CAPITULO 6.

12 3 1
                                    

Dei meu primeiro beijo aos doze anos

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Dei meu primeiro beijo aos doze anos.

Era um sábado de manhã. Eu estava parada em frente ao fogão, começando a preparar uns ovos mexidos. Não tinha ouvido minha mãe chegar na noite anterior, então deduzi que estava sozinha em casa. Eu havia acabado de quebrar dois ovos na frigideira quando ouvi a porta do quarto da minha mãe se abrir.

Ergui os olhos e vi um desconhecido saindo do quarto dela, segurando um par de botinas. Ao me ver diante do fogão, ele para. Eu nunca tinha visto aquele homem antes. Minha mãe estava sempre ficando com alguém novo, ou terminando um relacionamento. Eu fazia o possível para não atrapalhar, quer ela estivesse começando a se apaixonar ou sofrendo uma desilusão. As duas situações eram igualmente dramáticas.

Nunca vou esquecer o jeito como aquele homem olhou para mim. Foi uma encarada lenta, de cima a baixo, como se ele estivesse com fome e eu fosse um prato de comida. Foi a primeira vez que um homem me olhou daquele jeito. No mesmo instante senti um calafrio e voltei a atenção outra vez ao fogão.

— Não vai me dar oi? — disse o homem.

Eu o ignorei, na esperança de que ele fosse embora caso me achasse grosseira. Em vez disso, ele foi cruzando a cozinha e se debruçou no balcão junto ao fogão. Não tirei os olhos dos ovos mexidos.

— Tem para mim também?

Fiz que não.

— Só tinha dois ovos.

— Para mim está bom. Estou morrendo de fome.

Ele caminhou até a mesa e começou a calçar as botinas. Quando terminou, os ovos já estavam prontos. Eu não sabia o que fazer. Estava com fome e só havia dois ovos, mas ele estava ali, sentado à mesa, como se esperando que eu o alimentasse. Eu não sabia nem quem era aquele cara, caramba.

Passei os ovos para um prato, peguei um garfo e tentei sair da cozinha e correr para o meu quarto. Ele me alcançou no corredor, agarrou meu pulso e me imprensou contra a parede. — É assim que você trata as visitas?

Ele segurou minha mandíbula e me beijou.

Lutei para me desvencilhar. Ele tinha uma boca dolorosa. O restolho de barba espetava meu rosto, e ele fedia a comida podre. Mantive os dentes cerrados, mas ele foi apertando minha mandíbula cada vez mais forte, tentando abrir minha boca. Por fim, usei toda a minha força e o acertei com o prato de ovos na cabeça.

Ele se afastou e largou um tapa na minha cara.

Então foi embora.

Nunca mais o vi. Nunca soube nem o nome dele. Horas depois, minha mãe acordou e viu o prato quebrado e os ovos mexidos largados sobre a lata de lixo. Gritou comigo por ter desperdiçado os dois últimos ovos.

Desde esse dia não como nenhum ovo.

Mas já estapeei muitos namorados da minha mãe.

Conto isso pois quando saí do chuveiro, minutos atrás, senti um cheiro forte de ovo. O cheiro ainda paira no ar.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Feb 19, 2022 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Ossos do coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora