Dons

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Precisar, do latim precisus, no sentido de cortado, dividido, transformou-se em carecer e em ser necessário.

A menina de 20 anos precisava escrever, porque se dividiria se não o fizesse. E embora gostasse de se imaginar como uma escritora best-seller e com muitos fãs de todas as legiões, ainda não o faria adequadamente se apenas pelo dinheiro. Tinha muitos aclamados "dons": cantava, pintava, atuava, discursava em platéias, corrigia palavras e textos, conseguia pressentir as intenções das pessoas, embora não soubesse lidar com elas, e era facilmente adorada por cães, gatos e crianças. Entretanto, ainda se questionava em como desvendar os adultos. Estes queriam que ela vendesse seus dons "você é boa nisso", "você é boa naquilo", "pode te dar muito dinheiro se fizer dessa forma". Não entendia, afinal, suas ações eram espontâneas - bom, claro, dinheiro era bom -, mas nenhuma engrenagem criativa rodava ao seu redor, apenas escrevia, se não o coração se cortaria, cantava se não se fragmentaria, corria, rodopiava e não desistia, mas quando não pensava em fazê-lo. Seu único desejo que se adequava a perspectiva do mundo consumista era ensinar, "Pagarão por isso!" - "Mas pagarão muito pouco". Deus sabia que aquela profissão não se moveria a base de riqueza, mas de esperança. Era o suficiente para fazerem os olhos da adulta menina brilharem, mas não aos dos adultos, não se alimentavam do subjetivo como ela o fazia.

Ainda assim, ela precisava.




Autora: Olá, meus caramelos salpicados com amêndoa! Estão inspirados hoje? Aqui estou eu em uma manhã de terça-feira, sem ainda ter tomado o café da manhã, porque a ideia deste texto surgiu enquanto eu escovava os dentes. Então, escrevam sempre que precisarem. Espero que minhas palavras unidas de forma resplandecente ajudem.

Beijinhos, de sua magnífica e modesta autora.

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