sabe que eu não te pediria isso se não fosse importante
- Eu não vou te ajudar a entrar no quarto da filha do coronel – sussurra Alora, com medo de ser ouvida
- Alora...
- Não – Alora interrompe o irmão – não vale a pena arriscar o seu pescoço por causa daquela menina mimada
- Não é por causa da Alice – Alafin responde seriamente – é por causa de Joaquim
Alora fica em silêncio
- Eu preciso ter certeza que ela não dirá nada sobre ele – continua Alafin – é pela segurança dele
- Tá bom, mas nunca mais me peça algo assim
***
Alice estava junto com as irmãs no quarto de Agnes. Depois de um tempo conversando elas decidiram ir dormir. No corredor Lúcia e Alice entram cada uma em seu quarto. Após fechar a porta e se virar em direção a cama, Alice vê alguém parado no canto do quarto. Ela se assusta e quase grita, mas percebe que é Alafin e consegue segurar o grito a tempo
- O que faz aqui? – pergunta enquanto se recupera do susto
- Vim te ver – responde Alafin sorrindo
Ele se senta na cama
- Você é louco – ela olha para ele sentado em sua cama – e folgado
Ele sorri ainda mais
- Sai do meu quarto
- Senta aqui do meu lado – Alafin diz – temos um assunto sério para conversar
- Eu não me sento perto de escravos – diz Alice cruzando os braços – e sai da minha cama, não quero que você contamine nada
Alafin continua sentado e em silêncio
- E não temos nada para conversar – Alice continua
- Não diga nada sobre Joaquim para o seu pai – ele diz em tom de ameaça
Alice ri
- Estou falando sério
- Está me ameaçando?
- Alertando
- E que perigo o grande e poderoso Alafin poderia me submeter?
- Vários – ele dá um sorriso ameaçador – querida, você não faz ideia
- Não me chame de querida – Alice responde quando seu sorriso cínico vacila – eu não sou nada sua
- Pensei que outro dia você tinha dito que era minha dona
Alafin se levanta e caminha na direção de Alice. Ela se afasta até suas costas tocarem a parede. E então os dois estão a poucos centímetros de distância
- Disse isso porque você é um escravo da minha família – a respiração de Alice acelera
Alafin ri
- Eu sei – ele sussurra enquanto acaricia a bochecha de Alice – eu sei
Ele aproxima ainda mais seu rosto do dela. Alice percebe que Alafin está olhando para sua boca, então olha para a dele também. Com as bocas quase se tocando, Alice fecha os olhos e espera sentir os lábios de Alafin. Mas os lábios não se tocam. Ela abre os olhos e percebe que ele estava brincando com ela. Então Alice recupera seu autocontrole
- Irei contar ao meu pai que você invadiu meu quarto – diz com a respiração mais controlada – você irá para o tronco
- Nós dois sabemos que você não irá fazer isso – ele diz se afastando dela e colocando a mão na porta – está avisada
Então ele sai do quarto. Alice se senta no chão, escorada na parede. E pensa sobre o que aconteceu ali. E percebe que precisa ter mais autocontrole para lidar com Alafin
Na cozinha Alafin diz para Alora que deu tudo certo e Alice não contará nada sobre Joaquim
- Como conseguiu convencer a garota?
Alafin abre a boca para começar a responder, procurando uma maneira de não contar a verdade
- Não importa – Alora disse antes que Alafin pudesse dizer alguma coisa – eu preciso levar água para a Elvira e você precisa sair logo daqui
Alora pega uma jarra de água e sai da cozinha. Alafin caminha em direção a porta, mas alguém segura seu braço antes que consiga chegar nela
- Aprontando de novo, Alafin? – pergunta a pessoa que o segurou
Ele reconhece aquela voz. Alafin olha para o rosto severo de olhos escuros e frios. Sebastião o olha e dá um sorriso maldoso
Uns minutos depois Alafin está preso no tronco. Sebastião com um chicote na mão. Alafin solta um grito alto de dor ao ser atingindo pelo chicote. A cada chicotada suas costas doíam e ardiam mais. A cada grito ele se sentia mais fraco. Cada vez que o chicote encontrava sua pele, ele sentia seu sangue escorrendo das feridas. Quando ele não aguentou mais se manter de pé e caiu de joelhos, Sebastião riu. Uma risada fria e cruel, que mostra o quanto aquele homem é repugnante
Então Alafin olhou para a janela do quarto de Alice e a viu ali. Ela estava vendo o seu sofrimento. Ela era o motivo dele estar ali. Alice contara ao pai que ele invadiu seu quarto. E agora estava vendo o escravo ser chicoteado. Talvez até a morte. Apenas porque confiou que ela não diria nada ao pai. Ali Alafin percebeu que não podia confiar em Alice. Ela era mais indigna de confiança do que ele pensava. Provavelmente estava rindo do sofrimento dele. Ela é como o pai. Não têm nada de bom em Alice Arellano
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Sinal dos Tempos
RomanceNo final do século XIX, em uma cidadezinha do interior do Brasil, vive Lúcia, uma garota há frente de seu tempo e com um enorme desejo de liberdade, sendo obrigada a viver em uma época onde as mulheres não possuem a menor voz dentro da sociedade. Me...